Atualmente, o público 60+ representa 14,7% da população residente no Brasil, de acordo com dados de 2021. Em números absolutos, são 31,23 milhões de pessoas. Estimativas da ONU indicam que, nos padrões atuais, o Brasil terá cerca de 184,5 milhões de habitantes em 2100. Desse total, 73,3 milhões — 40% da população — terão mais de 60 anos.
Apesar de sua grande presença na sociedade, esse público ainda é alvo de violência dos mais diversos tipos, como violência física, psicológica, sexual, financeira, além da negligência e do abandono. Segundo a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH), por meio do Disque 100, entre janeiro e dezembro de 2021, mais de 82 mil denúncias de violência contra idosos foram registradas em todo o Brasil.
“A violência contra a pessoa idosa é considerada um problema de saúde pública mundial pela OMS. Afeta desde os países menos desenvolvimentos aos mais desenvolvidos, levando a sérios prejuízos de saúde física e mental, sendo por definição 'um ato único, repetido ou a falta de ação apropriada, ocorrendo em qualquer relacionamento em que exista uma expectativa de confiança', o que nos faz perceber que é cometida por pessoas próximas ao idoso, dificultando muitas vezes a denúncia pela própria pessoa que a sofre”, explica a médica geriatra Polianna Souza, cofundadora do canal Longevidade.
Para conscientizar a população sobre esse problema, o dia 15 de junho foi oficialmente reconhecido pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2011 como Dia Mundial da Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa, após solicitação da Rede Internacional de Prevenção ao Abuso de Idosos (INPEA), que estabeleceu a comemoração em junho de 2006.
Nos dias de hoje, o abuso de idosos ainda é um tabu, que acaba sendo ignorado e subestimado pelas sociedades no mundo todo. Porém, evidências já mostram que esse abuso contra o público 60+ é um problema muito importante de saúde pública e social que precisa ser discutido e colocado em evidência na população.
Além da questão dos abusos, essa população ainda pode sofrer problemas relacionados à própria idade, como a questão das quedas. Por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), a Prefeitura de São Paulo registrou aumento de 35% no número de notificações de quedas acidentais entre pessoas com mais de 60 anos de idade no último ano. Em 2021, o Sistema de Informação para a Vigilância de Acidentes (Siva), da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), recebeu 9.671 notificações de quedas nesta população, enquanto em 2022, foram 13.075.
“As fraturas mais comuns em idosos são, de fato, as do quadril (fêmur), antebraço e coluna lombar. Elas estão frequentemente relacionadas a dois fatores principais: fragilidade óssea e quedas. Causas de quedas em idosos incluem fraqueza muscular, problemas de equilíbrio e marcha, e o uso de certos medicamentos como sedativos, hipnóticos, antidepressivos e analgésicos”, afirma o ortopedista Dr. Sérgio R. Costa, também cofundador do canal Longidade.
Andrea Pereira, médica nutróloga do hospital Albert Einstein e cofundadora do canal Longevidade, explica a importância do consumo dos alimentos certos para ajudar no fortalecimento muscular. “Esse público, desde que não tenha nenhuma restrição, deve ter um alto consumo de proteínas na alimentação, preferencialmente as carnes magras, como peixe, frango, leite e derivados, e os ovos, e um consumo moderado de carne vermelha. A proteína é importante para ajudar a manter a massa muscular e prevenir a sarcopenia, que é a redução gradual da massa muscular e perda de funcionalidade, aumentando o risco de quedas. Outro nutriente que deve estar em dia é a vitamina D, pois ela auxilia na absorção do cálcio, além do consumo do próprio cálcio, para manter os ossos mais fortes. A prática regular de atividade física é essencial para a boa massa óssea e muscular”.
O ortopedista ainda acrescenta que para evitar fraturas em idosos é importante adotar medidas preventivas, como manter o ambiente doméstico seguro removendo tapetes escorregadios, instalando corrimãos em escadas e banheiros e evitando obstáculos no caminho. O uso de calçados adequados e a adoção de medidas para melhorar a iluminação também são recomendados.
Para relembrar esses cuidados e formas de prevenção, no mês de junho há também o dia 24, que é considerado o Dia Mundial de Prevenção de Quedas, data incorporada pelo Ministério da Saúde para alertar sobre o tema. A Organização Mundial de Saúde (OMS) registra um milhão de fraturas de fêmur de idosos no mundo, sendo 600 mil somente no Brasil. Dessas, 90% são causadas por quedas.