O coração bate mais forte neste mês de Copa do Mundo. Em todo o planeta afloram emoções e paixões. Quando a “redonda” rola nos gramados todos ficam de olhos nas telinhas, telões ou presentes nas Arenas. No País do futebol não é diferente, são 207 milhões de torcedores espalhados pela pátria de chuteiras. Revoluções por minuto acontecem num drible desconcertante, numa bola na trave e na hora do gol, o clímax desse espetáculo.
“Que coisa linda é uma partida de futebol ...” diz a frase da canção do Shank, uma celebração ao esporte mais popular do universo. Um turbilhão de sensações se espalha dentro e fora do campo. Cada pessoa age e reage de forma particular nesses instantes eternos, doloridos às vezes, mas também inesquecíveis e plenos de alegrias.
O sistema responsável por essa química na mente e no corpo é o límbico, que regula as emoções através de uma rede de neurotransmissores (células nervosas que fazem o elo entre os neurônios). Essas ligações produzem estímulos de excitação ou inibição, sensação de prazer ou tristeza. “Mina, Nima e Nalina”, que não são as Caravelas do descobrimento, a saber, dopamina, serotonima e noradrenalina, são substancias capazes de potencializar nossas experiências numa partida de futebol positiva ou negativamente. Tensão muscular, suar frio, roer unhas, são algumas situações físicas geradas devido a expectativa relativa a determinado lance. “Torcer em si faz muito bem a nossa saúde emocional, esse é o momento de jogar para fora as tensões do dia a dia, liberamos boas tensões nas vitórias e nos resultados negativos entendemos a derrota aproveitando o momento com nossos amigos e parentes próximos”, explica o psicólogo clinico, Leonardo Afonso, 31, especialista em terapia cognitiva comportamental.
O auxiliar administrativo Lucas Gomes, 24, para não perder nenhum lance prefere ver as partidas sem comer qualquer coisa, atenção total. “ Me desconcentra parar para me alimentar, só depois; durante a partida eu não consigo”, com a camisa da seleção ou do seu time de coração e de jejum. Fome apenas de gols do nosso ataque. Contrariamente a Lucas, o empresário Alexandre Azevedo não abre mão de fazer uma boquinha e torce comendo uma pipoquinha, diz que tem um motivo para esta dieta peculiar. “ Para tirar os caroços do dente, funciona como uma terapia, ajuda a relaxar” (risos), acrescenta o Cruz Maltino Alexandre.
Já para Rafael Marques, 40, Coordenador de Esporte Rádio Globo CBN, no Rio de Janeiro, torce por duas nações, Portugal e Brasil, respectivamente. Em jogos da seleção Portuguesa usa cachecol com as cores de Portugal e Brasil, camisa retrô e uma tiara, presente do radialista Edson Mauro trazido direto de Lisboa. “ Não falo com ninguém durante o jogo, especialmente em partidas de Portugal, mexem comigo pela minha origem Portuguesa ”. Espaço para o Fado e o Samba, mistura deliciosa da cultura Brasileira e Lusitana.
Conforme a competição avança e a equipe segue, fica estimulante torcer, isto até para quem não se liga para esportes, ocorre um contágio emocional coletivo. Uma onda nacionalista aflora nos países participantes do evento. O psicólogo Leonardo ainda nos alerta para o perigo dos exageros, desânimo ou tristeza que podem influenciar perda de produção no trabalho, problemas pessoais e, em último caso, agressões verbais ou físicas. “Emoção não podemos controlar, mas o comportamento desencadeado por ela, sim. Afinal de contas essa química acontece com todos nós”, completa o torcedor do Botafogo.
Nos estádios da Copa da Rússia, temos vistos a paixão genuína dos torcedores exalando seu amor ao seu país. O canto encorpado dos Argentinos, que se despediram ontem da competição. As palmas do trovão da torcida irlandesa, ontem também replicadas pelos portugueses, não deu certos para ambas equipes, mas deram um show. O histórico gol do Panamá contra a Inglaterra, na derrota por 6 a 1, na sua primeira participação em mundiais, marcado pelo Zagueiro Baloy, que veio as lágrimas. O bom exemplo de torcedores do Brasil recolhendo o lixo nas arquibancadas dando exemplo na partida entre Brasil e Costa Rica. As penalidades máximas entre as donas da casa e a poderosa seleção espanhola, a explosão de 80 milhões de expectadores no estádio. Em canções, gritos, batucada ou calados, zoando nas redes sociais, coladinho na transmissão de rádio, cada torcedor externará seu amor a sua seleção fazendo a festa na Rússia, em todo o Brasil e no mundo redondo como uma bola.