A chuva voltou ao desfile da Série A durante a apresentação da última escola deste sábado para domingo (3). A Acadêmicos do Cubango veio para a Marquês de Sapucaí mostrar os objetos de poder e devoção que operam milagres ao ser humano. A partir do culto a São Lázaro, padroeiro da escola, a verde e branco de Niterói mergulhou na própria história e evocou o dom do afoxé, samba-enredo de 1979 que trouxe muitas glórias à comunidade. Integrante da ala das baianas, Maria de Lurdes desfila desde os 15 anos. Atualmente com 73, ela é uma verdadeira atleta da Sapucaí. "Desfilei na Acadêmicos do Sossego e na Unidos da Ponte. Hoje (3) saio na Ilha e na Tuiuti. Haja fôlego e cerveja!", brincou.
Através de artigos como balangandãs de prata, muiraquitãs, medalhas e figas, a Cubango demonstrou como as pessoas pedem proteção aos santos e orixás. A comissão de frente demonstrou "pedaços de sonho" em forma de fantasia, trazendo romeiros com figurinos de elementos católicos. O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Diego Falcão e Patrícia Cunha, definiu a força e a beleza da ancestralidade afrobrasileira.
Um "altar brasileiro" no segundo carro alegórico, foi destaque na original apresentação da escola niteroiense. A Festa da Penha, o Círio de Nazaré e Aparecida foram evocados na avenida. As passistas Aline Araújo e Valéria Bombom representaram a devoção popular e a romaria em festa. Fechando a festa momesca da Série A - que teve invasão da passarela do samba por populares antes de o desfile terminar, para desespero dos seguranças da Liesa -, a Cubango apresentou a alegoria "Acendo vela, peço salvação", ressaltando a religiosidade popular brasileira.