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Companheiros de luta querem resposta: Quem mandou matar Marielle?

Políticos cobram agilidade e rigor na investigação para saber quem é o mandante do crime.

Por Jonas Feliciano em 12/03/2019 às 22:46:58

Ministério Público acredita que Ronnie Lessa e Élcio Queiroz são os principais suspeitos de executarem Marielle Franco por motivação política.Foto: Reprodução

Na manhã desta terça-feira (12), o Brasil amanheceu com uma notícia que pode começar a mudar o rumo das investigações da morte da vereadora Marielle e seu motorista Anderson. Durante a madrugada, o policial reformado Ronnie Lessa, 48, e seu parceiro, o ex-policial Élcio Queiroz, 46, foram presos. Segundo uma denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), os dois são os principais suspeitos de executarem a parlamentar por motivação política.

Contudo, para muitos companheiros de partido de Marielle Franco (PSOL-RJ), o crime ainda não foi resolvido completamente. Eles também não acreditam no motivo torpe apresentado pelo MPRJ. Agora, a principal pergunta que deve movê-los é: Quem mandou matar Marielle?

Segundo o Deputado Federal David Miranda (PSOL-RJ), substituto de Jean Wyllys na Câmara, quem executou Marielle fez isso a mando de alguém.

"As prisões foram um passo tardio, mas importante. A solução definitiva do caso só ocorrerá quando responderem quem mandou matar. Essa é a nossa luta agora, a justiça para Marielle e Anderson só virá quando tivermos essa resposta”, disse David.

Para Tarcísio Motta, apesar de ser uma notícia muito importante para a sociedade, a resposta ainda é insuficiente. Isso porque, ele também acredita em um mandante e não acha que a causa da morte tenha se dado somente pelo ódio à esquerda e suas lutas.

"Ainda é preciso que as outras linhas de suspeitas sejam apuradas a fundo. Só assim, vamos saber quem contratou o escritório do crime para matar nossa companheira e, consequentemente, acabou tirando a vida do Anderson", lamentou o vereador.

Tarcísio também acredita em uma tentativa de retaliação ao Deputado Estadual Marcelo Freixo, não apenas pela atuação do político na CPI das Milícias, mas ainda pelo enfrentamento que o PSOL estava fazendo contra a cúpula do PMDB nas operações "Quinta do Ouro" e "Cadeia Velha".

"Não descartamos esta hipótese. Contudo, ela é apenas uma impressão de quem não tem acesso aos autos do processo. Até porque, pode haver uma ligação entre pessoas que tenham sido presas devido a CPI das Milícias com o planejamento do crime. Afinal, diante da impossibilidade de atingir o Freixo, que já sofria inúmeras ameaças de morte, optaram em executar a mulher, negra e favelada sem imaginar a repercussão que um crime político desta envergadura teria. Aliás, esse foi o principal erro daqueles que arquitetaram o atentado contra uma vereadora com tanta representatividade", comentou Tarcísio.

Marias, Mahins, Marielles e Malês

Na tarde de hoje, em seu discurso na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ), Marcelo Freixo dedicou suas palavras à amiga. Na ocasião, o deputado ainda citou a existência do escritório do crime na cidade do Rio de Janeiro e da proximidade do presidente Jair Bolsonaro e seus filhos com alguns milicianos.

"No Rio de Janeiro tem um grupo de matadores, em pleno século XXI, que se chama escritório do crime. O presidente Jair Bolsonaro conhece bem. Ele tem foto e proximidade de relações com vários deles. Um dos seus filhos homenageou vários deles e homenageou dentro da prisão", afirmou Freixo no início do seu discurso.

Em outro momento, quando foi interrompido pelo Deputado Bibo Nunes  (PSL-RS), o parlamentar retrucou o deboche do adversário político.

"Quero dizer para o senhor que não adianta se comportar como capitão do mato. Não adianta se comportar como um feitor. Não adianta se comportar como um escravocrata. Sabe o porquê, deputado?  Por que os escravos o senhor não achará mais! O senhor não achará mais os açoites. O senhor vai ficar sozinho com o chicote na mão. O senhor vai ouvir as Marias, os Mahins, as Marielles e os Malês", relembrou Freixo.

Vale ressaltar que na plenária estiveram presentes diversos representantes da esquerda como Gleise Hoffman (PT-RS), Maria do Rosário (PT-RS), Ivan Valente (PSOL-RJ), Talíria Perone  (PSOL-RJ). Todas manifestaram apoio à causa da parlamentar que no próximo dia 14 de março completa um ano.


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