O Rio de Janeiro ainda convive com os estragos causados pelas fortes chuvas que atingiram o estado no fim de semana. Nesta terça-feira (16), algumas localidades ainda estavam debaixo d'água. Doze pessoas morreram e continuam as buscas por duas pessoas desaparecidas. Os impactos foram maiores na Zona Norte e na Baixada Fluminense, onde rios transbordaram. Mais de duas mil pessoas foram cadastradas por prefeituras fluminenses e cerca de 130 delas estão desabrigadas ou desalojadas. Nos municípios da Baixada Fluminense, o número de vítimas fatais chegou a nove.
Ouça no podcast do Eu, Rio! a reportagem de Priscila Thereso, da Rádio Nacional, sobre a distribuição emergencial de recursos pela União para as prefeituras das cidades mais afetadas pelas chuvas.
A dona de casa Rita de Cássia, moradora do Parque São José, em Duque de Caxias, e o empresário Fábio Vaz, que reside na Pavuna, na Zona Norte, relataram o sufoco que passaram por conta das inundações.
“A água entrou na minha casa, mas deu tempo de eu suspender as coisas. Mas teve gente aqui na rua, pessoas que moram mais próxima ao rio, que perderam tudo”, disse Rita de Cássia.
"Eu estava em Araruama com minha família quando uma vizinha me ligou e disse que meu cachorro estava morrendo afogado. De início, pensei que era uma brincadeira. Moro naquele local há onze anos e nunca a rua encheu a ponto de entrar na minha casa, quanto mais a ponto de matar o meu bichinho. Tenho um labrador, animal de porte grande, e me assustou quando ela disse que ele estava nadando no meu quintal”, contou Fábio Vaz.
Na coletiva de imprensa realizada ontem (15), o governador do Rio, Cláudio Castro, afirmou que o estado vem investindo em políticas de prevenção. Porém, mais tarde, admitiu que há um déficit nas obras e afirmou que o caixa do governo passa por problemas fiscais. O governador disse ainda que a prioridade, no momento, é a limpeza das ruas atingidas e informou que foram enviadas para a Baixada Fluminense cem máquinas, entre elas tratores e caminhões para recolhimento de entulho.
As declarações do governador aconteceram após ele se reunir com os representantes das secretarias estaduais no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na Cidade Nova. Castro havia chegado há poucas horas dos Estados Unidos, onde passava férias. O governador defendeu também a união do estado com as prefeituras e a Federação.
Uma comitiva do governo federal visitou nesta terça (16) as áreas atingidas pelas chuvas na capital e na Baixada Fluminense. O grupo foi formado pelos ministros da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes; da Igualdade Racial, Anielle Franco; do Meio Ambiente e Mudança do Clima; João Paulo Capobianco; e do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Osmar Almeida Júnior. A União reconheceu a situação de emergência nas cidades do Rio, Belford Roxo, Nova Iguaçu e São João de Meriti. A partir dessa medida, os municípios podem solicitar recursos federais para ações que visam mitigar os impactos dos temporais.
O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social anunciou, para esta quinta-feira (18), o pagamento do Bolsa Família para beneficiários de cidades em estado de calamidade. O auxílio, que seria pago de forma escalonada até 31 de janeiro, foi adiantado para ajudar os beneficiários impactados pelas chuvas.
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro também instituiu um gabinete de enfrentamento de crise para receber as demandas da sociedade. Os integrantes desse grupo estão em contato com as autoridades do estado e dos municípios atingidos para acompanhar as medidas adotadas. O MPRJ disponibilizou o seu canal da Ouvidoria, através do telefone 127.
Muitas ONGs do Rio também estão mobilizadas para ajudar quem precisa. A Ação da Cidadania lançou, nesta segunda-feira (15), a campanha "Emergências", que vai levar alimentos, água mineral, kits de higiene e de limpeza para os locais impactados pelas tempestades. A organização está fazendo um levantamento com o apoio de lideranças cadastradas em sua rede para o envio imediato dos itens.