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2° Festival de Cinema de Vassouras tem como destaques Antônio Pitanga com Estrela na Calçada e “Capitão Astúcia” no primeiro final de semana

Presidente do MIS anuncia que sede de Copacabana fica pronta até julho de 2024

Por Portal Eu, Rio! em 19/06/2023 às 18:01:22

Antônio Pitanga, o homenageado deste ano do Festival de Vassouras; Nívea Maria; Rocco Pitanga e Carla Daniel. Fotos: Marcia Monica/Portal Eu, Rio!

O primeiro final de semana (16 a 18/06) do 2° Festival de Cinema de Vassouras – No Vale do Café, organizado pelos irmãos Bruno e Jane Saglia e realizado no Centro de Convenções General Sombra (Avenida Otávio Gomes, nº 492, Centro), com entrada gratuita, teve como um dos destaques o lançamento do documentário “Pitanga” (dirigido por Beto Brandt e sua filha, Camila Pitanga), sobre a vida do ator Antônio Pitanga, que foi homenageado com uma estrela na “Calçada do Cinema”, ao lado de nomes como Carlos Vereza e o casal Luiz Carlos e Lucy Barreto. Pitanga também foi agraciado com o Troféu Paulo José, que reverencia anualmente um grande nome do cinema nacional, na noite de abertura do Festival. Por sua longa trajetória na dramaturgia brasileira, ele foi o homenageado de 2023. Apresentado por Clara Buarque e Rocco Pitanga, com participação da atriz Carla Daniel, a comenda foi entregue pela atriz Nívea Maria.


Emocionado, Pitanga citou a importância do festival e dos artistas negros para a dramaturgia nacional. “Eu sou um ator que dialoga com todas as gerações e todos os meios: com o digital, com o hoje, sempre. Fundamental conversar com todo mundo e, com isso, me sinto cada dia mais atual. Se estou aqui é também por conta de dezenas de atores e atrizes negros que abriram o caminho, como Léa Garcia, Ruth de Souza, Abdias Nascimento, Milton Gonçalves e tantos outros. Ao mesmo tempo fico feliz em ver tantos outros jovens seguindo este caminho. É muito importante ter o trabalho reconhecido ainda em vida”, afirmou o artista, que ainda teve outros dois filmes seus e um longa em que atuou, “Casa de Antiguidades”, sendo exibido no Festival.


Também foi homenageado o jovem Diretor de Cinema e de Arte, produtor e publicitário Matheus Cabral, que recebeu o Troféu Grão de Ouro por seu filme "Kikazaru: a rotina matinal de uma mãe”, que colocou o espectador na perspectiva de uma pessoa não ouvinte. A película, inspirada na vida da mãe do diretor, é uma discussão necessária, já que a acessibilidade deve ser questionada e pautada a todo momento. “Este prêmio, na verdade, é da minha mãe, fiz o filme por ela. O troféu vai ficar na estante dela, que mora no Rio, já que eu resido em Vila Velha, no Espírito Santo”, revelou.


Outro destaque do final de semana do evento foi o filme “O Capitão Astúcia”, de Filipe Gontijo, protagonizado por Fernando Teixeira, Paulo Verlings e pela veterana Nívea Maria, de 76 anos. A película foi a mais aplaudida pelo público presente ao evento até o momento, arrancando lágrimas e aplausos da plateia. No longa, Teixeira, ator paraibano, é um avô aventureiro que se transforma num super-heroi urbano que vive aventuras na companhia do neto e de uma grande admiradora da casa de repouso onde reside, Dulce, papel de Nívea. A obra tem fantasia, ludicidade e magia, provocando reflexões sobre a terceira idade. Concorrendo ao prêmio de Melhor Atriz pela atuação nesta película, Nívea falou sobre o momento atual na profissão. “Eu tenho 60 anos de carreira e estou aqui para mostrar, como mulher desta faixa de idade, que estou lutando também para que todos saibam que nós todos temos direito a tudo. Eu acho que estou em um momento de receber só coisas boas na minha carreira e na minha vida. Além de cinema, também estou no teatro interpretando uma senhora de 80 anos. Para mostrar que tudo é possível, continuo aqui, inteira, forte e querendo ajudar”, disse a experiente artista. Esse é a segunda experiência da atriz nas telonas, onde estreou em 2017 em “Dona Flor e seus Dois Maridos”.


MIS fica pronto até julho de 2024

Grandes nomes da mídia e do audiovisual que passaram pelo evento foram o presidente do Museu da Imagem e do Som (MIS), Cesar Miranda Ribeiro; o diretor Marcelo Zambelli; e os atores Charles Paraventi e André Hendges.

