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Performance cancelada pelo Governador será exibida em frente à Casa França-Brasil

Ato será uma forma de protesto simbólico pela proibição da exposição no local

Por Leonardo Pimenta em 14/01/2019 às 11:50:56

O protesto será nesta segunda-feira, às 18h, emfrente à Casa França-Brasil. Foto: Divulgação

O Coletivo És Uma Maluca, organizador da exposição Literatura Exposta, cancelada pelo Governador Wilson Witzel (PSL) no último domingo, fará na tarde desta segunda (14), às 18h, um protesto simbólico em frente à Casa França-Brasil (CFB). A exposição estava em cartaz desde o dia 5 dezembro e foi fechada para o público por exibir uma performance que conteria cenas de nudez.

A apresentação é uma críticaà ditadura militar e foi inspirada no conto "Baratária", do escritor Rodrigo Santos. O texto aborda a história de uma mulher torturada nos anos 60 pela ditadura, com baratas introduzidas em sua vagina.

Os idealizadores fizeram também uma instalação chamada "A Voz do Ralo É a Voz de Deus" que seria um bueiro com 6 mil baratas onde seria reproduzida a voz do Presidente Jair Bolsonaro, enaltecendo o Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, chefe do DOI-CODI, órgão de repressão da ditadura.

O Diretor da Casa França-Brasil, Jesus Chediak, já havia solicitado em dezembro do ano passado que a voz do Presidente Bolsonaro não fosse reproduzida e a mesma foi substituída por uma receita de bolo como era feito pelos jornais no período da ditadura.

"Fecharam nossa exposição um dia antes da data oficial como forma de impedir que as performances da finissage acontecessem. Comuniquei com antecedência o teor das performances à direção da Casa, foi autorizado e ontem à noite enviaram esse comunicado. Esse é o governo que temos. A arte vai sobreviver aos ignorantes" afirmou o curador Alvaro Figueiredo, através de uma rede social.

O Governador Wilson Witzel também se pronunciou através de uma rede social, alegando que "A Casa França-Brasil é administrada pelo Estado. Houve um descumprimento do contrato e a decisão do secretário de Cultura foi prontamente atendida. Temos que saber previamente o conteúdo a ser exibido em um local administrado pelo Governo, como está previsto em contrato".

O Coletivo És Uma Maluca emitiu a seguinte nota sobre o caso:

"O Coletivo És Uma Maluca lamenta profundamente o cancelamento da exposição Literatura Exposta, na Casa França-Brasil (CFB), onde faríamos uma performance no encerramento, neste domingo (13) à noite.

A proibição arbitrária por parte da Secretaria Estadual de Cultura nos causa perplexidade e imensa preocupação, pois mais uma vez estamos claramente sendo submetidos à censura. A performance que faríamos seria uma continuidade da proposta apresentada na instalação A Voz do Ralo e a Voz de Deus e já havia sido informada e aprovada pela CFB.

A situação é grave, pois indica mais um atentado à produção simbólica e cultural, dentro de todo o contexto no qual entramos, há apenas duas semanas. Mais uma tentativa de silenciamento de vozes que provocam crítica e convidam à reflexão.

Como coletivo da Zona Norte do Rio de Janeiro, nós do EUM não vamos nos calar. Este trabalho é apenas o início de um processo que terá muitos desdobramentos e ações.

Por isso, convidamos a todos para fazermos um ato após a desmontagem da exposição, na segunda (14/01), às 18h, em frente à CFB. VAMOS REALIZAR A PERFORMANCE NA RUA!

Mais do que nunca, será importante a presença de outros coletivos, agentes culturais, artistas e pessoas em geral que também temem por esse grave momento pelo qual estamos passando."

A exposição Literatura Exposta fazia também apresentação de trabalhos literários elaborados por escritores da periferia do Rio de Janeiro.

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