Niterói dá adeus a José Chacon, 69, ex-presidente do Crea-Rio

José Chacon de Assis, engenheiro eletricista e ex-presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ), morreu na noite de terça-feira (03), em Brasília, vítima de atropelamento, quando praticava corrida. O acidente aconteceu ao atravessar o Eixo Monumental.

Chacon era desde janeiro deste ano conselheiro do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea). O presidente da entidade, Joel Krüger, decretou luto oficial de 3 dias e em nome de todos os conselheiros, manifestou seu pesar pela morte do amigo.

"Um profissional extremamente ativo, com longa história e contribuição para engenharia brasileira e para nosso sistema profissional. Estamos todos absolutamente consternados com essa triste notícia", lamentou.

Nascido e criado em Niterói, região metropolitana do Rio, José Chacon estava com 69 anos, completados neste ano, em 3 de janeiro, Ele deixa esposa, Silvia Passos, além de quatro filhos e dois netos. Há mais de 40 anos, ele era um engenheiro que atuava em questões ambientais e sociais.

Entre 1997 e 2003 presidiu o Crea-RJ, onde liderou e acompanhou campanhas contra a política de privatizações e na fiscalização do exercício profissional. Além disso, protestou e trabalhou contra a invasão de estrangeiros no mercado de trabalho brasileiro, ocupando cargos de nossos profissionais. Através de Comissão específica que nomeou, apurou e realizou debates sobre as causas da tragédia do Palace II, cassando, inclusive, o registro profissional do engenheiro e projetista Sérgio Naya.

Atuou ativamente promovendo audiências públicas, mobilizações e elaborando relatório na ocasião do derramamento de 1,3 milhões de litros de óleo na Baía de Guanabara, em 2000, e no afundamento da plataforma P-36. Em 2000, liderou a fiscalização de toda a apuração das causas da queda do alambrado no Campo do Vasco da Gama, em São Januário. Chacon sempre esteve ao lado da sociedade organizada nos principais acontecimentos que abalaram o país nestes últimos anos.

Durante a crise de energia, José Chacon, a frente do o Crea- RJ, realizou audiências públicas sobre o tema, publicou a cartilha sobre Saneamento, promovendo a campanha "Saneamento é Saúde" e mais quatro cartilhas sobre Transgênicos, esclarecendo sobre os riscos dos alimentos geneticamente modificados (transgênicos) e do uso abusivo de agrotóxicos. Além disso, se empenhou na elaboração de dossiês sobre a privatização das estatais no Rio de Janeiro, instalando comissões formadas por entidades, sindicatos, associações, companhias e Ministérios do Trabalho e da Justiça.

O coordenador do Colégio de Presidentes, engenheiro agrônomo Francisco Almeida, em nome dos presidentes dos Creas também manifestou seu pesar.

"Estamos absolutamente chocados com o ocorrido, já que na segunda-feira (2), estávamos reunidos durante todo o dia, participando da sessão plenária. Que Deus conforte a todos os seus familiares e amigos neste momento tão difícil", lamenta.

O corpo saiu na tarde desta quarta, do Hospital de Base, em Brasília, rumo ao Rio de Janeiro, onde será levado para Niterói, sua terra natal. O velório do engenheiro acontece nesta quinta-feira, na Câmara Municipal de Niterói, de 11h as 15h. O enterro será no Parque da Colina, às 16h, em Pendotiba.

Vida Política

Chacon, além de atuar ativamente nas questões sociais e ambientais por mais de 40 anos, no final da década de sessenta a década de sessenta foi presidente do Diretório Acadêmico Otávio Catanhede (Daoc), da Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense (UFF). Como engenheiro, trabalhou na Light, na Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Centrais Elétricas do Sul do Brasil (Eletrosul), Amazônia Mineração (Amza), Alumínio Brasileiro S.A. (Albras), Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, Bahia Sul - Celulose e Papel, Cenibra - Celulose Nipo-Brasileira S.A., Companhia de Cervejaria, onde desempenhou funções de coordenação, gerenciamento de empreendimentos, planejamento, orçamentação e controle de obras. Nos últimos anos, atuava como profissional liberal na área de perícias e avaliações, em especial na área ambiental. Desde 2012, ocupava o cargo de vice-presidente do Instituto Brasileiro de Engenharia de Custos (Ibec). Foi também coordenador nacional do Movimento da Cidadania Pelas Águas.

Em 1º de janeiro de 2018, Chacon havia assumido o mandato de conselheiro do Confea. Foi diretor e conselheiro do Crea-RJ, de 1994 a 1997, e elegeu-se presidente do Crea-RJ, de 1997 até 1999. Foi reeleito com segundo mandato até dezembro de 2002. Presidiu a Federação das Associações de Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro. Foi também conselheiro do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro em diversos mandatos. Foi diretor do Sindicato dos Engenheiros do Estado do Rio de Janeiro, de 1980 a 1988; e diretor e presidente da Associação Fluminense de Engenheiros e Arquitetos. Em seu atual mandato no Confea, era membro da Comissão de Articulação Institucional do Sistema (Cais), representante do Plenário no Conselho de Comunicação e Marketing (CCM) e coordenador da Comissão Temática de Estudos Socioambientais. Em sua atuação no Plenário do Conselho Federal, destacou-se pela Defesa da Eletrobrás, aprovada por unanimidade em Plenário.

Atuação Política

José Chacon de Assis também foi muito atuante politicamente onde se tornou um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT) de Niterói e participou das lutas pela anistia, pelas Diretas Já e por uma nova Constituição para nosso país, tendo ajudado a escrever o capítulo relacionado a meio ambiente da constituição do Estado do Rio de Janeiro. Desenvolveu, entre inúmeras outras, a campanha pelo tratamento dos esgotos sanitários, a Campanha Amar o Mar, da coordenação dos trabalhos sobre a Lei Orgânica de Niterói, e da elaboração do Plano Diretor de Niterói e de São Gonçalo. Lutou contra o roubo de areia em Itaipuaçu. Esteve à frente da campanha pela criação e implantação do Parque Estadual da Serra da Tiririca e pela criação e implantação do Parque Municipal da Serra Grande.