Peelings agressivos, preenchimento de glúteos e carboxiterapia são alguns dos procedimentos mais procurados, atualmente, nas clínicas de estética. Embora possa parecer atrativo conquistar o rosto ou o corpo dos sonhos pagando pouco, alguns tratamentos estéticos podem ter efeitos inversos que vão exigir um investimento ainda mais alto para serem corrigidos e, em certos casos, podem ser irreversíveis. O peeling de fenol profundo é um deles. A técnica causa uma agressiva abrasão química, induzindo a uma descamação que resulta numa nova pele com menos rugas, manchas, cicatrizes e flacidez. A fórmula não é uma novidade. Lançada na década de 1960, chegou a virar moda entre vaidosos famosos de Hollywood, mas com o passar dos anos foi perdendo espaço para tratamentos menos agressivos.
Não é para menos. O procedimento requer muitos cuidados e pode dar muito errado se não for feito por um profissional qualificado e se o pós não for seguido à risca. O peeling exige anestesia ou sedação e a aplicação deve ser feita por médico, em um hospital, e o acompanhamento pós-procedimento deve ser feito por dermatologista ou cirurgião plástico. “Aplicações incorretas ou erros nos cuidados pós procedimentos podem causar complicações muitas vezes irreversíveis, como cicatrizes, escurecimento da pele, repuxamento dos olhos e marcas de quelóide. Além disso, o fenol em excesso pode afetar coração, rins e fígado”, alerta a dermatologista Erika Kinoshita. “Recebo muitos pacientes com intercorrências por causa de peeling de fenol. Uma marca de quelóide no rosto, por exemplo, melhora, mas não sai”, completa.
A médica também alerta para a carboxiterapia para amenizar olheiras. “Você trata um problema e causa outro, porque o gás carbônico até clareia a pele, mas provoca uma flacidez que depois só é reversível com cirurgia corretiva”, ressalta Erika. Ela acrescenta que existem outros tratamentos, como laser e uso de cremes clareadores. Embora demorem mais para dar resultados, não interferem na elasticidade da pele.
Quando o assunto é corpo, outro procedimento comum realizado nas clínicas de estética é o preenchimento de glúteos com PMMA (Polimetilmetacrilato, também conhecido como metacril), substância que, no longo prazo, costuma formar uma reação de enrijecimento e aspecto de “celulite” ou até mesmo provocar fissuras na pele. O cirurgião plástico Matthews Herdy explica que essas complicações são irreversíveis. “Como a substância fica entremeada nos tecidos da pele e músculos, não é possível remover o PMMA sem retirar também parte do tecido da paciente. Isso costuma resultar em cicatrizes ou até mesmo deformidades que vão precisar de cirurgias reparadoras”, alerta o médico, que é membro das sociedades brasileira (SBCP) e americana de Cirurgia Plástica (ASPS).
Além do PMMA, que não é recomendado, mas tem o uso permitido em pequenas quantidades, o hidrogel é outra substância usada para preenchimento de glúteo, mesmo sendo proibida por seus efeitos colaterais. De acordo com o cirurgião, os procedimentos mais indicados para aumento ou modelação de glúteos, e com menor risco de complicações, são o enxerto de gordura removida pela lipoaspiração - sendo este o mais seguro - e o implante de prótese de silicone. “No caso do enxerto de gordura, vamos usar algo totalmente compatível com o organismo da paciente. No caso da prótese, algumas pessoas alegam que deixa um aspecto artificial, mas isso só vai ocorrer se a pessoa errar no tamanho, colocando uma prótese muito grande, incompatível com o biotipo dela”, explica o especialista.
Em todos os casos, o ideal é que o paciente procure um médico de confiança antes de decidir o que fazer com o próprio corpo. No caso de procedimentos estéticos, o ideal é buscar um dermatologista qualificado ou um cirurgião plástico membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.