Padre Miguel traz obra de Dias Gomes para a passarela do samba

Batendo na trave há alguns anos para subir ao Grupo Especial, a Unidos de Padre Miguel chegou "mordida" à avenida em 2019. Porém, a chuva - grande vilã dos desfiles de sexta para sábado - tirou um pouco do brilho da escola. Este ano, a agremiação arquirrival da Mocidade Independente trouxe para a Sapucaí uma homenagem ao escritor e novelista Dias Gomes, autor de obras do realismo fantástico. O enredo "Qualquer semelhança não terá sido mera coincidência", do carnavalesco João Vitor Araújo, traz à tona o mundo do autor de Roque Santeiro.

A Comissão de Frente o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Vinícius Antunes e Jéssica Ferreira, fizeram referência à saga narrada em "O Pagador de Promessas" (1962), primeiro filme brasileiro indicado ao Oscar e vencedor e único, até hoje, a vencer a Palma de Ouro em Cannes como melhor filme. A agremiação veio com 22 alas e quatro carros alegóricos contando as histórias do marido de Janete Clair, em "O Bem-Amado", Bandeira 2", "O Espigão", "Saramandaia" e "Sinal de Alerta", entre outras.

A escola, que veio bem colorida, também trouxe uma ala de "viúvas porcinas e sinhozinhos maltas", personagens mais conhecidos do autor, da novela "Roque Santeiro", de 1985, a que teve a maior audiência até os dias atuais. Outra ala aplaudida foi a "Bandeira 2", que homenageou taxistas com o modelo de taxímetro "capelinha", bastante utilizado nos anos 70. Já a rainha de bateria, Karina Costa, fantasiou-se de "Sorte" no desfile. A vermelho e branco de Padre Miguel fechou sua passagem pela passarela do samba com artistas convidados, que vieram destacar a memória de Dias Gomes na Marquês de Sapucaí na luta pela liberdade e expressão artística.