A brasileira Lilian Hostettler, radicada há 27 anos na Europa, faz sua estreia como “Musa do Salgueiro” na Marquês de Sapucaí, neste domingo de carnaval, com a emoção que veio do amor da mãe Dona Leda, apaixonada pela escola de samba da Tijuca. A empresária está no Rio de Janeiro ansiosa para integrar o elenco que ficou conhecido como referência marcante no carnaval carioca, com mulheres lindas espalhadas pela avenida com fantasias glamourosas, dando brilho aos desfiles do Salgueiro.
A escola de samba, que nos carnavais sempre ressalta o poder da raça negra, tem tudo a ver com a ancestralidade dessa mulher brasileira. Hostettler, na Passarela do Samba, vai fazer coro “A plena liberdade de viver” como cita o samba-enredo “Delírios de Um Paraíso Vermelho”, desenvolvido pelo carnavalesco Edson Pereira.
A empresária fica no Brasil até o final de março, quando vai inaugurar um lounge para 30 pessoas no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio. É uma extensão dos seus negócios na Suíça sob os cuidados da empresa La Atrevida. “No local, o cliente bebe um excelente vinho e degusta um bom tapa espanhol, enquanto escolhe uma peça de vestuário no melhor estilo”, explica.
A paixão vermelho e branca é uma herança afetiva da mãe, costureira de mão cheia, que morreu aos 54 anos de idade. “Ela era apaixonada pelo Salgueiro, mas nunca desfilou na escola!”, conta. Como se não bastasse a alegria de atuar no Sambódromo, o palco do maior espetáculo da Terra, tudo se completa em família com a participação da jovem Stephanie Hostettler, 20 anos, sua filha “Ela se junta ao coração da Acadêmicos do Salgueiro para defender a escola que sua avó amava”, se emociona.
A empresária, nascida no bairro do Grajaú e criada na Gávea, conta que guarda esse amor salgueirense deixado pela mãe e hoje segue desfilando pelo segundo ano. Agora faz sua estreia como uma das musas da agremiação.
- Mamãe amava o Salgueiro! Aos meus 12 anos de idade, ela me vestia de vermelho e branco e disputava com amigos um lugar no viaduto para ver um pouco da escola passar ao longe na avenida. Nossa condição financeira não nos permitia pagar a arquibancada naquela época, mas nosso coração vibrava lá na Sapucaí junto com a escola.
Hoje (19), por volta de 3 da manhã, a musa desfila no chão com a fantasia “Aurora dos Novos Tempos”, à frente do quinto carro alegórico. Já sua filha estará logo atrás como destaque em cima de um carro.
Às vésperas de entrar na avenida, Lilian confessa: “a emoção do desfile me contagiou e quero estar sempre presente na Marquês de Sapucaí”. E segue num tom quase poético:
- O carnaval é uma festa única, onde somos todos iguais. Quando ouvimos o som da bateria, dançamos com nossas fortes emoções à flor da pele, independente de cor, gênero ou classe social, afinal somos humanos. Na avenida, a força vem do hino da vitória, o samba-enredo do Salgueiro, que vai gritar forte: 'basta com todo tipo de preconceito!'