A Expedição 21, programa de imersão gratuito que estimula a autonomia de adultos com síndrome de Down, chega na sua terceira edição. Desta vez, os participantes vivenciarão a experiência em terras estadunidenses, com novos desafios e oportunidades. A imersão acontecerá entre os dias 23 e 29 de outubro, em um condomínio localizado na cidade de Orlando, nos EUA. Os dez participantes selecionados são das regiões Sul, Sudeste, Centro Oeste e Nordeste do Brasil (lista abaixo). A escolha foi realizada pela equipe do Instituto Cromossomo 21, formada pelo fundador e Educador Social Alex Duarte e voluntários.
A primeira concentração dos expedicionários acontecerá neste domingo (22), na cidade de Campinas/SP, no hotel Royal Palm Resorts. Acompanhados dos seus pais, eles receberão as instruções e regras do programa e terão o primeiro contato com a equipe, formada por mediadores assistivos e o criador da experiência. Na segunda-feira (23), eles se despedem dos pais e embarcam rumo à experiência.
Este ano, além de mentorias voltadas para a iniciação da vida adulta, os participantes terão o privilégio de visitar um dos parques da Disney World, com finalidades empreendedoras. Também irão se unir a outros jovens com síndrome de Down dos Estados Unidos, de Cuba e do Equador para um rápido “intercâmbio”. Eles fazem parte da instituição Gigi Miami´s, da Flórida, e participarão de uma ação na casa da Expedição, para troca de experiências e culturas. Os participantes também vão receber visitas de famosos, como a ex-BBB 22 Jessi Alves e a apresentadora Fernanda Pontes. Elas vão interagir e conferir se eles estão cumprindo as tarefas.
O QUE É A EXPEDIÇÃO?
O programa oferece uma experiência inovadora para adultos com deficiência intelectual, fora do ambiente familiar e da sua rotina, ao simular uma sociedade inclusiva, que aposta, autoriza e foca nas potencialidades. Durante quatro dias, os participantes precisam tomar suas próprias decisões, resolver conflitos, criar estratégias, ter pensamento crítico, lidar com a convivência e, principalmente, ser responsável por si e pelo outro. Um momento único e desafiador para viver a fase adulta com autonomia e responsabilidades.
A falta de oportunidades adequadas às dificuldades encontradas em cada marco do desenvolvimento humano, associada a um ambiente pouco desafiador e de superproteção, pode ocasionar na ausência de autonomia, que é essencial para o desenvolvimento cognitivo de qualquer indivíduo. “Muitas vezes, a pessoa com síndrome de Down não consegue identificar o resultado de suas ações durante as experiências diárias devido a uma rotina de proteção. A Expedição 21 é uma experiência que nos mostra a influência da acessibilidade comunicacional e de um ambiente positivo no desenvolvimento de cada participante e as implicações no comportamento emocional para a construção da autonomia”, explicou Alex Duarte, criador do programa.
EDIÇÕES ANTERIORES
A primeira edição, realizada em 2018, apresentou resultados otimistas que acenderam luzes para a melhoria da expectativa de vida de pessoas com síndrome de Down. Um grande exemplo foi a conquista da moradia independente pelo escritor Vinicius Streda. O jovem, inclusive, casou recentemente com uma das participantes, a influenciadora Tathi Piancastelli. Ambos moram juntos e sozinhos. O mesmo aconteceu com os participantes Isabela e Samuel Sestaro. Os dois se conheceram na casa da Expedição 21 e hoje também estão casados e morando juntos.
PESQUISA CIENTÍFICA
A implicação positiva do programa não para por aí. As grandes transformações também podem ser notadas na relação com os familiares. Por conta disso, o projeto foi transformado em um documentário educativo, premiado em festivais do Brasil e também no exterior, e que hoje pode ser assistido na Amazon Prime.
As evidências na melhora comportamental dos participantes chamaram a atenção do Neurocientista e médico Fernando Gomes, da Universidade de São Paulo-USP. Acompanhado da sua aluna, a neurocientista Marilene Silva, eles assistiram os desdobramentos da segunda edição da Expedição 21, realizada em 2022, com o intuito de investigar as transformações ocorridas na imersão, para fins de pesquisa cientifica. A previsão é que a pesquisa seja divulgada em março de 2024 com o objetivo de mostrar como um ambiente com acessibilidade é capaz de melhorar a estima de pessoas com síndrome de Down e potencializar a sua autonomia.
LISTA DOS SELECIONADOS:
-ALESSANDRO CERABINO JÚNIOR (SANTO ANDRÉ/SP)
-BEATRIZ ANDRADE CASALI (ARACAJU/SE)
-CLÁUDIO ALEONI ARRUDA (PIRACICABA/SP)
-GABRIEL LOURENÇO SILVA CAMARGOS (Belo Horizonte/MG)
-GUILHERME CAMPOS (SÃO PAULO/SP)
-JUANA BRANCATO DE ARAUJO (Vila Velha/ES)
-LUÍZA YUMI DE OLIVEIRA BREDT (Cascavel/PR)
-LAURA DEORSOLA XAVIER NEGRI (Curitiba/PR)
-PEDRO DE SÁ BAIÃO (Rio de Janeiro/RJ)
-VICTÓRIA ARRIECHE DA ROSA CUNHA (Pato Branco/PR)