Pacientes de Parkinson sofrem com discriminação e dificuldades para realizar tratamento

O mês de abril é dedicado à conscientização da doença de Parkinson, simbolizada pela cor vermelha e pela flor tulipa. A data de 11 de abril é o dia mundial da conscientização da doença e é importante ressaltar que muitos pacientes ainda sofrem com discriminação e dificuldades para realizar o tratamento, já que o medicamento não tem um preço tão acessível, apesar do desconto viabilizado pelo SUS.

De acordo com o coordenador do serviço de neurocirurgia funcional do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Kleber Duarte, o Parkinson é uma doença que se inicia unilateralmente e, progressivamente, acomete os dois lados do cérebro de forma assimétrica. “Há uma forma de Parkinson em que há o predomínio de tremor, além de outros sintomas, como a lentificação dos movimentos e a rigidez. E há outra forma em que a pessoa não treme, mas os movimentos são lentos, o corpo é rígido e a postura curvada.”

Kleber Duarte, neurocirurgião: duas formas da doença. Foto: Divulgação

Para alguns casos da doença, é indicada a cirurgia, mas a Estimulação Cerebral Profunda (Deep Brain Stimulation – DBS) é um tratamento eficaz e aplicado em diversos distúrbios do movimento, como a doença de Parkinson, distonia, tremores e a síndrome de Tourette. Com o crescimento recente da terapia e novos níveis de evidência, neurologistas e neurocirurgiões serão cada vez mais confrontados com o manejo desses pacientes no dia a dia.

De acordo com Organização Mundial da Saúde (OMS), o Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa que mais acomete a população mundial: 1 caso a cada 500 pessoas. Existem aproximadamente 4 milhões de pessoas no mundo com a patologia, o que representa 1% da população mundial a partir dos 65 anos. Com o aumento da expectativa de vida e o envelhecimento da população, o número pode dobrar até 2040.

A doença foi descoberta pelo médico James Parkinson em 1817, sendo chamada de Paralisia Agitante. Anos após a morte de Parkinson, o neurologista Jean-Martin Charcot homenageou o médico, sugerindo o nome da doença ao profissional falecido. A tulipa foi definida como simbolo da Doença de Parkinson, porque um floricultor holandês, portador da doença, nomeou a James Parkinson uma nova variedade de tulipa vermelha.

A doença pode causar diversos sintomas, os principais para definir o diagnóstico são: lentidão, tremores, rigidez e alteração postural. Ainda sem cura, a doença pode ser tratada com a combinação de diferentes abordagens, que incluem medicamentos, cirurgia, terapias e atividade física, entre outras.

A pesquisadora aposentada Danielle Lanzer , 47 anos, doutora em Ciências, recebeu o diagnóstico de Parkinson aos 36 anos de idade. Com o choque da notícia, chegou a pensar que não suportaria e entrou em depressão profunda. Ao conhecer outras pessoas jovens com o mesmo diagnóstico e as mesmas dificuldades e enfrentamentos, idealizou o projeto "Vibrar com Parkinson", que vem há oito anos divulgando informações com o intuito de auxiliar na melhoria da qualidade de vida das pessoas com a patologia.

Danielle Lanzer: "Vibrar com Parkinson". Foto: Divulgação

O projeto tambem visa conscientizar a população sobre a doença para combater o preconceito e a discriminação. “Infelizmente, ainda há muito a ser feito em relação aos cuidados das pessoas com Parkinson. A doença já te limita de tantas maneiras e a sociedade não está pronta para lidar com nossas dificuldades. Já fui chamada atenção por estar em uma fila preferencial! São pequenas coisas que tornam nossa luta ainda mais difícil. O projeto tem o intuito de 'abraçar' pacientes, familiares e amigos”, finaliza Danielle.