Logo no primeiro dia de aula, um tiroteio levou ao fechamento de 12 escolas na Vila Kennedy, na zona oeste da capital. No dia 14, um novo episódio no bairro fez cinco instituições de ensino suspenderem as atividades. Na Cidade de Deus, também na zona oeste, alunos de diversas unidades escolares ficaram sem aulas no dia 10 de fevereiro.
O Fogo Cruzado surgiu em 2016, inicialmente como um aplicativo desenvolvido pela Anistia Internacional, para monitoramento de tiroteios e seus impactos em centros urbanos. Convertendo-se em um instituto com uma gestão independente, em 2018, ele administra atualmente uma plataforma que reúne diversos indicadores sobre violência armada em diferentes municípios do estado.
Neste levantamento, foram consideradas ocorrências mapeadas em um raio de até 300 metros das instituições de ensino públicas e privadas durante o horário de aula. Na semana de 6 a 10 de fevereiro, houve ao todo 59 tiroteios na região metropolitana do Rio de Janeiro. Os 29 registrados no entorno de escolas e creches representam assim mais da metade do total.
A capital fluminense contabilizou o maior número dessas ocorrências. Foram 20, o que representa 69% do total. Também houve registros em Niterói (2), Duque de Caxias (2), São João de Meriti (2), Belford Roxo (1), Itaboraí (1) e Japeri (1). Ainda conforme o levantamento, 19 dos 29 tiroteios aconteceram durante operações policiais.
Em nota, a Polícia Militar do Rio de Janeiro informou que suas ações planejadas cumprem rigorosamente as determinações legais e são baseadas em informações de órgãos oficiais, como agências de inteligência governamentais e o Instituto de Segurança Pública (ISP).
"Os confrontos são provocados por criminosos fortemente armados que tentam impedir a presença do Estado em espaços públicos", diz nota da corporação. A PM informou que o índice de letalidade violenta de 2022 caiu em comparação a 2021, e que, no ano passado, efetuou mais de 34 mil prisões e apreendeu mais de 6 mil armas.
Já a Secretaria de Estado de Educação informou que a direção das unidades escolares possui autonomia para tomar as providências para assegurar a integridade física de seus alunos, professores e funcionários. Por sua vez, a Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro disse que, caso seja necessário, não hesita na suspensão das aulas com o objetivo de garantir a segurança de todos.
A pasta também disse que o Programa Acesso Mais Seguro, criado em parceria com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, instituiu protocolos para mitigação de riscos em unidades localizadas em áreas de conflito. Ele prevê, por exemplo, a possibilidade de oferta de ensino remoto em determinadas situações.