As sucessivas derrotas nos campos e fora deles abalam a imagem do Brasil como o País do futebol. Enquanto isso, os outros esportes só são lembrados em momentos de destaque, como os protagonizados por Robson Caetano, que quando estava em atividade trouxe medalhas de atletismo para o Brasil.
A realidade de hoje para o atletismo brasileiro também apresenta dificuldades. Apesar de tudo, o recordista sul-americano dos 100 m rasos acredita em uma participação positiva dos atletas brasileiros.
"Aposto em várias medalhas nas próximas olimpíadas, apesar da retirada de alguns recursos, fundamentais para a base. Acho que o atleta consegue se manter através de seus procuradores, manangers, assessorias, e a iniciativa privada. Ai sim, consegue obter sustento para as próximas olimpíadas de 2020, 2024 e 2028", disse o ex-atleta Robson Caetano.
Hoje, Robson Caetano é professor do colégio Ao Cubo, na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro. Para ele, dizer que o Brasil é o país do futebol é falta de vergonha.
"Honestamente, pegar uma bola e jogar em uma quadra para os meninos jogarem, é muito mais fácil. Acho que temos que pensar em outras alternativas (de atividade física) para dar qualidade ao movimento físico desses garotos", disse.
Para Robson, o fato de professores ocuparem o tempo dos alunos com atividades cuidadosamente elaboradas faz com que eles deixem de pensar em futebol. Desse modo, novos talentos podem surgir:
"Mas sempre digo que o Brasil é um país possível para o esporte. Temos um monte de talentos jogados e perdidos que não conseguimos captar, ou por falta de olheiros, que nós tínhamos há um tempo atrás", observou.
Dificuldades olímpicas
Robson Caetano revela que logo no início de sua carreira teve problemas para se tornar um atleta. A começar pela própria família. Os atletas de hoje contam com mais recursos:
"No meu tempo, era diferente. Tive uma guerra muito grande em casa para me manter treinando. Só quando consegui provar que eu era bolsista em uma escola e que meus pais não teriam mais problemas comigo, com relação à educação, é que eu tive tranquilidade para fazer esporte", comentou.
Para justificar sua aposta nos atletas brasileiros nos Jogos Olímpicos de Tóquio, Robson cita a forma como estão sendo preparados.
"A preparação hoje está mais calcada no descanso. Está mais que comprovado que o descanso faz parte integral do treinamento. Ele (o atleta) não vai dormir. Ele vai treinar. O treinamento mental também é importante. O que eu fazia no meu tempo, era deitar e pensar o modelo perfeito e encaixar minha corrida naquele modelo perfeito. Os meninos fazem hoje com muito mais exatidão. Eles tem o vídeo e conseguem acompanhar, o que não existia antigamente. E a internet facilita muito a vida deles, o que a gente não tinha", ressaltou.
O medalhista acredita que o esporte de hoje está calcado na fisiologia, com a participação de vários profissionais. "A equipe multidisciplinar está fazendo um bom trabalho", justificou.
Robson Caetano tem favoritos para as medalhas em Tóquio. Para ele, o Almir, do salto triplo, é seu favorito. Paulo, que participa da modalidade em que Robson é recordista até hoje, com seus 10 s nos 100 m, também merece elogios:
"O Paulo está correndo muito bem. Esses dois se destacam. Mas claro, nós temos uma infinidade de outros atletas que podem representar o país" concluiu.