O Diário da Câmara dos Deputados publicou, nesta terça-feira (29/01), o comunicado de renúncia do cargo feito pelo deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ). O parlamentar iria assumir o seu terceiro mandato na Casa, no dia 1º de fevereiro. Em carta anexada ao ofício que endereçou ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na última sexta-feira (25/01), Wyllys alegou que tomou tal decisão em virtude das ameaças de morte que ele e sua família vêm sofrendo nos últimos anos.
A carta escrita por Wyllys foi endereçada originalmente à executiva do PSOL e aos companheiros de partido. No texto, o deputado diz que não deixa o cargo de maneira irrefletida. “Foi decisão pensada, ponderada, porém sofrida, difícil”. “Minha vida está, há muito tempo, pela metade, quebrada, por conta das ameaças de morte e da pesada difamação que sofro desde o primeiro mandato e que se intensificaram nos últimos três anos, notadamente no ano passado”, escreveu o deputado.
Em outro trecho da carta, Wyllys diz: “Todo esse horror afetou muito a minha família, de quem sou arrimo. As ameaças se estenderam também a meus irmãos e a minha mãe. E não posso e nem devo mantê-los em situação de risco. Da mesma forma, tenho obrigação de preservar a minha vida”.
O deputado fluminense se queixou do Estado e da Polícia Federal, os quais, segundo ele, se omitiram em relação à decisão da Organização dos Estados Americanos (OEA), que reconheceu que Wyllys estava correndo risco de vida. “Mesmo diante da medida cautelar que me foi concedida pela Comissão Interamericana dos Direitos Humanos, da OEA, o Estado brasileiro se calou”. E prosseguiu: “Da Polícia Federal, para os inúmeros protocolos de denúncias que fiz, recebi o silêncio”, disse o parlamentar.
Reeleito em outubro do ano passado com 24.295 votos, Wyllys é o primeiro parlamentar assumidamente homossexual a lutar pelos direitos da comunidade LGBT na Câmara. A vaga de Wyllys será ocupada por David Miranda, também do PSOL do Rio de Janeiro.