O Presidente do MIS ressaltou a recuperação de acervos da instituição como os depoimentos de artistas, tendo ao todo 1186 guardados, inclusive online. “As pessoas falam sobre suas vidas e carreiras. Grandes produções audiovisuais tiveram contribuição em pesquisas feitas aqui: um documentário sobre os 100 anos do rádio, outro sobre a Nara Leão, depoimentos de Dercy Gonçalves, além de acervos fotográficos, como o de Augusto Malta sobre as transformações da cidade do Rio de Janeiro no início do século XX. Nosso acervo é riquíssimo!”, revelou César. Dança, fotografia, teatro, rádio, uma verdadeira enciclopédia do audiovisual e agora também cinema. E com o festival, uma nova parte da cultura registrada no museu. Suspensas há cinco anos por falta de recursos do governo, as obras do museu custaram mais de R$ 200 milhões. O empreendimento é uma parceria do governo com a Fundação Roberto Marinho e o prédio é inspirado nas curvas do calçadão de Copacabana e a expectativa é que o museu seja mais um ponto turístico na cidade. “Vamos inaugurar a edificação até o final deste ano e a de acervos até julho de 2024”, garantiu o presidente do MIS, ressaltando que a sede de Copacabana terá a parte digital do acervo enquanto a da Lapa continua sendo de acervo físico. Filmes que fazem parte do acervo audiovisual do Museu da Imagem e do Som estão com uma programação exclusiva no Festival de Vassouras de 2023.


Considerado um dos grandes nomes da dramaturgia brasileira, com uma carreira consolidada como diretor de novelas, Marcelo Zanbelli também participou de um painel do evento. Ele é responsável por grandes sucessos da TV brasileira, como as novelas como “A Dona do Pedaço” e “O Outro Lado do Paraíso”. Para ele, a dramaturgia é uma arte que permite contar histórias de forma única e emocionante. “É uma arte que me permite trabalhar com atores, roteiristas e toda a equipe técnica para levar ao público a melhor experiência possível, com histórias incríveis e emocionantes”, observou.

Zambelli compartilhou suas experiências ao longo de 30 anos na TV Globo, revelando orçamentos, segredos de bastidores e detalhes do ritmo industrial de execução de uma trama.

"É um volume brutal e aterrorizante fazer novela. Pensando em uma novela das 21h, são 50 minutos de capítulo por dia. Fazemos dois longas e meio por semana. São por volta de 40 cenas cada capítulo, que totalizam 240 por semana, e mil cenas por mês. É um mastodonte, que a Globo já transformou num processo industrial e conseguiu resolver. E como gravar mil cenas em um mês? As pessoas não se dão conta dos desafios", disse.

"As novelas das 21h têm cinco ou seis frentes diárias, fora dos estúdios. E cada frente tem seu diretor, contra-regra, figurinista. Isso tudo é despejado na edição, são cinco ilhas de edição, o processo é de enlouquecer. Fora isso, tem que lidar com o ator que não comparece à gravação porque está fazendo fisioterapia, ou o cachorro está doente. Tem que ir lidando com as variáveis. Mas quando você consegue botar o circo no ar, é muito satisfatório”, segredou. Ele foi um dos diretores do núcleo do falecido diretor Jorge Fernando e dirigiu novelas como Verão 90 (2019), Êta Mundo Bom! (2016) e Ti Ti Ti (2010), deixando a emissora no início de 2021. Hoje produz conteúdos para o Globoplay.

Atualmente, Marcelo Zambelli tem atuado de maneira independente e aguarda a finalização da série “Os Parças”, com Whindersson Nunes como protagonista, que ele dirigiu no segundo semestre do ano passado. A comédia entrará no catálogo do Globoplay no início de 2024.


Fechando o final de semana do festival, o público acompanhou uma Coletiva de Imprensa com a participação de Charles Paraventi, ator e dublador norte-americano e naturalizado brasileiro, e também de André Hendges, ator gaúcho, formado e pós-graduado em direção teatral. Ambos estão integrando o elenco do longa-metragem de ficção “O Armário Mágico”, exibido pela primeira vez no Centro de Convenções General Sombra,

Paraventi desperta um sentimento de nostalgia para toda uma geração de espectadores. Com mais de 50 filmes no currículo, o ator é conhecido entre o grande público pela interpretação do excêntrico professor Afrânio na novela teen Malhação, entre 2001 e 2007, exibida pela TV Globo.

Em “O Armário Mágico”, o personagem de Paraventi, Zygmunt, é um velho e solitário imigrante polonês, enquanto o personagem de Hendges é Milo, um menino judeu. Eles constroem uma forte amizade quando os pais do menino o deixam para traz ao tentarem fugir de vizinhos nazistas em um vilarejo no sul do Brasil durante a Segunda Guerra Mundial. Enquanto dias sombrios assolam o mundo, o velho polonês faz de tudo para esconder e proteger o menino judeu, colocando sua vida em risco.


