Depois de cumprir sua temporada de sucesso em cartaz no palco do Centro Cultural da Justiça Federal no centro do Rio, o espetáculo Nefelibato se despede neste final de semana, de sexta a domingo, nos dias, 28, 29 e 30 de abril, às 19h.
Era o ano de 1990, e o país voltava a ter um governo eleito democraticamente. Inflação nas alturas. A nova equipe econômica resolve confiscar parte da poupança da população.
A medida levou milhares de brasileiros ao desespero e à bancarrota. Muitos enlouqueceram, como Anderson, que perdeu o negócio, um ente querido, um grande amor, e foi parar nas ruas, perambulando. Esse andarilho é a figura central de “Nefelibato”, monólogo de Regiana Antonini que o ator Luiz Machado leva à cena para celebrar seus 25 anos de carreira.
“Um fato real, que se mistura com a nuvem da fantasia, do drama, do épico, do louco, do homem, do ‘Nefelibato’ que mora na praça que cada um possui no meio do peito. O projeto ‘Nefelibato’ é um espetáculo teatral da dimensão humana que se refaz no humor, na poesia, na força, na busca por um lugar no mundo, seja o mundo real ou mundo imaginário. Este personagem que carrega seu próprio mundo em um carrinho, que tem seu próprio mundo dentro de si, vai como Dom Quixote, como Hamlet, como o capitão Ahab de “Moby Dick” à procura de sua baleia branca, em busca de enfrentar seus moinhos e demônios para ser feliz. Sim, ser feliz é o que todos queremos, este singelo momento que justifica a vida, sorrir ao acordar”, assim o diretor Fernando Philbert discorre sobre o tema da peça.
O quanto de loucura é necessário para o ser humano não perder a própria vida? Como se processa o instinto de sobrevivência que o ser humano tem, mas que esquece que tem? Como chamar a atenção para um certo grau de consciência que o personagem tem em sua condição? Para não se matar ou matar alguém, Anderson vai para a rua. Viver na rua foi o caminho que ele encontrou para continuar vivo. Embora ambientada na década de 1990, a trama dialoga muito com o Brasil de hoje.
“O público fica muito impactado, pois o espetáculo reflete uma realidade que tentamos fazer invisível, mas que está sempre à disposição de nossos olhos. Então, é muito interessante quando a plateia percebe que a atitude do personagem é consequência de um ato político e se aproxima ainda mais desta verdade social em que vivemos”, empolga-se Luiz Machado, que ficou fascinado pelo personagem desde o primeiro contato com o texto. "A história de Anderson me fascinou completamente, pois é um personagem que vive no limite da vida e do sonho, entre a lucidez e a loucura", conclui o ator.
“Luiz Machado encarna com força e maestria um homem visceral. Um louco? Quem sabe? Ou alguém que não se submete? Alguém que escolhe andar no mundo da lua, pois a realidade pode ser mortal?”, refletiu Claudia Chaves, do site Lu Lacerda, sobre o ator.
Será a sexta temporada do espetáculo que já foi aplaudido por público e crítica. Não só pelo texto ou pela contemporaneidade, mas, sobretudo pela atuação de Luiz Machado.
“Luiz emociona com o olhar. Penetra na alma e nos faz questionar, em plena área de cracolândia paulistana, onde ‘Nefelibato’ está em cartaz, toda a realidade que tentamos fazer invisível está ali e coexiste com a cidade”, exaltou Kyra Piscitelli, do site Aplauso Brasil, quando a peça estava em cartaz em São Paulo.
Ficha técnica
Texto – Regiana Antonini
Supervisão Artística – Amir Haddad
Direção – Fernando Philbert
Interpretação – Luiz Machado
Direção De Produção – Joaquim Vidal
Cenografia E Figurino – Teca Fichinski
Iluminação – Vilmar Olos
Músicas – Maíra Freitas
Direção De Movimento – Marina Salomon
Preparação Vocal – Edi Montecchi
Assistente De Direção – Alexandre David
Assistente De Cenário – Juju Ribeiro
Realização – Lm Produções Artísticas
Serviço
Local: Centro Cultural da Justiça Federal (CCJF)
Endereço: Av. Rio Branco, 241 – Centro – Rio de Janeiro
Dias: 28, 29 e 30 de Abril de 2023 - (sexta, sábado e domingo - últimas apresentações)
Horário: 19h
Ingressos: R$ 50,00 (inteira) / R$ 25,00 (meia)
Vendas on line: (Sympla)