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Monólogo sobre a pintora Anita Malfatti está no Espaço Cultural Sérgio Porto

Idealizado e interpretado pela atriz Araci Breckenfeld, peça teatral tem seu último final de semana

Por Portal Eu, Rio! em 25/05/2023 às 11:29:54

Atriz Araci Breckenfeld interpreta Anita Malfatti no monólogo. Foto: Divulgação/Mav Matheus

A peça "Anita - A festa da cor" é inspirada na vida e obra da pintora Anita Malfatti, precursora do movimento modernista no Brasil. Com direção e dramaturgia de Mariana Queiroz, o espetáculo tem seu último ato, no Espaço Cultural Sérgio Porto, neste fim de semana: 26, 27 e 28 de maio (sexta, sábado e domingo).

Amanhã, sexta (26), após o espetáculo, o público ainda tem uma conversa com Paty Lopes (@arteriaingressos), colunista do Portal Eu, Rio! (Coluna "Olhar Teatral"), dramaturga e estudiosa de Anita Malfatti, sobre a história e obra da pintora e, também, sobre o processo de construção da peça. A convidada passou no edital do SesiFiirjan em Literatura, com o texto "A Fúria dos Modernistas", após ter vencido o concurso de dramaturgia do Teatro Prudential e realizado a leitura dramatizada no teatro O Tablado. Vai ser o momento para tirar qualquer curiosidade e se aprofundar na história dessa artista tão marcante.

Paty Lopes. Foto: Divulgação
O monólogo

Idealizado e interpretado pela atriz Araci Breckenfeld, o monólogo celebra a autenticidade de Anita, de suas cores vibrantes e traços fortes, criando diálogos a partir dos prazeres e tormentos de ser artista mulher. A intensidade dos contornos que fazem sua história tão instigante traz reflexões para a peça sobre reconhecimento, incompreensão e liberdade.

Mariana Queiroz ressalta que o conceito do espetáculo passa pelo caminho de ter que se “destruir” para conseguir chegar a um lugar melhor. “O conceito é que a gente precisa quebrar para conseguir alcançar a nossa luz verdadeira, o que faz a gente vibrar, sem ser o que as pessoas disseram. A gente chega no mundo já temos uma estrutura ali ‘você é assim, você faz desse jeito’. Então, o que a gente precisa realmente se esforçar, pegar nessa ferramenta pra pessoa ir mais fundo nisso”, explica.

Além disso, ela enfatiza também que a sociedade sempre viveu de padrões e Anita quis se isolar dessas definições sociais e o espetáculo fala, justamente, sobre esse afastamento das convenções sociais. “Um olhar mais profundo para tirar as pessoas da caixa, desse padrão que você encontra, que você se identifica. Ela fala muito de quando ela se sentia encantada com a vida e com a cultura. É isso que me faz, não importa se o que me falam que tenho que pintar de um jeito’. As cores a fizeram vibrar”, diz.

“Esse espetáculo vem para quebrar a ideia de que existem padrões. Mas pra ela ir atrás do sonho dela, teve que reaprender muito, não foi simples”, completa Mariana Queiroz.

Araci afirma que espera desconstruir alguns pensamentos e atitudes padronizados e enraizados na sociedade atual. “A Anita foi essa desbravadora de questionar o padrão. Porque havia uma tendência da estética europeia e ela vem pra quebrar isso, e o modernismo faz crescer a nossa nacionalidade. Muita gente baseou sua arte olhando para o padrão estético de fora, que nos é imposto. E essa construção artística da Anita fala um pouco sobre ‘nós somos sociedade com seres humanos que produz cultura", analisa.

O espetáculo também atravessa as interseccionalidades sociais e revela que, naquela época, década de 1920, as mulheres precisavam de um certo “aval” social e masculino para produzir arte e não serem tão contestadas. “Eu acho que nós temos essa questão, tanto de ser artista, quanto de ser mulher, precisamos ficar constantemente buscando esse agradar os outros. As pessoas vão poder, através da Anita, conseguir se enxergar com esse olhar, se desconstruir”, acrescenta Araci.

