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Zona Oeste do Rio teve dois tiroteios por dia em novembro

Região concentrou o maior número de tiroteios e de baleados no Grande Rio no mês

Por Portal Eu, Rio! em 07/12/2023 às 08:54:16

Tiroteio entre milicianos na Zona Oeste do Rio. Foto: Redes Sociais

A violência na zona oeste da capital voltou a chamar atenção em novembro: 76 tiroteios ocorreram na região, equivalendo a 37% de todos os tiroteios na região metropolitana do Rio de Janeiro ao longo do mês. Em média, é como se tivesse ocorrido mais de dois tiroteios por dia na zona oeste, que também acumulou o maior número de baleados no mês. Foram 38 atingidos (18 mortos e 20 feridos), 31% do total de baleados no Grande Rio. Dos tiroteios ocorridos na região, 21% se deram em ações e operações policiais. Os dados fazem parte do relatório mensal do Instituto Fogo Cruzado.

Entre os 10 bairros com maior número de tiroteios no mês (Vila Kennedy, Bangu, Taquara, Santa Cruz, Recreio dos Bandeirantes, Praça Seca, Senador Camará, Freguesia, Costa Barros e Itanhangá), nove ficam na zona oeste da capital, sendo a Vila Kennedy a mais afetada pela violência. Foram 11 tiroteios que deixaram dois mortos. Essas duas vítimas foram atingidas no mesmo dia.

No dia 25 de novembro, o maqueiro Eberson Luiz Santos da Silva, de 42 anos, foi morto a tiros durante uma ação da Polícia Militar na região. Eberson foi atingido por um tiro na perna e, segundo testemunhas, foi baleado pela segunda vez, na barriga, mesmo após gritar que era trabalhador e mostrar o crachá.

Eberson Luiz levou ainda mais tiros. Seu corpo ficou irreconhecível, segundo os familiares. No mesmo dia, moradores da Vila Kennedy realizaram um protesto na Avenida Brasil. Durante o protesto, o mecânico Guilherme Santos de Carvalho, de 18 anos, foi baleado e morto após ser atingido por um Policial Militar de folga que passava pelo local.

“A Vila Kennedy no passado foi considerada o laboratório da Intervenção Federal de 2018 e como vemos, nada daquela experiência trouxe segurança para a população. O bairro figura frequentemente no topo da lista dos mais afetados pelos tiroteios. É preciso que se invista em inteligência e em boas ações de política pública. A violência armada precisa ser prevenida, não combatida com mais tiros. Isso não é utopia. Basta boa vontade política. Esses dados do relatório são uma importante leitura de como nada tem sido feito para trazer benefícios para os moradores na região”, analisa Carlos Nhanga, coordenador regional do Instituto Fogo Cruzado no Rio de Janeiro.

O mês em dados

Ao longo de novembro, houve 205 tiroteios/disparos de arma de fogo na região metropolitana do Rio. O número revela uma queda de 30% nos registros em comparação com novembro de 2022, que concentrou 292 tiroteios.

Entre os 205 tiroteios ocorridos no mês, 29% deles (59) se deram em ações e operações policiais. Em 2022, em novembro, dos 292 tiroteios durante o mês, 45% deles (132) ocorreram em ações e operações policiais.

Ao todo, 119 pessoas foram baleadas na região metropolitana do Rio durante o mês de novembro: 61 morreram e 58 ficaram feridas. O número de mortos indica uma queda de 33% e o de feridos, de 48% em comparação com novembro de 2022, que acumulou 203 baleados: 91 mortos e 112 feridos.

Entre as 119 pessoas baleadas em novembro deste ano, 39% delas (46 vítimas) foram atingidas durante ações e operações policiais: 14 morreram e 32 ficaram feridas. Em novembro de 2022, entre as 203 pessoas baleadas, 70% (143) foram atingidas durante ações e operações policiais: 58 morreram e 85 ficaram feridas.

Novembro teve uma ligeira queda de 5% nos tiroteios, aumento de 2% no número de mortos e queda de 6% na quantidade de feridos em comparação com o mês de outubro, que acumulou 215 tiroteios, 59 mortos e 63 feridos.

Seis regiões contemplam a região metropolitana do Rio de Janeiro. A distribuição da violência armada entre elas ficou da seguinte forma:

? Zona Oeste (Capital): 76 tiroteios, 18 mortos e 20 feridos

? Baixada Fluminense: 51 tiroteios, 20 mortos e 14 feridos

? Zona Norte (Capital): 44 tiroteios, 7 mortos e 12 feridos

? Leste Metropolitano: 23 tiroteios, 13 mortos e 8 feridos

? Centro (Capital): 6 tiroteios, 3 mortos e 2 feridos

? Zona Sul (Capital): 5 tiroteios e 2 feridos

O perfil da violência armada

Dez pessoas foram baleadas durante roubos/tentativas de roubo: cinco morreram e cinco ficaram feridas. Em novembro de 2022, 19 pessoas foram baleadas durante roubos/tentativas de roubo: nove morreram e 10 ficaram feridas.

Quatro idosos foram baleados no Grande Rio: dois morreram e dois ficaram feridos. Em 2022, três idosos foram baleados em novembro: dois morreram e um ficou ferido.

Uma pessoa foi vítima de bala perdida no Grande Rio em novembro de 2023 e sobreviveu. Em novembro de 2022, 22 pessoas foram vítimas de balas perdidas: seis morreram e 16 ficaram feridas. Entre as 22, 12 foram atingidas em ações e operações policiais (cinco morreram e sete ficaram feridas).

Nove agentes de segurança foram baleados no Grande Rio: quatro morreram (todos fora de serviço/de folga) e cinco ficaram feridos ( dois em serviço e três fora de serviço/de folga). Em novembro de 2022, 20 agentes de segurança foram baleados: 11 morreram (três em serviço, seis fora de serviço/de folga e dois eram aposentados/exonerados) e nove ficaram feridos (sete em serviço e dois fora de serviço/de folga).

Em novembro, houve uma chacina policial na região metropolitana que deixou três mortos no total. Em novembro de 2022, houve cinco chacinas policiais que deixaram 23 mortos no total.

Acumulado do ano

Em 2023, entre janeiro e novembro, houve 2.801 tiroteios/disparos de arma de fogo na região metropolitana do Rio de Janeiro, segundo dados do Instituto Fogo Cruzado. 953 destes registros ocorreram durante ações/operações policiais. Ao todo, 1.744 pessoas foram baleadas neste período, das quais 900 foram mortas e 844 ficaram feridas.

Comparado ao mesmo período de 2022 - que concentrou 3.342 tiroteios, sendo 1.146 em ações/operações policiais, e 1.861 pessoas baleadas, sendo 921 mortas e 940 feridas -, o ano de 2023 apresenta até agora queda de 16% nos tiroteios; o número de tiroteios durante ações/operações policiais teve queda de 17%; o número de mortos teve queda de 2%; e o número de feridos uma queda de 10%.

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