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Polícia está atenta para guerras entre milícias na Zona Oeste do Rio

Situações de disputa deixam zona oeste em conflitos diários

Por Mario Hugo Monken em 04/07/2018 às 11:21:13

Divulgação: Disque-Denúncia

A polícia está atenta para possíveis guerras envolvendo milícias na Zona Oeste do Rio. Uma das disputas pode ocorrer na comunidade do Catiri, em Bangu. Segundo informações, o miliciano conhecido como Chiquinho, que foi expulso da quadrilha, planeja retomar ao posto, que é comandado hoje por Marquinhos do Ouro e um PM identificado como Ademir.

Chiquinho chegou a dar um golpe na milícia e expulsou Ademir e seus aliados e familiares do local. Entretanto, o grupo retornou e retirou Chiquinho do Catiri. Há informações de que ele teria se unido a traficantes do Complexo do Chapadão, em Costa Barros, na Zona Norte, para retomar a comunidade.

A milícia que atua no Catiri tem ramificações na Zona Norte da cidade, mais precisamente nas comunidades Fernão Cardin, Águia de Ouro, Guarda e Belém-Belém, nos bairros de Todos os Santos, Del Castilho e Engenho de Dentro.

Segundo investigações, o grupo pratica extorsões contra motoristas de transporte alternativo e ameaça de morte quem não quer pagar uma taxa. Osmilicianos exploram a segurança clandestina, imposta a moradores, comerciantes e empresas.

Ecko x Pulgão

Outra guerra à vista seria entre os grupos comandados por Wellington da Silva Braga, o Ecko, chefe da milícia Liga da Justiça, considerada a maior do Rio, e do policial civil Rafael Luz Souza, o Pulgão, que foi preso essa semana em uma boate na Barra da Tijuca, com cinco fuzis e uma metralhadora antiaérea.

Segundo informações da polícia, Ecko teria oferecido uma recompensa de R$ 500 mil para quem matasse Pulgão.

Pulgão comandava uma milícia que atua nos bairros de Realengo, Bangu e Padre Miguel enquanto o bando de Ecko controla áreas em Campo Grande, Cosmos, Paciência e Santa Cruz.

Integrantes do bando de Ecko pularam para o grupo de Pulgão e tentam tomar o controle de áreas da Liga da Justiça em Santa Cruz. De dentro da cadeia, um miliciano Thiago de Souza Aguiar, vulgo Bobe, aliado de Pulgão, orienta seus comandados, entre eles Jairo "Carinha ou Pica-Pau", Leandro "Thie", Willian "21/Negão" e um policial militar identificado como Dutra, que é encarregado de trazer informações privilegiadas de dentro da corporação para seus comparsas.

Bobe é irmão do antigo chefe da Liga da Justiça, o ex-policial militar Tôni Ângelo de Aguiar, atualmente preso, e mudou de lado, após um desentendimento.

Quem é Ecko

Ecko começou sua empreitada criminosa em dia 13 de maio de 2014, na localidade conhecida como De Alta no interior da Favela do Aço, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio,

A mando de seu irmão, Carlos Alexandre da Silva Braga, o Carlinhos da Três Pontes (morto em 2017) antigo chefe do grupo paramilitar, atirou em dois homens que seriam traficantes da comunidade (um deles morreu) para impor o domínio da milícia no local.

Wellington e mais um homem não identificado que estavam em uma motocicleta efetuaram disparos sem que seus alvos pudessem esboçar qualquer tipo de reação. Wagner de Souza Saradão Júnior, vulgo Juninho, gerente do tráfico no local acabou morrendo e Ecko foi designado para administrar os negócios da milícia na favela, ficando inclusive com o fuzil do traficante morto.

Segundo a Justiça, o crime foi cometido para assegurar a execução e impunidade de outro crime, qual seja a exploração ilegal de serviços, tais como sinal de TV a cabo, internet, venda de botijões de gás e todo o portfólio inerente à venda de ´segurança´ promovida por tais grupos milicianos que coagem todos os moradores de bem e comerciantes locais,

De lá para cá, Ecko não parou mais. Com a morte de Carlinhos Três Pontes, assumiu o comando da milícia. Usuário de cocaína e extremamente violento, o criminoso possui local de tortura e coopta ex-traficantes para a sua quadrilha.

Ele possui uma aliança com integrantes da facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP) e, além dos negócios da milícia, também lucra com o tráfico de drogas. Deixa os traficantes atuarem em seus domínios mas exige parte dos rendimentos.

Além da Zona Oeste, a Liga da Justiça domina territórios nos municípios deSeropédica e Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Ecko escapou de ser preso durante uma super festa organizada pela milícia no dia 7 de abril em um sítio em Santa Cruz em que 159 pessoas acabaram detidas suspeitas de integrar o grupo paramilitar. Na ocasião, quatro dos seus seguranças acabaram mortos em tiroteio com a polícia.

Foram apreendidos no evento nove fuzis, dos quais quatro de calibre 5.56, modelo M-16; uml de calibre 7.62 NATO, modelo FAL; e quatro fuzis de calibre 7.62x39mm, modelo AK-47, além de dez pistolas, destas três de calibre .380; cinco de calibre .40; e duas de calibre 9mm; cinco revólveres de calibre .38; 76 carregadores de armas de fogo de diversos calibres; 1.265 munições de diversos calibres; coletes balísticos e diversas peças de vestuário tático.Também foram apreendidos nada menos que 11 veículos.

Os milicianos cobram taxas de proteção de estabelecimentos comerciais, cursos de inglês e até de creches. Os valores variam de R$ 30 até R$ 300 por semana. A segurança dos locais é organizada e dividida por plantões em turnos da manhã, tarde, noite e madrugada. Já de motoristas do transporte alternativo, há informações de que os milicianos cobrariam uma taxa diária de R$ 60.

Desaparecimento de moradores- Um processo que corre na Justiça do Rio revela que os milicianos da Liga da Justiça seriam os responsáveis pelo desaparecimento de nove moradores de um condomínio que é dominado pela organização porque eles eram oriundos de comunidades controladas por facções criminosas ligadas ao tráfico e contrários às ações do grupo paramilitar. Esse mesmo processo cita ainda a atuação da milícia em condomínios do Minha Casa Minha Vida e revela o depoimento de uma testemunha que morava no Nordeste e veio para o Rio de Janeiro indo morar na Cidade de Deus. A pessoa acabou conseguindo um apartamento do programa do governo federal e quando foi viver lá acabou sendo ameaçada pelos milicianos porque veio de uma comunidade dominada pelo tráfico de drogas e teve um irmão morto. Essa testemunha, com medo, largou o apartamento e voltou para o Nordeste.

Contou também que alguns síndicos dos prédios foram mortos por não concordarem com a atuação da milícia no local, que outros abandonaram a função. Falou também que, era a partir dos síndicos, os criminosos tinham acesso a todas as informações dos moradores; que, então, começavam a cobrar deles taxa de segurança, gatonet, gás e venda de água. Os moradores eram obrigados a comprar coisas deles por valores exorbitantes, como cestas básicas.

Segundo os relatos, quando o moradores não aceitavam as determinações da milícia, eram expulsos e suas casas eram alugadas ou vendidas.


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