Após o massacre na escola de Suzano (SP), em que morreram dez pessoas na última quarta-feira, muitos se perguntam o que pode ter motivado os assassinos e, principalmente, o que pode evitar uma nova tragédia. Revistas na entrada das escolas? Câmeras de monitoramento? Presença de policiais militares? Controle de armas? Orientação aos pais sobre como educar os filhos? Especialistas ouvidos pelo portal EU, RIO procuram responder a tais questões.
O coronel da Polícia Militar do Rio de Janeiro Íbis Pereira, que entrou para a reserva há três anos, defende maior restrição ao acesso a armas de fogo, diferente da política adotada pelo Governo Jair Bolsonaro, que, em janeiro, baixou decreto permitindo a posse de armas em casa e no trabalho.
“O Brasil precisa restringir e não ampliar o acesso a armas de fogo. Quase 70 mil brasileiros morrendo por ano, vítimas de mortes violentas, a maioria por armas de fogo, defender a flexibilização é uma insanidade”, opina o especialista, formado em Direito e Filosofia, com mestrado em História e consultor de segurança pública na campanha de Marcelo Freixo à Prefeitura do Rio em 2016.
Vinícius Bolso, diretor da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança no Rio de Janeiro (Abseg-RJ), acredita que é preciso investir na segurança das escolas e mais atenção dos pais para com os filhos.
“É uma falácia de que mais armas vão aumentar a violência. As armas apenas são o meio utilizado por pessoas que querem matar. E vão fazê-lo, independente da arma utilizada. Quando a Grâ-Bretanha limitou as armas aos clubes de caça, na década de 1980, houve um aumento considerável de crimes, em torno de 140%. A população ficou apavorada. Lá, o desarmamento não deu certo. O massacre na escola de Realengo, em 2011, foi feito com armas roubadas. Muitos crimes acontecem com armas de numeração raspada e sem procedência. Mesmo o desarmamento valendo no país. Falta um planejamento preventivo de segurança. As escolas poderiam instalar um sistema de alarme do pânico, que seria acionado sempre que um episódio de violência acontecesse. Outra medida é os pais serem mais presentes na vida dos filhos. Os criminosos da escola em Suzano são filhos de famílias desestruturadas. Os pais devem educar ainda pelo exemplo”, explica.