Dicas para passar o Ano Novo longe da angústia e da tristeza

Comprar presentes, preparar a ceia ou a viagem, receber e reunir amigos, vizinhos e familiares... Fim de ano traz euforia para celebrar o Ano Novo com os parentes e amigos para boa parte das pessoas. Mas há aquelas que ficam mais introspectivas e até sofrem com essa data, especialmente se vivenciaram o sentimento de perda recentemente. A assistente social Márcia Torres, coordenadora do projeto A Vida Não Para, do Crematório e Cemitério da Penitência, e autora do livro Oito Histórias de Saudade, diz que essa época do ano é delicada para quem ainda não ressignificou a sua vida após uma perda.

Torres explica que cada pessoa pode ter uma reação e recomenda que cada um deve exercitar o seu autoconhecimento. “Olhe para dentro de si e deixe as emoções fluírem. Você pode definir o que quer e como quiser. Se nada tiver significado, acolha-se! Converse com sua família sobre suas vontades; manter ou não a tradição é opcional e pessoal.”, orienta.

Acompanhe as dicas da especialista e passe bem o seu Reveillon!

Convite para festa: aceitar ou não?

Aceitar ou não um convite é algo pessoal. Lembre-se que você pode aceitar e desistir no momento de sair ou ainda, pode ir e querer voltar. O mais importante é acolher-se; respeitar suas vontades.

Beber: isso é ruim ou bom?

A bebida pode te anestesiar e não lhe permitir externa suas dores. Só você pode avaliar. Ficar triste ou alegre demais são formas de extravasar as dores também; chorar ou rir é permitido. Depois que perdemos alguém, nossos conceitos mudam e não nos preocupamos muito com o que "o outro" pensa a respeito. A dor é sua!

Sou obrigada a sorrir?

Não! Se der vontade de chorar, chore. No luto não há certo ou errado, existe você e sua dor.

Reclusão: posso optar por ficar sozinha ou reclusa?

A decisão é somente sua. Se você tem outras pessoas ao redor, sente e dialogue sobre isto. Respeite-se!

Passou! O que explicar para as pessoas que insistem que tenho que virar a página?

Diga simplesmente que as datas significativas são sem cor e sem sentido naquele momento e que ‘virar página’ não é fácil, até mesmo porque o processo é longo e doloroso. Pergunte para a pessoa se ela já perdeu um amor da vida dela e faça silêncio.

Devo usar preto para expressar meu luto?

O luto não tem cor, a pessoa pode usar a cor de sua preferência ou a cor que seu ente gostava. A cor não tem importância, a expressão do luto está no olhar.

Recordação: devo passar o Ano Novo com alguma peça ou fazer algum hábito de quem se foi como forma de recordação ou homenagem?

Isso também é escolha da família. Cada um sente o luto de uma forma. Se a família desejar, poder homenagear o ente querido usando roupas, jóias, pertences em geral ou fazer aquilo que a pessoa gostava para a ceia, por exemplo, ou simplesmente colocar um porta-retrato com fotos em família. Mas, se para você isso for um ‘gatilho’ para não ficar bem, deixe essa ideia de lado. O luto é um processo e deve ser vivenciado de forma natural. Por isso é importante o autoacompanhamento, o compartilhamento e troca de experiências entre pessoas que sentem o mesmo que você, assim como fazemos no nosso programa A Vida Não Para.