Talk Shows

Um dos talk shows mais concorridos, realizado no domingo (18), foi o "Guia de Cinema", com um debate sobre as produções audiovisuais. O encontro foi mediado pelo jornalista Edison Corrêa, Diretor do Portal Eu, Rio!, com participação de Enoe Lopes Pontes, membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) e uma das votantes do Globo de Ouro; e de Renata Ishiama, Gerente de Marketing da Centauro Comunicaciones, uma das grandes empresas de localização de conteúdo, dublagem e legendagem para filmes. Com participação de 40 pessoas, entre público e profissionais de imprensa, o evento foi realizado também em formato de live. Ishiama lembrou que, para ser um dublador, é necessário também ser um ator. "É imprescindível ter um registro, ou seja, o DRT profissional para exercer o ofício. Recebo muitos currículos de gente interessada em trabalhar neste ramo, mas não basta somente ter uma boa voz", salientou. Já Enoe disse que, no processo de votação do Globo de Ouro, recebe links de cinco a seis filmes diários para avaliar. "É humanamente impossível assistir a todas as películas, mas busco auxílio nas críticas especializadas de cinema. Recebo uma lista com notas de um a cinco e marco de acordo com minha percepção. É difícil, por também ser uma diretora e atriz, avaliar colegas, mas é necessário separar, ser profissional", contou.


Outro talk show foi mediado pelas críticas de cinema Sara Rodrigues, Larissa Lago e Poliana Fontenele, do Podcast Cine Aspectos, que receberam Ana Carolina Vieira, Diretora Cultural do MIS/RJ e Raphael Moreira, Superintendente Audiovisual da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro. Eles abordaram diversos assuntos durante o bate papo, entre eles a implementação da nova Lei Paulo Gustavo na cultura nacional. Raphael disse que o Ministério da Cultura aprovou recentemente o plano de ação para receber recursos da recém-regulamentada lei, que destinará R$ 3,8 bilhões para fomentar a produção cultural do país, com distribuição para estados e municípios.


Crianças e a Cinema

Um dos destaques do festival foi a presença de crianças e adolescentes de escolas municipais de Vassouras que, trazidos por seus professores, vieram assistir aos filmes e participar de debates. A Secretária de Cultura Criativa do Estado do Rio, Danielle Barros, esteve presentes numa dessas sessões e avaliou o festival. “O investimento do Estado é exatamente para garantir o acesso de pessoas em vulnerabilidade social à cultura. Para além do movimento mais glamouroso da arte, a premiação, é necessário ter um olhar social para garantir que pessoas que não têm acesso possam experenciar o cinema, além dos conteúdos audiovisuais”, disse Danielle.

Somente em editais audiovisuais, o Governo do Estado abriu 751 projetos, entre 2020 e 2023, com um aporte financeiro superior a R$ 21 milhões. Estão sendo construídos seis complexos exibidores de filmes em seis cidade: Miracema, São Pedro da Aldeia, Cordeiro, São Fidélis, Bom Jardim e Mendes, através do projeto “Cinema da Cidade”. Além dele, o projeto Cine+ leva a cidades do interior um espaço multiuso com exibição de filmes e ações formativas para a comunidade. Neste último foram contemplados os municípios de Areal, Casimiro de Abreu, Guapimirim, Itaocara e Paraty.


Carlos Vereza, o onipresente

Por falar em crianças e adolescentes, 500 delas lotaram o salão principal do Centro de Convenções General Sombra, no dia 16, na abertura da segunda edição do Festival de Cinema de Vassouras - No Vale do Café. Protagonizado por Naja Raja, o curta “O Vinho dos Mortos”, de Carlos Vereza, denunciou o uso desenfreado do chá de ayahuasca, o popular Santo Daime. Já no sábado (17), o ator e diretor apresentou o polêmico média metragem “Frankfurt”, com sessão seguida de debate. O artista esteve presente nos eventos que aconteceram na cidade no último final de semana, inclusive tocando flauta e cantando na praça principal de Vassouras.


Curadores

O Festival de Cinema de Vassouras, no Vale do Café tem curadoria de Bruno e Jane Saglia, contando com uma equipe de profissionais e uma extensa programação cultural, premiações e homenagens, num projeto roteirizado pelos organizadores para que o público tenha a oportunidade de vivenciar uma grande experiência cultural e cinematográfica. Eles estão satisfeitos com a proporção e retorno que o evento tem proporcionado ao Vale do Café e ao mercado do audiovisual brasileiro.


“Estamos muito felizes com a edição de mais um Festival de Cinema de Vassouras, já que é mais um grande momento para o audiovisual. Não tenham dúvidas de que nos dedicamos ao máximo para que o Vale do Café se solidifique ainda mais no cenário cultural do país e para que grandes obras possam ser produzidas e apreciadas pelo grande público”, destacaram.



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