Disputa pela presidência da Alerj promete ser voto a voto

Até poucos dias atrás, o deputado estadual Rodrigo Bacellar (PL) era o único candidato anunciado para a presidência da Alerj pelos próximos dois anos. Porém, na última semana, surgiu o nome de Jair Bittencourt, da mesma sigla, apoiado pelo presidente regional da legenda, deputado federal Altineu Côrtes, enquanto Bacellar tem apoio do governador Cláudio Castro (PL). Bittecourt, considerada uma pessoa de mais diálogo que Bacellar entre os pares, tem a simpatia de parlamentares da oposição, principalmente da esquerda, como os do PSOL. Pela apuração do Portal Eu, Rio! entre os deputados na posse ocorrida ontem (01) no Palácio Tiradentes, a disputa está acirrada e eleição será decidida voto a voto nesta quinta-feira (02), na primeira sessão plenária de 2023.

Bacellar não se considera favorito e prevê uma disputa dura. “Não sou favorito. O jogo só acaba quando termina e desliga o VAR (em referência ao sistema que verifica jogadas polêmicas no futebol). Vou ao pleito com muita tranqüilidade, respeito, trabalhando. Acho que a gente tem um bloco de parlamentares muito sólido. O pessoal entendeu que queremos fazer uma presidência, se for vontade da maioria, de uma maneira muito respeitosa, plural, respeitando o governo, mas não abrindo mão do nosso dever principal, que é fiscalizar. Pode ter certeza que a gente vai trabalhar até o fim do jogo. Que vença o melhor! Eu dialogo muito bem, sou amigo de todos. Apesar de eu estar no PL, a minha origem é toda no movimento sindical”, disse Bacellar.

Já Jair Bittencourt prega uma Casa Legislativa mais independente do Governo do Estado. "Precisamos ter uma Alerj democrática, independente, um local de debates. Isso precisa ser preservado. Uns são situação, outros oposição, mas o respeito no exercício dos mandatos é fundamental. Tenho a certeza de que teremos uma excelente legislatura", afirmou Bittencourt, que teria acordado com parlamentares de oposição a presidência de comissões da Assembleia, como Direitos Humanos e Educação.

Durante a cerimônia de posse, muitos parlamentares apareceram com um adesivo com o desenho do rosto de Bacellar contendo a frase: “Fechado com Bacellar”. O vice-líder do Governo na Casa, Rodrigo Amorim (PTB), contabiliza que o liberal tem maioria dos votos que precisa para vencer a eleição.

“O nosso grupo tem mais de 40 parlamentares, inclusive de quem não faz parte da base governista. Criamos um grupo de Whatsapp com 40 deputados integrantes. Temos uma maioria sólida. Entre os quais, Vítor Júnior (PDT)”, citou Amorim. Sobre a chapa de Jair, comentou: “É uma chapa dissidente que surgiu nas últimas horas, que a gente respeita, mas acho esquisita essa união de deputados conservadores com deputados progressistas aqui na Casa. Porém, gente respeita, faz parte da democracia", ressaltou.

Filippe Poubel (PL) integra o grupo que apoia a candidatura de Jair Bittencourt. “Nós somos base do Governo Cláudio Castro. É natural da política estarmos articulando. Acho que a disputa vai ser bem acirrada. Isso demonstra que a Alerj tem pessoas com personalidade", observou.

A oposição, por sua vez, está dividida e há quem considere votar abstenção. Andrezinho Ceciliano (PT), filho do ex-presidente da Alerj, André Ceciliano, entra na Casa com a missão de continuar o legado do pai. “Assumimos o legado com uma responsabilidade bastante grande. Sobre a eleição da Mesa Diretora, nosso partido está conversando com outras bancadas. O PT não lançou chapa, mas, se Deus quiser, vamos estar na chapa vencedora”, disse.

Segundo a também petista Verônica Lima, o partido ainda está discutindo a questão. “A gente está num processo de discussão interna, que deve durar até esta quinta-feira (hoje, 02). Depois, vamos articular”, contou.

Ja Vítor Júnior disse que cumprirá acordos firmados. “A gente teve uma conversa com o governador Cláudio Castro, com a presença do prefeito Axel Grael e do ex-prefeito Rodrigo Neves. Firmamos ali um compromisso, junto com o presidente do partido, Carlos Lupi, de apoiar a candidatura de Rodrigo Bacelar”, confirmou.

O PSOL também deixou para se definir na última hora. “A gente está conversando. Está ainda tudo muito em aberto, até mesmo a abstenção”, falou Renata Souza.

Nas contas dos apoiadores de Rodrigo Bacellar, o deputado continua sendo o favorito para a disputa. Durante as negociações foi criado um bloco parlamentar de 13 deputados integrantes de partidos que elegeram poucos representantes. Juntos, o grupo teria a segunda maior bancada da Alerj, o que influenciaria a divisão das cadeiras das comissões.

Já os parlamentares ligados a Bittencourt afirmam já ter apoio de mais da metade da bancada governista. E, com os votos da oposição, a futura chapa alternativa já teria números suficientes para a vitória.