O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) aplicou, nesta quinta-feira, 26 de janeiro, uma interdição cautelar no colombiano Andres Eduardo Oñate Carrillo, que era médico no Brasil após revalidação do diploma. Com isso, o registro do profissional está temporariamente suspenso, o que o impede de exercer a medicina no país. A decisão foi tomada em plenária por unanimidade. Carrillo é acusado de estupro durante procedimentos cirúrgicos e é investigado pela produção e armazenamento de material pornográfico infantil.
A medida é um recurso do Conselho para proteger a população e assegurar a boa prática médica no estado do Rio de Janeiro. Paralelamente a isso, o processo de Andres Carrillo está em andamento e corre em sigilo, seguindo todos os ritos obrigatórios do Código de Processo Ético-Profissional. As punições previstas em lei vão de advertência até cassação definitiva do registro.
O Cremerj tomou conhecimento do caso de Andres Carrillo pela imprensa na última segunda-feira, 16 de janeiro. No mesmo dia, foi aberta sindicância para apuração dos fatos. E, para garantir celeridade, a interdição cautelar foi aplicada pelo Cremerj, nesta quinta-feira, após plenária extraordinária de conselheiros. de acordo com a nota oficial do Cremerj.
Ouça no podcast do Eu, Rio! o depoimento do médico Walter Palis, conselheiro do Cremerj, sobre a suspensão do registro do anestesista Andres Oñate Carrillo e o processo disciplinar sobre os abusos de que o colombiano é acusado.
Colombiano teve prisão temporária mantida em audiência de custódia
A juíza Mariana de Tavares Shu manteve a prisão do médico anestesista Andres Eduardo Oñate Carrillo, durante a audiência de custódia realizada na tarde de terça-feira (17/1) na Central de Audiência de Custódia, em Benfica. Acusado de estupro de vulnerável durante procedimento cirúrgico em pacientes internadas em hospitais e de atos libidinosos com envolvimento de menores de idade, o médico foi preso na segunda (16/1) no apartamento dele, na Barra da Tijuca. O mandado de prisão temporária foi expedido pelo juízo da 31ª Vara Criminal da Capital e está dentro do prazo de validade.
A juíza ressaltou que “se o mandado de prisão é válido e a decisão que ensejou a sua expedição está inalterada, é vedado ao juízo da CEAC (Central de Audiência de Custódia) avaliar o pedido defensivo de relaxamento, liberdade ou substituição da prisão por outra medida, sob pena de usurpação de competência”. A magistrada acrescentou que “cabe à CEAC, portanto, avaliar tão somente a regularidade da prisão e a validade do mandado de prisão, além de determinar a apuração de eventual abuso estatal no ato prisional. Ante o exposto, sendo regulares o ato prisional e o mandato de prisão no caso concreto, e não havendo requerimentos de mérito formulado pelas partes, não há nada a prover”.
Mariana de Tavares Shu determinou também que o médico faça novo exame de corpo delito, em razão de marcas causadas pelo uso das algemas, e que a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) faça o acautelamento do preso em local que garanta a sua integridade física. Como Andres é nascido na Colômbia, o consulado do país será comunicado a prisão do médico.
Carrillo é suspeito de estuprar pacientes sedadas, durante cirurgias, em hospitais das redes pública e particular. A Polícia Civil informou que ele tinha o hábito de filmar o ato do crime e colecionar as imagens.
O colombiano responde também a inquérito por produção e armazenamento de cenas de abuso infantojuvenil. Foram encontrados nos equipamentos eletrônicos do médico mais de 20 mil arquivos com imagens de abuso sexual envolvendo crianças e adolescentes.
“A análise do material chamou a atenção pela gravidade e quantidade de arquivos, que incluíam até bebês com menos de um ano de vida”, informou a polícia, em nota.
As investigações começaram no mês passado, com o compartilhamento de informações entre o Serviço de Repressão a Crimes de Ódio e Pornografia Infantil (Sercopi) da Polícia Federal com a Inteligência do 2º Departamento de Polícia de Área (DPA) da Polícia Civil.
Os próximos passos da investigação incluem levantar todas as unidades em que o médico trabalha para encontrar novas possíveis vítimas, além de analisar o material apreendido.
Em julho do ano passado, o anestesista Giovanni Quintella Bezerra foi preso após estuprar uma mulher durante o parto no centro cirúrgico do Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Ele está preso e a justiça negou o habeas corpus em novembro.
Processo: 00067276420238190001
Fonte: Cremerj e Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro