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Especialista explica como prevenir o câncer de mama

Mulheres que possuem alterações do sono têm mais incidência de desenvolver o mal, explica endocrinologista e metabologista

Por Portal Eu, Rio! em 30/10/2023 às 17:32:02

Foto: Divulgação

O que é preferível: a prevenção primária ou achar um nódulo no seio, mesmo que seja para ter um diagnostico precoce? “A prevenção primária é muito mais importante do que o diagnostico precoce”, dispara a médica Odilza Vital sobre o câncer de mama.

Odilza, que é endocrinologista, metabologista e também especialista em Medicina Preventiva, alerta para vários aspectos que aumentam o risco do Câncer de Mama. Segundo ela, mulheres que trabalham no turno da noite, com alterações do sono, têm mais incidência de desenvolver o mal. Dormir é um precioso agente de saúde e precisa ser respeitado. A melatonina, hormônio do sono, tem um papel fundamental na prevenção desta doença. A seguir, a especialista destaca outros pontos na visão preventiva deste tipo de câncer. A médica tem experiências empíricas de ganhos de saúde em seu consultório.

“A menina que começa a fazer uso da pílula anticoncepcional, em fase precoce, tem aumentada a probabilidade de câncer de mama na sua maturidade", avisa Odilza. Em 2002, uma pesquisa apontou problema hormonal no grupo de que tomou Acetato de Medroxoprogesterona (progesterona sintética), aumentando a incidência pelo seu uso Quem não tem útero - raridade nos EUA, onde a histerectomia total quase não é vista -, e não tomou a progesterona sintética, não teve esta doença e nem doença cardiovascular.


Odilza Vital, Endocrinologista e Metabologista. Foto: Divulgação

A resistência à insulina, outro ponto importante, promove inflamação no organismo e também aumenta a probabilidade de todo tipo de câncer. O sedentarismo é outro elemento-chave para o aparecimento desta doença.

Desde 1983, a revista Lancet, altamente conceituada, publicou um artigo relacionando o consumo de álcool com o câncer de mama. Foi observado que mulheres saiam do trabalho e seguiam para o happy hour, onde bebiam vinho e destilados, com consumo de dois drinks cinco vezes na semana, já entravam na estatística de maior incidencia deste mal. Com três bebidas, a incidência era maior e, com cinco drinks, elas tinham outras patologias agregadas, como a cirrose hepática. “O álcool interfere no metabolismo dos hormônios”, alerta a profissional.

Os agrotóxicos também são importantes no aumento da incidência desta enfermidade. Também mulheres que tiveram câncer de mama e continuam fumando têm probabilidade de recorrência muito maior do que o grupo que não fuma.

O estresse também influi. O estado de espírito - algo qualificado pela Medicina Integrativa, - influi em mulheres que se preocupam em demasia com entes da família, possibilitando uma fragilidade aumentada para contrair a doença. O “Estudo das Gêmeas Finlandesas”, onde pares são observados com estímulos diferentes, revelou que, no caso das idênticas, uma determinada doença se instalava em uma e na outra não. A morte do marido, parente ou filha/filho por drogas aumenta a incidência deste tipo de câncer. O uso de psicotrópicos e antidepressivos também cresce a chance desta patologia.

A radiação também influi, tanto a do meio ambiente como a de pessoas que moram perto de estações de energia ou são bastante submetidas ao Raio-X. Observa-se propensões à doença nos sobreviventes ao bombardeio de Hiroshima e Nagasaki, na Segunda Guerra Mundial, no Japão.

O último informativo do Instituto de Saúde Pública dos Estados Unidos, onde esta doença é exaustivamnete pesquisada, mostra que mulheres negras, nos EUA, tiveram maior probabilidade de desenvolver o câncer de mama. Portanto, precisam começar os exames mais cedo, por volta dos 45 anos. Mulheres que têm prótese mamária não devem fazer mamografia, porque ela dificulta a técnica no mamógrafo. O aparelho é programado para descarregar uma carga de Raio-X de acordo com a espessura da mama, e a prótese aponta para medida da mama artificial. “O exame da mamografia deve ser iniciado, no máximo, aos 50 anos e realizado de dois em dois, pois a incidência também pode causar o câncer de mama”, recomenda a médica, que teve uma irmã mais velha falecida em seus braços pela doença, tendo sido acometida entre 1981 a 1986. “Por isso, continuo batalhando no aspecto preventivo”, revela.

Odilza Vital foi convidada pelo governo da China, em 2016, para fazer uma palestra em Congresso da World Anti-Ageing Academy of Medicine, onde alertou sobre a prevenção já naquela época. Lá, abordou o caso de mulheres que saíram das plantações de arroz e migraram para cidades industriais para uma vida completamente diferente - inalando substâncias tóxicas, ingerindo bebidas alcoólicas, fazendo uso cigarros, etc. Isto aumentou, naquela nação, o índice do câncer de mama. O fator relevante foi a mudança de hábitos, além da gravidez tardia e o fato de não ter filhos ou ter um único filho, premissa do governo local. Como não estavam acostumadas à doença, as mulheres daquela nação oriental só se apresentavam para os cuidados necessários já em estágio avançado, com atraso do tratamento.

No Brasil, até 2019, o Inca estimou 59.700 casos novos, por ano, do câncer de mama, uma incidência de 51,29 por cem mil casos em mulheres. No Sul e Sudeste, esta incidência é maior. Quase a totalidade das mulheres que desenvolvem câncer de ama não fazem, nem nunca fizeram, reposição hormonal. No Brasil, o Inca já fala sobre a prevenção primária deste mal com atividades físicas regulares, alimentação saudável, não fumar, manter o peso corporal adequado, não ingerir bebidas alcoólicas e evitar o uso de hormônios sintéticos. Os hormônios bioidênticos são aprovados e podem ser usados. A Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2023, coloca que os fatores de risco são a idade, obesidade, pílulas anticoncepcionais, cigarros, bebidas alcóolicas e estilo de vida.

Um estudo, realizado por uma equipe da Tohoku University Graduate School of Medicine in Sendai, no Japão, foi publicado na revista acadêmica British Journal of Cancer.

Os cientistas analisaram os hábitos de quase 24 mil mulheres com idades entre 40 e 79 anos durante oito anos. Nesse período, 143 foram diagnosticadas com câncer de mama.

Eles descobriram que aquelas que dormiam regularmente seis horas ou menos por noite tinham 62% mais chances de ter câncer de mama comparado com as que dormiam regularmente sete horas.

Além disso, mulheres que dormiam, em média, nove horas por noite tinham 28% menos chances de ter o tumor.

"A mulher que não dorme direito complica seu quadro, já que a melatonina modula o efeito do estrogênio", finaliza Odilza.




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