Um processo que tramita na 2ª Vara Criminal de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, revela quais são os principais integrantes do tráfico de drogas na Cidade de Deus. O bando foi denunciado em 2016 mas só um dos acusados está preso.
A Cidade de Deus foi apontada em levantamento da plataforma de dados Fogo Cruzado como o quarto bairro com mais confrontos no Rio de Janeiro em 2018, ficando atrás da Vila Kennedy e Praça Seca, também na Zona Oeste, e do Complexo do Alemão, na Zona Norte. Segundo a pesquisa, foram 257 tiroteios/disparos de arma de fogo no local no ano passado com ao menos 23 mortos e 14 feridos.
Segundo os autos, a principal liderança do crime na comunidade é Edvanderson Gonçalves Leite, o Deco, que foi preso em 2016 e solto no ano seguinte, tendo voltado ao comando do tráfico. Outro chefão da favela é seu irmão, Éderson José Gonçalves Leite, o Sam, que encontra-se preso, mas não é reu neste processo. Deco é assessorado pelos gerentes das localidades da Cidade de Deus como Karate, Favela 15, Apartamentos/APS, Rocinha 02, Itamar e Treze e que são devidamente identificados no processo.
Um de seus comparsas se deu mal recentemente. Wagner Andrade da Silva, o Galé, foi preso em novembro no Hospital Salgado Filho no Méier, na Zona Norte. Ele gerenciava o tráfico no Karatê. Mas o local não ficou sem comando, que está a cargo de Leandro de Souza Santos, vulgo Butuca.
Carlos Henrique dos Santos, o Carlinhos Cocaína, é responsável pelo tráfico nos Apartamentos. Em maio do ano passado, a polícia descobriu uma casa usada pelo bandido em um condomínio de luxo em Jacarepaguá. A residência tinha dois andares, piscina, churrasqueira e foi avaliada em R$ 1,5 milhão. A casa seria usada como esconderijo durante operações na Cidade de Deus.
Luiz Augusto Ribeiro Vilhena, o Tomé, é apontado como o terceiro homem na hierarquia do tráfico de drogas da Cidade de Deus, estando apenas atrás apenas de Deco e Sam.
Sobrinho de Deco e Sam, Weverton Rodrigo Gonçalves de França, vulgo RD, é o gerente do tráfico na localidade conhecida como Itamar. Leonardo Martins da Silva Júnior, o Pula-Pula, é o responsável pelas bocas de fumo da localidade conhecida como Barraco da Madeira.
Marcos Vinicius de Oliveira, o Vinicinho da 13, é apontado como o encarregado por toda a venda de drogas na Treze. Já Jardel Teixeira de Oliveira, conhecido na comunidade apenas como Jardel, é citado no processo como sendo o gerente do tráfico de drogas na localidade da 15.
Todos são ligados à facção criminosa Comando Vermelho (CV) e foram responsáveis por inúmeros ataques às bases das já extintas UPPs (Unidades de Polícia Pacificadoras) da comunidade.
De acordo com o Ministério Público, esse grupo impõe ordens e restrições aos moradores da comunidade, como toque de recolher, se valem de armas e diversos meios de intimidação, além de inibirem o trabalho contínuo da polícia, instituindo verdadeiro poder paralelo alheio aos poderes do estado.