Além dos desafios e preconceitos enfrentados por ser uma mulher no universo das artes então (-ainda?) dominado pelos homens, Anita Malfatti era uma artista com deficiência, para dar visibilidade a essa questão, o espetáculo conta com a participação das artistas Roberta Holliday e Isadora Ifanger, que compõem o espetáculo. Durante a apresentação, Roberta irá pintar uma obra de arte no mural do CIEP Presidente Agostinho Neto, em frente ao teatro. Já Isadora irá recitar um texto em off, de sua autoria, durante a apresentação de Araci.

Araci está no elenco do filme “Bem-vinda a Quixeramobim”, do diretor Halder Gomes, comédia que está disponível na GloboPlay. Mais recentemente, em 2022, a atriz fez uma participação na terceira temporada de “Cine Holliúdy”, série de comédia da Globo. Participou também das gravações de “Dona Vitória”, filme protagonizado por Fernanda Montenegro, a estrear em 2024.

No Teatro, Araci já angariou três prêmios de Melhor Atriz por “Nabila” (direção de Fernanda Báfica e Juracy Oliveira), espetáculo autoral do Carranca Coletivo, seu grupo de teatro formado na Escola de Teatro Martins Penna.

AMOR E ARTE

São abordados ainda na peça a amizade romântica de Anita Malfatti e o escritor Mário de Andrade, as obras da artista, as relações familiares dentre outros temas, costurados por uma narrativa que foge das histórias dominantes. “Desejamos aprofundar quem foi Anita Malfatti, abrindo mão de uma cronologia linear, factual. Já existe muita informação na internet, mas é preciso um mergulho na subjetividade de Anita para tentar compreender suas escolhas artísticas, o caminho que ela trilhou em busca das cores, da independência que o próprio Brasil luta em conquistar até hoje”, afirma a atriz idealizadora Araci Breckenfeld.

QUEM FOI

Anita Malfatti, nasceu em dezembro de 1889, em São Paulo, entre os anos de 1910 e 1914 estudou na Alemanha, já entre 1915 e 1916, nos Estados Unidos. Ela é considerada a precursora do modernismo no Brasil, tendo participado da Semana de Arte Moderna de 1922, em alusão ao centenário da Independência do Brasil. Sua exposição de 1917 foi de suma importância para o desenvolvimento do movimento modernista. Em 1928, após voltar da França, Anita Malfatti se afastou um pouco do modernismo e passou a ensinar desenho e pintura. A partir da década de 1940, a artista passou a produzir pinturas mais centradas na cultura popular. Anita Malfatti morreu em 6 de novembro de 1964, em São Paulo.

SINOPSE
Monólogo celebra a autenticidade de Anita Malfatti, de suas cores vibrantes e traços fortes, criando diálogos a partir dos prazeres e tormentos de ser artista mulher. A intensidade dos contornos que fazem sua história tão instigante traz reflexões para a peça sobre reconhecimento, incompreensão e liberdade.

FICHA TÉCNICA

Direção e Dramaturgia: Mariana Queiroz

Atuação e Idealização: Araci Breckenfeld

Figurino e Cenário: Júlia Vicente

Desenho de Luz: Fernanda Mantovani

Direção Musical: Rafael Barros Castro

Participação em áudio (atuação e texto): Isadora Ifanger

Visagismo: Jan Francisco

Montagem e Operação de luz: Tiago Mantovani

Operação de som: Larissa Ferreira

Registro audiovisual: Ninna Fachinello

Mural no CIEP Presidente Agostinho Neto:

Muralista: Roberta Holiday

Assistente: Rafael Victorino

Filmagem e Edição: Victoria Murta

Direção de produção: Fernanda Avellar

Assistente de produção: Patrick Lyan

Produção: Trestada Produções

SERVIÇO

Espetáculo "Anita - A festa da cor"

De 26 a 28 de maio

Sextas e sábados às 20h e domingos às 19h

27 de maio sessão com Libras

Ingressos na plataforma Sympla

R$30 inteira e R$15 meia

Classificação indicativa: Livre

Duração: 70 minutos

Local: Espaço Cultural Sérgio Porto

Endereço: Rua Visconde de Silva, s/n, ao lado do 292 - Humaitá - Rio de Janeiro

Informações: @anitaafestadacor / (21)98434-2495





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