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Grajaú, bairro do governador, aumenta índices de criminalidade

Moradores estão preocupados com constantes assaltos e invasões em residências

Por Jonas Feliciano em 22/02/2019 às 09:45:00

Rua Professor Valadares é alvo de criminosos (Foto: Google street)

Os moradores do bairro do Grajaú, na Zona Norte carioca, estão assustados com o número de casos de assaltos e invasões à residências na região. Apesar do atual governador Wilson Witzel ter dito que continuaria morando no mesmo local, parece que a segurança de quem vive por ali não anda tão eficaz.

Na última quarta-feira (13), segundo o morador Nelson Honório, a casa dos seus pais, na Rua Professor Valadares, foi invadida durante a madrugada por um homem. Segundo ele,  o invasor arrancou a grade da janela do banheiro, entrou na casa, revirou a cozinha, a sala e outros cômodos do imóvel. 

"Ele acordou minha mãe, que tem 78 anos. Ela achou que era meu filho que estava chamando. Quando o bandido anunciou o assalto pedindo dinheiro e ela informou que não tinha, ele pediu que não acordasse meu pai, pois poderia ser pior. Dessa forma, minha mãe convenceu o homem a se retirar da casa, encaminhou ele até o portão e trancou assim que ele saiu", contou.

Nelson também ressaltou a falta de segurança para quem reside no bairro.

"Não acho que o governador eleito não deva pensar em sua segurança, até porque ele é uma pessoa que requer cuidados de segurança por representar nossa sociedade, mas a minha indignação é o fato que a segurança é para quem administra o estado, e não para o estado. A rua estava sempre cheia de seguranças particulares durante a campanha dele, após a eleição até um carro de polícia fica na esquina. Mas, nos últimos tempos, não vi mais seguranças, porém a viatura da polícia que fica esquina de Witzel se mantém lá. Contudo, me parece que isso acontece apenas porque o governador reside ali. Parece que é somente para segurança particular dele, pois não fizeram nada na ocorrência que relatei!", lamentou. 

Aline Gullo, moradora do bairro, também contou a invasão à sua residência ocorrida no final do ano passado, Ela afirmou que estava em casa no momento, mas os invasores só conseguiram levar uma bicicleta.

"Todas essas ocorrências foram tão traumatizantes. Fiquei dez dias sem voz. Tudo porque vi um policial armado no meu quintal e achei que fosse o ladrão", explicou Aline.

A casa dos pais de Nelson e de Aline estão localizadas na mesma rua em que o governador eleito Wilson Witzel tem uma residência: a Professor Valadares. Em sua campanha, Witzel se pronunciou informando que não deixaria de residir no endereço. Nos primeiros dias, depois da eleição, o local ficou bem movimentado. De acordo com alguns vizinhos do político, havia uma presença constante de seguranças e policiais.

Hoje, é possível perceber apenas a presença constante de uma viatura da polícia militar na esquina. Todavia, as vítimas das invasões dizem que ela não foi suficiente para intimidar os criminosos. 

Nelson, por exemplo, confirma que o governador não mora mais na Valadares e que a PM está fazendo uma segurança simbólica.

"Percebemos que não tem mais nenhum carro preto de segurança.  Eu sei porque o filho do governador estuda com meu filho. Só fica a viatura na esquina com a Júlio furtado para criar a interpretação de que ele ainda mora lá. Afinal de contas, ele disse em campanha que continuaria morando no Grajaú", explicou.


Outros casos

De acordo com a desenhista industrial Luciane Ribeiro, também moradora do bairro, ladrões invadiram um prédio do Grajaú que não possui porteiro 24 horas. Os bandidos entraram pelo playground e invadiram um apartamento do primeiro andar, arrebentando a tela de proteção. Na ocasião, trancaram um casal, que estava dormindo dentro do quarto, levaram dois laptops, computador, máquina fotográfica e dinheiro, saindo pela porta da sala, onde tiveram acesso a outros apartamentos. O casal só se deu conta do furto quando acordou pela manhã, pois foram trancados no quarto pelo lado de fora. "A segurança está péssima, nível zero, o medo predomina", diz Luciane

Segundo relatos de moradores, na mesma semana, em outro caso, uma casa foi assaltada mesmo tendo cerca eletrificada e grades. No mesmo dia houve o roubo das quatro rodas de um veículo de um morador da mesma rua. 

Ainda em fevereiro, outra residência do bairro, desta feita na Rua Grajaú, também foi roubada por meliantes. Os assaltantes circularam com uma senhora de 78 anos pela casa e limparam o imóvel.

Números da insegurança 

Em dezembro de 2018, dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) revelaram alguns números relacionados aos indicativos de violência da região do Grajaú, Vila Isabel, Andaraí, parte da Tijuca e do Alto da Boa Vista. Os estudos apontaram que no ano passado ocorreram 66 furtos de bicicleta, 1.054 furtos a transeuntes, 903 furtos de celulares, 305 furtos de veículos, 519 furtos em transportes coletivos e 59 pessoas desaparecidas. 

Em relação ao mesmo período de 2017, houve aumento em alguns dos índices. A invasão a domicílios não foi analisada pelo órgão. O crescimento de furtos de bicicletas em relação ao ano de 2017 foi de 10,7%, enquanto o roubo de celulares aumentou 8,3%. 

Já o furto de veículos apresentou uma queda de 15,5%. Contudo, a redução de casos não aconteceu com os furtos em coletivos: eles cresceram 24,8%. No ano retrasado foram 25 roubos a residências contra 24 em 2018. Nas ruas, a incidência de roubos também subiu de 3.958 para 4.627, uma variação de 16,9%. 

Ainda de acordo com os percentuais do ISP, o registro das ocorrências oscilou de 20.452 para 24.069. Esses números indicam um aumento percentual de 17.7%. Ou seja, de janeiro a dezembro de 2018, os moradores procuraram registrar os crimes locais. Contudo, isso também significa que foram 3.617 vítimas a mais que o mesmo período de 2017.  

Projetos de Segurança 

Muitas vezes, por receio de represálias, as vítimas também acabam não registrando os casos. Essa não é a melhor opção, pois sem as estatísticas oficiais, fica mais difícil de se comprovar para as autoridades a necessidade real do reforço do policiamento na área. Além disso, a mancha criminal, para efetiva atuação da PM, fica descaracterizada.

Em novembro do ano passado, a Associação de Moradores do Grajaú (AMGRA) apresentou ao público um projeto piloto de segurança do Grajaú. O plano nasceu na Comissão de Segurança Pública da AMGRA, coordenado pelo morador e delegado Rafael Barcia e que contou com a participação do ainda juiz Wilson Witzel.

"Este projeto conta com a atuação da Guarda Municipal e a integração com o moto patrulhamento do 6º BPM", conta Nice Carvalho, presidente da AMGRA.

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