O encontro entre o Presidente Jair Bolsonaro, e o seu colega argentino, Mauricio Macri, permitirá ao presidente argentino relançar o vínculo com o principal parceiro do Mercosul. O relacionamento até agora foi marcado pela crise institucional do Brasil e sua recessão econômica que empurrou a Argentina ainda mais para um buraco econômico. Vale lembrar que em seu primeiro mandato, em quatro anos, Macri lidou com três presidentes brasileiros.
O Brasil foi o primeiro destino que Macri escolheu como presidente eleito. Em 4 de dezembro de 2015, Dilma Rousseff ainda governava. Macri confirmou entre sorrisos "compromisso e amizade com o Brasil", apesar da proximidade do PT com o Kirchnerismo. Dilma devolveu o gesto e cerca de seis meses depois, quando visitou a Casa Rosada, em Buenos Aires. Dilma permaneceu 9 meses no governo antes de ser deposta do cargo através de um processo de impeachment.
O Chefe de Estado Argentino encontrou em Michel Temer um interlocutor mais amigável do que Dilma. O governo argentino evitou se manifestar contra o julgamento de Dilma, e destacou que todo o processo de impeachment era legal e que as instituições brasileiras estavam em pleno funcionamento.
Temer, em qualquer caso, encontrou em Macri um ponto de referência que lhe permitiu legitimar seu governo, e visitou Buenos Aires em sua primeira viagem para fora do Brasil em outubro de 2016. O presidente argentino devolveu o gesto e quatro meses depois.
Os dois presidentes encontraram-se em mais três eventos internacionais, como o G20 Hamburgo em 2017 e durante a posse do presidente chileno, Sebastián Piñera, e da reunião do BRICS na África do Sul em 2018. De fato, Macri compartilha muitas características com Temer, mas não tinham força política para avançar com grandes reformas econômicas, como a da Previdência.
Agora será a vez de Jair Bolsonaro, com quem eles já se comunicaram três vezes por telefone. O presidente argentino ligou para ele em 28 de outubro, quando Bolsonaro foi eleito presidente. O primeiro contato telefônico foi realizado doze dias antes, quando Bolsonaro já era o favorito para suceder Michel Temer. E em 14 de dezembro, Macri retornou para ligar para anunciar sua disposição para a reunião bilateral que acontecerá nesta quarta-feira (16).
O ex-capitão do Exército não se assemelha ao estilo liberal de Macri, que preferiu o tom e a liderança de Barack Obama, Justin Trudeau, Angela Merkel ou Emmanuel Macron. Bolsonaro, que parabenizou a vitória de Macri em 2015 sob Cristina Kirchner, tem um estilo mais agressico, como o Ministro do Interior italiano Matteo Salvini ou de Donald Trump, mas dá ao presidente argentino a chance se novos acordos bilaterais no momento que os Hermanos mais precisam.
Tudo indica que Macri encontrará em Bolsonaro um tutor. O presidente argentino partiu de Buenos Aires com a declaração de que não brigará economicamente com o Brasil, e que levantará a sua voz contra o regime de Nicolás Maduro, na Venezuela.
“Procuramos chegar a acordo sobre as áreas de cooperação e temas em que podemos avançar juntos para melhorar a integração e aumentar a produção, o emprego e a criação de valor em nossos países" Disse ao embarcar.
2019 é ano eleitoral na Argentina, e Macri almeja a reeleição. Mas a viabilidade de mais 4 anos de governo Macri, só será possível se Bolsonaro emplacar as reformas econômicas e da previdência no Brasil.