Nesta terça-feira (15), o Parlamento do Reino Unido rejeitou esmagadoramente o plano do Brexit, que a primeira-ministra Theresa May havia negociado por mais de 1 ano e meio com a União Europeia. O resultado foi uma moção de censura, convocada pelo Partido Trabalhista, de esquerda, que pode forçar eleições antecipadas e conquistar o governo.
A derrota foi considerada pela BBC como "a maior derrota de um governo em toda a história do reino", mergulhou o país em uma profunda crise política e enfraqueceu ainda mais sua liderança já frágil. Momentos após a votação, a primeira-ministra reconheceu que a coisa certa a fazer era testar se o governo ainda contava com o apoio dos parlamentares. Então, nesta quarta-feira, o Parlamento votará a moção de censura levantada pelo líder da oposição, Jeremy Corbyn.
Por 432 votos contra e 202 a favor, a Câmara dos Comuns rejeitou o pacto apresentado em maio, que agora tem prazo até a próxima segunda-feira (21) para apresentar um plano alternativo. O mais impressionante é que mais de cem parlamentares do partido governista se rebelaram e votaram contra a própria Theresa May.
Momentos após a votação, o líder da oposição trabalhista Jeremy Corbyn, apresentou uma moção de censura contra o governo conservador a fim de tentar forçar eleições antecipadas. May tentará explorar possíveis alternativas e abrir uma rodada de reuniões com os deputados, enquanto ainda lhe resta tempo.
As possibilidades de May superar este obstáculo são remotas. Tanto o Partido Nacionalista Escocês (SNP) quanto o Partido Liberal Democrata, aliados até então, indicaram que votarão contra ela. Por outro lado, o Partido Unionista Democrático da Irlanda do Norte (DUP), um parceiro fundamental dos Conservadores no Parlamento, insistiu em apoiar a Primeira Ministra.
"Está claro que a Câmara dos Comuns não apoia este acordo, mas a votação desta noite não nos diz nada sobre o que a Câmara apoia", disse May.
O fato é que no próximo dia 29 de março o Reino Unido sairá da União Europeia, de acordo com o prazo estabelecido pelo artigo 50 do Tratado de Lisboa. Se um acordo de saída não for ratificado ou uma extensão não for acordada, uma saída bruta e não negociada ocorrerá nessa data. E isso é precisamente o que May tentava evitar.
De acordo com o próprio Banco Central da Inglaterra, uma saída não negociada poderá reduzir o PIB (Produto Interno Bruto) inglês em pelo menos 10%, e o valor da Libra Esterlina em 30%, além de causar uma fuga de investidores, bancos e empresas.
Tanto o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, quanto o chefe do Conselho Europeu, Donald Tusk, conclamaram o governo de Mayà "esclarecer suas intenções". Tusk foi mais longe e sugeriu que, se quisessem, os britânicos poderiam parar o Brexit. "Se um acordo é impossível, e ninguém quer uma saída sem um acordo, então quem finalmente terá a coragem de dizer qual é a única solução positiva?", Escreveu ele no Twitter.
Num referendo em 23 de junho de 2016, os britânicos foram perguntados se o Reino Unido deveria permanecer ou deixar a União Europeia. A maioria- 52% contra 48%- decidiu que o país deveria deixar o bloco regional. Mas a saída não aconteceu de imediato, foi agendada para o dia 29 de março de 2019.
Brexit é uma abreviação para "British exit" (saída britânica, na tradução literal para o português). Esse é o termo mais comumente usado quando se fala sobre a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia.