Criada com o intuito de promover a conscientização sobre o suicídio, a campanha "Setembro Amarelo" deste ano traz o tema “Se precisar, peça ajuda!”, para que pessoas em situação de risco procurem orientação. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 mil casos de suicídio são registrados globalmente, sendo cerca de 14 mil no Brasil.
Engana-se quem pensa que somente a depressão leva ao suicídio. Outras síndromes como o Burnout, podem contribuir para problemas de saúde mental e agravar os riscos em algumas pessoas. É importante lembrar que o suicídio é resultado de uma interação complexa de fatores e não pode ser atribuído apenas a uma causa específica. A melhor maneira de abordar a questão é fornecer suporte e tratamento adequado para aqueles que enfrentam problemas de esgotamento e promover a conscientização sobre a importância do cuidado com a mente.
Para a Psicóloga e Logoterapeuta da MS Clínica de Psicologia, Michele Silveira, é preciso que os empregadores e equipe também se vejam como atores no combate ao Burnout. “Os gestores devem gerir suas equipes de forma que viabilizem um ambiente que não seja tóxico ou altamente competitivo. Para isso, cabe-se ressaltar que o excesso de obrigações e responsabilidades, a tensão emocional e a relação difícil com superiores são fatores que eles também precisam levar em consideração para que esse problema seja amenizado. Viabilizar ao funcionário o sentimento de controle sobre seu trabalho e o reconhecimento pelo seu desempenho são estratégias muito salutares à saúde mental do trabalhador”, explica.
A conscientização sobre saúde mental, especialmente durante o mês do “Setembro Amarelo”, pode contribuir para a prevenção do Burnout entre os colaboradores. “Um clima organizacional adequado precisa de estímulos, por isso, qualquer conscientização sobre a importância de uma boa saúde mental contribuirá para a prevenção do Burnout. A segurança e confiança no ambiente de trabalho é essencial, pois quando o funcionário se sente seguro e confortável dentro deste ambiente, certamente terá mais coragem para expor opiniões ou contribuir com ideias. Equilibrar a vida profissional e pessoal conseguirá ser mais motivador do que um alto salário”, acredita a Psicóloga.
A flexibilização do trabalho e a valorização do funcionário podem contribuir fortemente para a prevenção do Burnout, e consequentemente, a piora que pode acarretar no suicídio. “O horário de trabalho atualmente é um dos pontos mais importantes para a promoção da qualidade de vida no ambiente corporativo. Trabalhar muito não significa trabalhar bem e estar o dia inteiro na empresa não é sinônimo de estar produzindo. Flexibilizar horário não se trata de trabalhar por menos tempo, mas sim de adotar horários e locais de trabalho alternativos para fazer com que os funcionários fiquem mais satisfeitos e assim produzam mais, sem perdas na saúde mental”, analisa Michele Silveira.
Michele Silveira. Foto: Divulgação
De toda forma, nenhum estranhamento em relação ao esgotamento mental deve ser descartado. Caso precise ou perceba algo anormal e repetitivo, busque ajuda profissional. “Esses sinais podem ser desde dificuldade para dormir e/ou manter o sono, episódios intensos e frequentes de ansiedade, problemas gastrointestinais, cansaço constante, irritabilidade frequente, isolamento social, falhas de memória frequentes, diminuição da produtividade, apatia e dificuldade de concentração. Esteja sempre atento”, finaliza Michele Silveira.