O Flamengo rebateu no fim da tarde desta terça-feira (19) as acusações feitas por três advogados representantes de sete das vítimas fatais da tragédia do Ninho do Urubu, que concederam, também nesta terça-feira, uma entrevista coletiva contestando a diretoria rubro-negra.
Arley Carvalho, Mariju Maciel e Paula Wolff, representantes das famílias de Christian Esmério, Gedinho, Pablo, Jorge Eduardo, Arthur, Samuel e Rykelmo, falaram com a imprensa e cobraram mais atenção e carinho no tratamento do clube para com os familiares.
Arley declarou que o Flamengo tem feito o inverso do que tem passado para a midia nestes 40 dias passados do incêndio no contêiner que abrigava, no centro de treinamento, os jovens atletas da base. Ele disse que estavam ali para passar o que o clube não tem feito.
"Nós estamos é dando o suporte que o clube deveria e não vem fazendo. Ontem na Alerj houve uma homenagem. A segunda que eles receberam. A primeira foi no Fla-Flu, pela torcida. Flamengo nem procurou para dar a solidariedade que o caso merece", falou o advogado.
"O objetivo principal é que a população saiba a verdade. Não existe negociação com nove famílias, como diz o Flamengo. Tenho dúvida sobre qual patrocinador gostaria de vincular sua marca ao clube. Tivemos a notícia de que o ar-condicionado tinha pegado fogo. Se não foi esse o aparelho da tragédia, vai ser apurado. Mas não podiam estar dormindo lá", complementou Mariju.
A advogada ainda acrescentou que as famílias estão abertas a um acordo, mas quem tem que procurar é o clube. Ela argumentou que as famílias não foram causadoras e que não há resistência dos advogados representantes. Disse que o Flamengo não os procurou e que até agora só falou através do tribunal.
Existe inclusive, segundo informou a advogada Paula Wolff, vídeos datados, com os familiares dizendo que não foram procurados pelo Flamengo. Ela reafirmou que as famílias das vítimas não estão sendo chamadas, que o clube não fez contato e faz parecer que só não houve acordo por causa dos advogados.
Flamengo rebate acusações e diz que advogados encerram conversas
Mas o Flamengo se posicionou, com uma nota oficial por escrito, rebatendo as acusações e tentando esmiuçar cada detalhe para esclarecer os fatos, de acordo com o que afirma tem sido as ações e conduta do clube diante de todos os que foram atingidos pela tragédia, tanto os familiares das dez vítimas fatais e três feridos, como aos demais atletas da base que ocupavam o local do incêndio.
Acompanhe na íntegra o posicionamento do Flamengo:
Em primeiro lugar, o Clube de Regatas do Flamengo esclarece que, diferentemente do que afirmaram os três advogados, jamais afirmou estar negociando com nove famílias. O clube reafirma que já fechou acordo com uma família e negocia com três. E segue aberto para novas negociações. Vale esclarecer que a advogada da família do atleta Rykelmo é a Doutora Gisleine Nunes, que já se reuniu com o corpo jurídico do clube.
Quanto à afirmação de que o clube não procurou as sete famílias representadas pelos três advogados para negociar, o Flamengo lembra que em reunião no Tribunal de Justiça, no dia 21/2/2019, os advogados não concordaram com os termos propostos e encerraram as conversas.
Também diferentemente do que foi dito pelos advogados, o Flamengo vem dando sim todo apoio material e psicológico às famílias dos atletas que se encontravam no Centro de Treinamento George Helal no dia do incêndio (8/2/2019) que vitimou dez jovens.
Nestes 39 dias, o clube procurou estar sempre ao lado das famílias dos atletas, dando suporte financeiro e psicológico. Todas as despesas com transporte, alimentação e hospedagem ficaram a cargo do clube, que não mediu esforços para atender a todas as demandas.
Durante todo o período no qual os três atletas que se feriram permaneceram hospitalizados, o clube manteve um responsável para cuidar da logística dos familiares, além de um médico para acompanhar todos os procedimentos no hospital. A hospedagem e a alimentação dos parentes também ficaram a cargo do clube.
Somente com passagens aéreas e hospedagem de parentes, advogados e empresários dos jogadores o Flamengo gastou até o momento R$ 222.580,30. Nesta quantia está incluído o fretamento de um avião para agilizar os sepultamentos dos casos em que a logística era mais complicada.
Vale registrar que o Flamengo continua dando uma ajuda de custo mensal de R$ 5 mil para as nove famílias que ainda não acertaram as indenizações.
Em relação aos 16 atletas sobreviventes, o clube já fechou acordo com 13 famílias e está em negociação com as três restantes.
O clube também já prestou inúmeras homenagens aos atletas, quase todas devidamente registradas pela imprensa, entre elas a missa de sétimo dia, a missa de um mês, além do luto em todos os esportes até o fim de 2019. A homenagem realizada antes do Fla-Flu do dia 14 de fevereiro, no Maracanã, foi toda organizada e custeada pelo clube. Além disso, em todos os sepultamentos havia um representante do clube.
Mais uma vez o Flamengo reitera que continua à disposição das famílias para que tudo seja resolvido o mais rapidamente possível.