A queda de árvores na cidade do Rio de Janeiro durante os temporais nesse início de 2019 vem causando preocupação à população e aos ambientalistas. Nesses 3 meses iniciais, aproximadamente 200 árvores caíram em diversos pontos da cidade. Segundo ambientalistas, além da mudança climática, as maiores causas são as podas irregulares de árvores e a falta de cumprimento do Plano Diretor de Arborização Urbana da Cidade do Rio de Janeiro - PDAU Rio, aprovado pelo Decreto nº 42.685/2016. O Plano prevê o monitoramento, avaliação, conservação, inventariação das espécies e a expansão da arborização urbana até o ano de 2020.
A Redação do Portal Eu, Rio conversou com o ambientalista Sérgio Ricardo de Lima sobre o problema da grande queda do número de árvores na cidade.
Segundo Sérgio Ricardo, além dos problemas cada vez mais crescentes de mudanças climáticas com a presença de fortes chuvas que acabam derrubando um grande número de árvores na cidade, existe um grande déficit de arborização urbana fora dos padrões recomendados pela Organização Mundial de Saúde e a ausência do cumprimento do plano de arborização urbana. Ele considera um bom plano, mas que, na prática, não está sendo aplicado. O plano prevê, por exemplo, a criação de um inventário de todas as espécies arbóreas, porém o mesmo até agora não foi realizado. O ambientalista cita o exemplo da Prefeitura de Belo Horizonte, onde a população colabora fazendo fotos com o celular e envia para o órgão de meio ambiente da prefeitura. Com essa iniciativa, eles vão catalogando o tipo de árvore, identificando as espécies ameaçadas de extinção e verificando quais necessitam de remoção ou poda. Ele cita que existe ainda a chamada "poda assassina" e que essa prática de cortar a árvore além do necessário, que é realizada por órgãos da prefeitura, mata a espécie e provoca consecutiva queda de árvores.
A Prefeitura do Rio transferiu, na gestão do ex-prefeito Eduardo Paes, a responsabilidade pela poda e remoção de árvores para a Companhia de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro (COMLURB). O prefeito Marcelo Crivella, quando assumiu em 2017 o governo municipal, extinguiu a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e tornou uma subsecretaria da Secretaria Municipal de Conservação e Meio Ambiente. Além disso, em 2017, o prefeito mudou a estrutura organizacional da Fundação Parques e Jardins, deixando somente a parte de planejamento, projetos e adoção de áreas públicas.
O Portal Eu Rio entrou em contato com a Fundação Parques e Jardins sobre a causa da queda de árvores na cidade que respondeu em nota que:
"As quedas de árvores na cidade do Rio de Janeiro, como em outras cidades, acontecem devido a fatores climáticos extremos, como ventos com velocidades acima da normalidade, somados à precipitação pluviométrica elevada, que são fatores determinantes para as quedas. Estima-se que existam cerca de 800.000 árvores nas áreas públicas (calçadas e praças), porém, para o monitoramento exato deste número, há necessidade de um inventário de todos estes indivíduos arbóreos, desta forma as informações serão detalhadas suficientes para intervir de forma mais efetiva na prevenção de acidentes e acompanhamento da saúde destas árvores. Este inventário faz parte do Plano Diretor de Arborização Pública que tem como prazo até 2020 para ser implementado.
Atualmente, a Comlurb é o órgão responsável pelo manejo da arborização pública (podas e remoções) e a Fundação Parques e Jardins pelo plantio e a manutenção com período de um ano. A FPJ, através de normativo técnico, procura utilizar espécies adequadas para cada situação encontrada no meio urbano, como forma de minimizar acidentes futuros. Por exemplo, não se planta em passeios estreitos com largura inferior a 1,90 metros, em calçadas com muito conflito subterrâneo (rede de água, gás, esgoto, telecomunicações etc.) e também não é feito o plantio, devido a critérios e normas técnicas. A arborização de uma cidade do porte do Rio de Janeiro é fundamental para a saúde física e mental de sua população, desta forma, o investimento nesta área possui um custo benefício excelente, conforme comprovam as pesquisas científicas da área."