Patrícia Ahmaral lança clipe de “Jardim da Noite (Esses Dias)” com Paulinho Moska

A cantora Patrícia Ahmaral lançou, em seu canal YouTube, o videoclipe de “Jardim da Noite (Esses Dias)” (Zeca Baleiro e Torquato Neto), canção até então inédita e lançada recentemente em single pela artista, com participação especial do compositor e cantor Paulinho Moska.

Com o clipe, a cantora prepara o clima para o álbum “A Coisa Mais Linda Que Existe - Patrícia Ahmaral Canta Torquato Neto - volume 2”, que sai nesta sexta-feira (11), nas plataformas digitais, como segunda parte do tributo da intérprete ao poeta e multiartista piauiense, cujo cinquentenário de morte ocorreu em novembro de 2022. “Jardim da Noite (Esses Dias)” é uma das canções que integram o lançamento.

As imagens para o videoclipe foram gravadas na nos espaços do Centro Cultural Municipal Parque das Ruínas, no bairro de Santa Teresa. Com direção de fotografia e câmeras da fotógrafa Andrea Nestrea e do artista visual Marlon de Paula, também editor do audiovisual, a edição traz Patrícia e Moska interpretando a canção nos vãos do histórico casarão, criando a atmosfera para os versos de Torquato: “repara a cor do dia/ reparo a torre da TV/ não há madrugada mais fria/ do que esses dias sem você/deu meia noite / no meio do dia/ casa vazia/ entre pra ver/ esqueça tudo o que digo/ são poucas palavras/ e todas marcadas/ passos na escada/ meus olhos nos seus/ algumas palavras/ pra não dizer adeus/ esqueça agora/ repare a cor do dia/ chove lá fora/ entre pra ver/ a madrugada fria/ esses dias/ e eu sem você”

Para intensificar a ideia de uma aura fria envolvendo os artistas e os espaços, Marlon de Paula utilizou o recurso “noite americana”, que confere uma tonalidade azulada para as cenas.

A canção

Zeca Baleiro revela que compôs “Jardim da Noite (Esses Dias)”, a partir do contato com “Torquatália - Do lado de dentro” (Editora Rocco, 2004), livro do escritor e jornalista Paulo Roberto Pires, que reúne a totalidade da produção escrita conhecida de Torquato Neto, incluindo todos os poemas, letras de canção, cartas e colunas jornalísticas. Já a produção musical, ficou a cargo do multiinstrumentista Rogério Delayon, um dos produtores do álbum duplo gravado por Patrícia.

Álbum trará canções com letras de amor escritas por Torquato Neto

Com 10 faixas, “A Coisa Mais Linda do Existe - Patrícia Ahmaral canta Torquato Neto - vol.2” traz um recorte dedicado a canções de letras mais líricas de Torquato, em que ele versa sobre o amor. Além de “Jardim da Noite (Esses Dias)”, outras como “Go back” (Torquato e Sérgio Britto), “Um dia desses eu me caso com você” (Torquato e Paulo Diniz), “O nome do mistério” (Torquato e Geraldo Azevedo) e “Pra dizer adeus” (Torquato e Edu Lobo) dão o tom do repertório.

Sobre Patrícia Ahmaral

Patrícia Ahmaral iniciou carreira nos anos 1990, em Belo Horizonte (MG), na mesma profícua cena que revelaria o saudoso Vander Lee (1966-2016) e as bandas pop locais, de repercussão nacional, Skank, Pato Fu e Jota Quest. Entre o final dos 90 e os anos 2010, gravou três discos solos de estúdio. O primeiro, Ah! (1999), foi produzido por Zeca Baleiro. Depois, Vitrola Alquimista (2004) e Superpoder (2011), produzidos respectivamente por Renawto Villaça e Fernando Nunes. Nos álbuns, ela reverencia obras de autores como Walter Franco, Sérgio Sampaio e Alceu Valença, além de expoentes de sua geração, como Chico César, Baleiro e nomes da cena independente, como Edvaldo Santana e Suely Mesquita. Faz leituras inspiradas de clássicos, como A Volta Do Boêmio (Adelino Moreira) e Não Creio Em Mais Nada (Totó). É formada em canto lírico pela UFMG. Em seu trabalho de maior visibilidade, gravou na primeira exibição da novela Xica Da Silva (Rede Manchete) os temas de abertura e do personagem principal, na trilha sonora de Marcus Viana. Após um hiato na carreira, em novembro de 2022, realizou um sonho acalentado há anos e divulgou o primeiro volume de um álbum duplo, tributo ao poeta piauiense Torquato Neto.

Sobre Torquato Neto

O poeta, letrista, jornalista, cineasta e ator Torquato Neto nasceu em 1944, em Teresina (PI). Após seu aniversário de 28 anos, cometeu suicídio, na madrugada de 10 de novembro de 1972, abrindo o gás no banheiro de sua casa no Rio de Janeiro, onde morava, desde 1962. Parceiro de Gilberto Gil e de Caetano Veloso, amigo do artista plástico Hélio Oiticica, do poeta Décio Pignatari, do cineasta Ivan Cardoso e de outros nomes expoentes, foi defensor das artes de vanguarda como o cinema marginal e a poesia concreta e um dos principais pensadores do tropicalismo, segundo atesta Gilberto Gil. Ele, Capinam e Caetano formavam um tripé. Torquato figura na capa do álbum manifesto Tropicália Ou Panis Et Circensis e assina duas das faixas, fundamentais do movimento, Geléia Geral, com Gil e Mamãe Coragem, com Caetano. Entre 1967 e 1972, escreveu colunas culturais, dentre elas, a mais conhecida Geléia Geral, que manteve entre 1971 e 1972, no Jornal Última Hora, inaugurando um estilo singular, numa impressionante crônica sobre a revolução que acontecia na música e nas artes do país, que se modernizavam, numa terceira onda, após o Movimento Modernista e a Bossa Nova. Torquato deixou um legado breve e plural, em jornalismo, poesia, cinema e composições, cada vez mais reverenciado em teses acadêmicas, documentários e compilações. Segundo o poeta e pesquisador Marcelo Dolabela (1957-2020), Torquato Neto é um dos poucos que se insere no seletíssimo grupo de artistas que, após a morte, tiveram mais obras lançadas do que quando em vida. Está ao lado de Carlos Drummond de Andrade, Paulo Leminski e Vinícius de Morais.