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Serviço remoto corresponde a 22,6% do total de empregos ocupados

Especialista levanta polêmica sobre trabalhos remoto e presencial

Por Portal Eu, Rio! em 23/08/2023 às 12:44:02

Foto: Divulgação

Não, o mundo corporativo não é remoto. É o que afirma Caio Infante, vice-presidente regional (LATAM) da Radancy e um dos co-fundadores da Employer Branding Brasil. Segundo uma pesquisa recente do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) sobre o trabalho remoto no Brasil, 20,5 milhões de pessoas estão hoje ocupando cargos com grande potencial de ser realizado de forma remota, o que representa apenas 22,6% do total de empregos ocupados. As mulheres são maioria (cerca de 58%), mas os homens são responsáveis por mais da metade (54,5%) da massa salarial desta forma de trabalho. ”Em 2020, quando participei da Remote Work Conference falei que não acreditava no remoto para sempre e continuo pensando assim. A resposta do mercado está aí e os números comprovam isso. O mundo, as relações, o ser humano, tudo é contato social”, afirma Caio.

Nas últimas semanas, uma notícia sobre o Itaú Unibanco sobre uma forma planejada e inteligente de volta ao escritório com alguns meses de adaptação agitou as redes sociais. Para Caio, a maneira racional proposta pelo banco com tempo para adaptação e discussão é o caminho certo de volta ao trabalho presencial. “O mundo do trabalho tototalmente à distância é ilusório, nem as empresas e nem as pessoas conseguem viver pra sempre sem contato físico. É claro que as pessoas se acostumaram a não ir mais para o escritório, mas é preciso lembrar que entramos nessa onda por necessidade, por conta da pandemia. Hoje não existe mais razão para isso, simples assim”, declara Caio.

É claro que trabalhar em casa tem seus benefícios, muitos além do deslocamento até o escritório. Algumas pesquisas indicam, por exemplo, que trabalhar em casa pode aumentar a produtividade e o desempenho dos profissionais, uma vez que as distrações são menores e as interrupções de colegas e telefonemas também. Há a redução de custos que ele gera para as empresas e para o colaborador e a flexibilidade do horário de trabalho. Por outro lado, alguns pontos merecem atenção para a boa prática do trabalho remoto, como a necessidade de estipular rotina e organização para o dia a dia e a escolha certa do ambiente de trabalho.

O fato é que a cultura do home office não era típica do Brasil e quando a pandemia foi confirmada, líderes e colaboradores precisaram descobrir, de uma hora para outra, como fazer este modelo funcionar para que as empresas não parassem. Agora, segundo Caio, depois dessa verdadeira prova de fogo, ficaram ainda mais claras as vantagens do trabalho presencial:

Contato com outras pessoas

Trabalhar em casa trouxe aos colaboradores uma condição permanente de isolamento. Por mais que estejamos conectados, do outro lado da tela há um profissional só. O problema é que, segundo especialistas, a solidão traz consequências invisíveis e profundas aos indivíduos, como desânimo, estresse e ansiedade. Além disso, muitas pessoas também relatam um quadro de esgotamento profissional por conta do isolamento.

Criatividade e colaboração

Como diz o ditado, “Duas cabeças pensam melhor que uma”. É fato - quando estamos ao lado de um colega de trabalho, o brainstorming rende muito mais e conseguimos ideias e resultados de forma mais rápida e eficaz. Na troca não há perda e ninguém se sente esgotado, pois, ao mesmo tempo em que contribui com seus pensamentos, também ouve e recebe estímulos.

Motivação

O desânimo do isolamento tem como antídoto o contato direto com os colegas de trabalho. Quando estamos lado a lado, nos motivamos uns aos outros. Perceber que a gente (ou o outro) precisa de uma ajuda, um estímulo ou uma motivação é muito mais difícil quando não estamos no mesmo ambiente.

Desenvolvimento pessoal

Hoje em dia, um dos pontos mais valorizados pelos recrutadores são as chamadas soft skills dos candidatos e estas habilidades só podem ser desenvolvidas quando estamos em contato direto com outras pessoas. Empatia, comunicação, flexibilidade e escuta ativa são exemplos que mostram que a convivência é essencial para a expansão destas competências.

Fim do trabalho infinito

Estar em casa trouxe uma flexibilidade ruim para a rotina e a maioria das pessoas se viu trabalhando muitas horas depois do fim do expediente, uma vez que casa e escritório passaram a ser uma coisa só. Assim, o retorno ao presencial representa, também, o fim da tal produtividade infinita, que só faz gerar cansaço excessivo e prejudicar o rendimento profissional.

Separação entre vida pessoal e profissional

Parece muito bom trabalhar com roupas confortáveis, descabelado e a dois passos do próprio banheiro. O problema é que, ao mesmo tempo em que isso traz comodidade, também representa um encurtamento na fronteira entre vida pessoal e profissional. Você está no meio de uma tarefa e o interfone toca. Como você está em casa, se sente na obrigação de atender, ainda que saiba que “em condições normais”, a situação se resolveria de outra forma, sem a necessidade da sua intervenção. Com o trabalho presencial, conseguimos estabelecer que, para cada coisa, há seu devido tempo e espaço.

Mas é claro que o home office não teve só aspectos negativos, por isso muitas empresas estão investindo em maleabilidade neste momento de retorno. “O fim da exigência de roupas excessivamente formais, a flexibilização da rotina de trabalho e até o modelo híbrido são algumas soluções em alta neste momento. Assim, é possível unir o melhor de dois mundos e criar um ambiente de trabalho melhor para todos”, finaliza Caio.






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