O juízo da 4ª Vara Criminal da Capital interrogou na tarde desta sexta-feira (1º/12), o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, citado pelo ex-PM Élcio de Queiroz, em delação premiada, como participante na morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, executados a tiros, no dia 14 de março de 2018, no bairro do Estácio.
Durante o depoimento, o ex-bombeiro negou ter monitorado as movimentações de Marielle, dias antes do crime, assim como de ter alterado as placas do veículo usado durante a execução. Os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, acusados de serem os executores, aguardam, presos em penitenciária federal de segurança máxima a data do julgamento.
A partir do depoimento de Maxwell, que negou vários pontos da delação premiada, o juiz Gustavo Kalil determinou a expedição de carta precatória para que Élcio se manifeste se concorda com a acareação. Também estabeleceu prazo de 10 dias para que a defesa de Maxwell informe se insiste no pedido de acareação e que apresente os pontos que considera divergentes entre o conteúdo da delação de Élcio e a versão do ex-bombeiro.
Ao final da audiência, o juiz anunciou a abertura de conclusão dos autos que tratam da permanência de Maxwell em presídio federal para decidir sobre o requerimento da defesa para que ele seja transferido para presídio estadual, no Rio. O Ministério Público se manifestou contrariamente ao pedido.
O ex-bombeiro foi denunciado e preso pelo GAECO/FTMA em julho deste ano na Operação Élpis. A denúncia aponta Suel como partícipe do duplo homicídio que vitimou a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes e da tentativa de homicídio contra a assessora da parlamentar, ocorrido no ano de 2018, e receptação do veículo Cobalt prata utilizado para a prática dos crimes.
O réu foi interrogado pelos promotores de Justiça Audrey Castro, Eduardo Morais Martins e Paulo Rabha de Mattos por cerca de uma hora e meia a respeito da sua participação no crime. A defesa de Maxwell Simões Correa também realizou perguntas e, ao final, requereu acareação entre o denunciado e o colaborador. O juízo concedeu prazo de dez dias para a defesa de Suel apresentar os pontos divergentes. Após esse prazo, a defesa do ex-PM Elcio de Queiroz se manifestará a respeito do pedido. O magistrado, então, irá decidir se a acareação vai ocorrer ou não. Após a decisão, o GAECO/FTMA vai analisar todas as provas produzidas, para decidir se irá requerer que o réu seja submetido a júri popular. Essa etapa do processo encerra a fase de instrução.
Relembre o caso
O nome de Maxwell foi citado pelo ex-PM Élcio de Queiroz em delação premiada com a PF e com o MPRJ, ocasião em que deu detalhes do atentado. Élcio segue preso desde 2019, assim como o ex-policial reformado Ronnie Lessa, ambos denunciados pelo GAECO/MPRJ como executores. Na delação, Élcio confessou que dirigiu o carro usado no ataque e confirmou que Ronnie Lessa fez os disparos. Maxwell teria ajudado a monitorar os passos de Marielle e participado, um dia após o crime, da troca de placas do veículo Cobalt, usado no assassinato, e se desfeito das cápsulas e munições usadas, assim como providenciado o posterior desmanche do carro.
Processo nº 0029021-13.2023.8.19.0001
Fonte: Tribunal de Justiça/RJ e Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro