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Grupo Especial já tem 11 enredos para o Carnaval 2019

Beija-Flor, Tijuca e União da Ilha devem divulgar seus temas até o dia 17

Por Fred Soares em 04/07/2018 às 21:25:13

A atual campeã Beija-Flor ainda não definiu enredo (Divulgação: RioTur)

Assim que a bola deixar de rolar na Copa do Mundo da Rússia, o povo do samba voltará as suas atenções para o carnaval de 2019. Das 14 escolas que desfilarão pelo Grupo Especial, 11 já anunciaram seus enredos para os desfiles que vão acontecer nos dias 3 e 4 de março do próximo ano. A ordem das apresentações será definida em festa fechada promovida pela Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) na segunda quinzena de julho.

Vice-campeã em 2018, o Paraíso do Tuiuti voltará ao Sambódromo com um enredo crítico, seguindo a linha que a levou ao melhor resultado da sua história. Idealizado pelo carnavalesco Jack Vasconcelos, o enredo "Salvador da Pátria" conta a história do Bode Ioiô, animal que recebeu votos suficientes para ser eleito como vereador em Fortaleza, na década de 1920. O tema foi sugerido pelo jornalista João Gustavo Melo e vai traçar paralelos com o atual momento da vida política do Brasil. Mais uma vez, não haverá disputa de samba-enredo, que será anunciado nos próximos dias e terá novamente a assinatura de Claudio Russo, Moacyr Luz, Dona Zezé, Jurandir e Aníbal.

Ainda envolvido em disputas políticas que discutem a permanência da presidente Regina Celi à frente da escola, o Acadêmicos do Salgueiro não perdeu tempo. Renovou com o carnavalesco Alex de Souza e vai levar para a Avenida o enredo "Xangô, o Orixá da Justiça". A entidade é a protetora da agremiação e terá sua mitologia contada desde a África até seu culto em terras brasileiras. "Acadêmicos do Salgueiro em 2019 presta um tributo ao seu patrono espiritual. Xangô ou Sàngó, o Rei que se eterniza como divindade, será representado sob diversos aspectos, desde a África até o Brasil. Que o Senhor da Justiça interfira nas nossas causas e em nosso imenso país", conta trecho da sinopse do enredo.

Outra escola que escolheu enredo que caiu nas graças de seus torcedores foi a Portela, quarta colocada em 2018. No próximo carnaval, a Águia vai cantar a história de uma das mais ilustres portelenses: Clara Nunes, com "Na Madureira moderníssima, hei sempre de ouvir cantar uma Sabiá", da carnavalesca Rosa Magalhães. A escola divulgou a sinopse na última semana. O desenvolvimento partirá do óleo "Carnaval em Madureira", pintado pela artista modernista Tarsila do Amaral, em 1924. A partir daí, o tema abordará a religiosidade e os momentos emblemáticos da carreira da cantora, morta em 1983, após um choque anafilático causado por uma anestesia.

- Os modernistas buscavam a brasilidade, Tarsila resolveu isso nas ruas de Madureira e a carreira de Clara despontou quando ela encontrou a Portela, os artistas do bairro. Isso faz com que ela seja a própria essência desse lugar ?- disse Fábio Pavão, integrante da comissão de carnaval e presidente do conselho deliberativo da escola.

A não menos tradicional Estação Primeira de Mangueira virá pelo quarto ano seguido com o carnavalesco Leandro Vieira. Um dos responsáveis pelo último título da escola, em 2016 (homenagem a Maria Bethania), ele assinará para 2019 o enredo "História para ninar gente grande. O tema tem como objetivo trazer à tona e exaltar personagens que foram marginalizados da historiografia oficial do Brasil. Figuras populares, que não faziam parte da elite e, segundo o carnavalesco, exatamente por isso foram deixados de lado.

- A história oficial escolhe quem deve e quem não deve ser lembrado. O desfile da Mangueira é um olhar para isso. Um olhar para quem deveria estar nos livros e porque, os que estão, foram escolhidos para estar - disse o carnavalesco.

Assim como em 2018, Leandro Vieira pretende propor uma discussão política através da sua arte.

- A proposta é questionar acontecimentos históricos cristalizados no imaginário coletivo e que, de alguma forma, nos definem enquanto nação. Essas ideias de "descobrimento" "independência" e "abolição" postas em cheque ou questionadas para possibilitar o entendimento do desprezo pela cultura nacional e as razões de uma sociedade pacífica ou, por que não, passiva.

Fora da linha política, a Mocidade Independente de Padre Miguel apostará num tema abstrato: o tempo. Em parceria com o designer Hans Donner, o carnavalesco Alexandre Louzada segue na Zona Oeste e assinou o enredo "Eu sou o tempo. Tempo é vida".

-Nosso objetivo é mostrar que devemos aproveitar o nosso tempo para viver da melhor forma possível. Tempo é vida e os momentos que ficam na memória eternamente - disse o carnavalesco.

Uma das primeiras escolas a anunciar seu enredo, a Imperatriz Leopoldinense foi buscar inspiração numa das mais famosas marchinhas do carnaval carioca: "Me dá um dinheiro aí" será responsabilidade do casal de carnavalescos Mauro e Kaká Monteiro. O tema vai esmiuçar a histórica relação do homem com o dinheiro, desde que a moeda surgiu como principal elemento das transações comerciais.

- A gente vai mostrar desde o nascimento do dinheiro e como o homem se relaciona com o dinheiro, a ambição do ser humano. O dinheiro é o que move muitas relações, e às vezes é mal utilizado, mal aplicado. Tem crítica, tem humor.. - disse Mauro.

Quem também lança novo carnavalesco é a Unidos de Vila Isabel. E para voltar ao desfile das campeãs, o estreante Edson Pereira (campeão da Série A em 2018 com a Unidos do Viradouro) apostou um tema mais tradicional: uma homenagem ao município fluminense de Petrópolis. ""Em nome do Pai, do Filho e dos Santos, a Vila canta a Cidade de Pedro" é o título do enredo.

- Vamos levar aquilo que há de mais belo na história da cidade e todo o glamour do Império. Faremos uma relação com as origens de Vila Isabel, a vida da princesa, que viveu neste local planejado para servir de moradia ao Império. É um sonho de Dom Pedro, que é constituído pelo imperador Pedro II e que também envolve São Pedro, padroeiro da cidade - afirmou Pereira.

Assim como o Tuiuti, a São Clemente decidiu não promover concurso de samba-enredo e vai reeditar "E o samba sambou", tema da escola no carnaval de 1990 e que lhe rendeu a melhor colocação entre as grandes do carnaval carioca - o sétimo lugar. Em seu segundo ano na escola, o carnavalesco Jorge Silveira acredita que o enredo, que criticava o afastamento do povo das escolas de samba, continua atual, mesmo 29 anos depois.

- Nossa crítica é em prol do sambista de verdade. É um resgate ao DNA da São Clemente, ao que ela construiu em toda sua história. Perdi a conta das vezes que me deparei com um amigo sambista falando que sente falta do Carnaval como festa. Sabemos do momento que nossa festa vive, no espetáculo que se transformou, mas sabemos também da importância de sempre valorizar sua essência - afirmou o presidente Renato Almeida Gomes.

O Império Serrano causou polêmica. Dona de uma das mais tradicionais alas de compositores, decidiu também não promover a disputa de samba na quadra. A escola pegou emprestada a música "O que é? O que é", de Luiz Gonzaga Jr., o Gonzaguinha., e o transformou na trilha sonora para 2019. De volta à verde-e-branco de Madureira, o carnavalesco Paulo Menezes, vai desenvolver o enredo a partir da letra do samba.

Tanto a verde e branco quanto a Acadêmicos do Grande Rio, penúltima e última colocadas em 2018 respectivamente, deveriam desfilar na Série A em 2019. Mas em reunião realizada duas semanas após o carnaval, todas as agremiações resolveram mantê-las entre as grandes. A decisão foi motivada por conta do acidente de um carro alegórico que acabou com as perspectivas da escola de Caxias na Avenida. A agremiação alegou que um dos julgadores do quesito "Alegorias e Adereços" acabou por tirar pontos da escola sob a alegação de a alegoria não ter passado pelo Sambódromo. Segundo a escola (e o Manuel do Julgador) isso seria uma atribuição do responsável pelo quesito "Enredo".

A escola de Caxias vai aproveitar o fato que a levou a permanecer no grupo para desenvolver o enredo "Quem nunca? Que atire a primeira pedra", dos carnavalescos Renato Lage e Márcia Lage. No desfile, estarão presentes uma série de transgressões como o hábito de furar filas, de fingir que está dormindo em transporte coletivos para não dar lugar a idosos e grávidas e... a virada de mesa. O objetivo do tema é mostrar que todos erram e merecem uma segunda chance para corrigir suas falhas.

Campeã da Série A em 2018, a Unidos do Viradouro abrirá o desfile de 2019 em grande estilo. Contratou o carnavalesco Paulo Barros, que anunciou o enredo "Viraviradouro". O tema, abstrado, pretende mostrar como a superação é possível por maiores que sejam as dificuldades. De carta forma, a proposta é uma alusão à própria situação vivida pela escola, que em crise financeira, amargou três anos na divisão inferior antes de voltar ao Grupo Especial.

Três escolas ainda não divulgaram seus enredos: a atual campeã Beija-Flor, que perdeu o diretor de carnaval Laíla para a Unidos da Tijuca. A agremiação do Borel é outra que ainda não apresentou seu tema para o próximo carnaval, assim como a União da Ilha do Governador. A expectativa é de que façam isso até o dia do sorteio, confirmado para o próximo dia 17.


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