TOPO - PRINCIPAL 1190X148

Bolsonaro em Davos: Uma análise sobre o discurso

O presidente defendeu, sem muitos detalhes, uma maior abertura do mercado brasileiro ao exterior.

Por Kaio Serra em 23/01/2019 às 13:32:28

Foto: Christian Clavadetscher/WEF

O dia de abertura do Fórum Econômico Mundial foi aguardado com muita excitação. Jair Bolsonaro, fazendo sua viagem de estreia no exterior como presidente do Brasil, foi esperado para revelar sua visão de um "novo Brasil" perante as elites reunidas. Dada a ausência do presidente Trump e de outros proeminentes líderes ocidentais, Bolsonaro chegou à Davos com status de estrela principal.

Mas seu discurso decepcionou outros líderes de estado. Bolsonaro falou por pouco mais de 10 minutos, fazendo um discurso que foi caracterizado por observadores como “sem vida”. Como todos os outros líderes mundiais que estão em Davos, ele declarou que o país está “aberto” para negócios, mas ofereceu poucas informações sobre como dará essa abertura e como tocará as reformas que pretende aprovar.

No entanto, o mesmo discurso agradou investidores privados e cientistas liberais, ao insistir que seu governo iria "harmonizar a preservação ambiental com o desenvolvimento econômico tão necessário". Mas ele não fez segredo de seu desejo de expandir as terras do país para mais agroindústrias.

No discurso, o líder brasileiro defendeu ardorosamente a abertura comercial do país - "precisamos um do outro", admitiu - e melhorando o ambiente para fazer negócios. "Pedi ao meu ministro da Economia que fizesse o necessário para colocar o Brasil entre os 50 melhores países para fazer negócios", em comparação com a 109ª posição que ocupou na última pesquisa do Banco Mundial.

Contra as posições protecionistas que tradicionalmente são mantidas no Brasil, em reformas comerciais globais, Bolsonaro defendeu a integração do país com mundo "com uma defesa ativa da segurança jurídica e da Organização Mundial do Comércio", uma posição sem precedentes em um líder brasileiro. Ele também prometeu reduzir a presença do Estado na economia para tratar de uma reforma tributária e remover "todo preconceito ideológico para fazer negócios"

Ele saudou uma sucessão de recentes vitórias políticas direitistas ou de centro-direita na América Latina e argumentou que essa era a chave para um continente “grande e vibrante”.

"A esquerda não prevalecerá nesta região, o que é bom, penso eu, não só para a América do Sul, mas também para o mundo", disse Bolsonaro, colocando seus oponentes domésticos na mesma linha do regime na Venezuela.

Quando confrontado com essa retórica, o presidente da Costa Rica, Carlos Alvarado Quesada, ofereceu uma resposta diplomática. "Precisamos avançar sem consenso compartilhado", disse o líder de centro-esquerda durante um painel que também contou com os presidentes do Equador e do Paraguai. "Eu também acredito que qualquer extremo não vai beneficiar o mundo".

Por enquanto, o pêndulo ainda está na direção de Bolsonaro. Os investidores estão bastante empolgados com sua administração e a opinião pública ainda está firmemente a seu favor.

Essa popularidade podia ser sentida até mesmo nas ruas cheias de neve de Davos. Dezenas de partidários de Bolsonaro fizeram uma jornada aos Alpes suíços, na esperança de obter vislumbres de seu novo líder por meio de um emaranhado de pessoal de segurança e postos de controle. Muitos não conseguiram ver nem mesmo um traço da delegação de Bolsonaro

De fato, o discurso de Bolsonaro foi um pouco decepcionante, já que haviam muitos detalhes sobre os quais seriam interessantes aos investidores públicos estrangeiros ouvirem, mas a verdade é que as metas estabelecidas pelo governo têm sido encorajadoras.

 

POSIÇÃO 3 - ALERJ 1190X148POSIÇÃO 3 - ALERJ 1190X148
Saiba como criar um Portal de Notícias Administrável com Hotfix Press.