A ALERJ derrubou o veto do governador Wilson Witzel ao Projeto de Lei 4428/2018, do deputado estadual Waldeck Carneiro, que determina o tombamento, como Patrimônio Histórico e Cultural do Estado do Rio de Janeiro, do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, localizado no Centro do município do Rio. “O Liceu foi um projeto arrojado, pioneiro, de inclusão social, uma das mais importantes instituições de ensino artístico e profissionalizante no Brasil até a primeira metade do século XX. Integra, de forma brilhante, a história da educação brasileira. Em razão do tombamento, fica proibida qualquer destruição ou descaracterização do imóvel em questão, preservando-se suas características originais”, destaca Waldeck, ressaltando que a unidade comemorou, no último dia 23/11), 162 anos de fundação. A ALERJ terá quinze dias para publicação da nova lei no Diário Oficial.
Fundado em 1856 pelo comendador Francisco Joaquim Béthencourt da Silva sob os auspícios da Sociedade Propagadora das Belas Artes, a fim de difundir o ensino pioneiro das belas-artes aplicadas aos ofícios e à indústria voltado especialmente para homens livres da classe operária, oferecendo ensino intermediário que propiciasse o exercício profícuo e digno de uma profissão técnica e industrial. Foi inaugurado oficialmente em 9 de janeiro de 1858 com 351 alunos matriculados. Somente em 1881 as mulheres foram admitidas em seus cursos.
A unidade contou com mestres ilustres e alunos que se tornaram figuras importantes no cenário nacional, destacando-se o presidente Hermes da Fonseca, Djanira, Di Cavalcanti, Portinari, Ibrahim Sued, Cartola, Ângela Maria, Cauby Peixoto, Millôr Fernandes, Sandra Cavalcanti, Frederico Trota e o maestro Eleazar Carvalho e, ainda, os grandes mestres Vitor Meirelles, Armando Viana e Oswaldo Teixeira. Ícone da arquitetura moderna, o prédio instiga a curiosidade sobre o passado e o resgate da memória cria vínculos com a escola, despertando o interesse por sua conservação.
Atualmente, o Liceu possui cursos de educação infantil, de ensino fundamental e médio, cursos técnicos de publicidade e informática, e grande variedade de cursos livres em artes plásticas, artes cênicas, dança, esporte e saúde. Superar os preconceitos quanto ao ensino das artes mecânicas ou industriais, abrir caminhos e conquistar espaços foram aspectos constantes na vida do Liceu. “Sua trajetória ressalta o seu pioneirismo ao estabelecer conceitos e soluções num Brasil desprovido de ensino técnico-profissionalizante e de mão-de-obra qualificada. Singular foi a sua atuação, assim como a constante adaptação da proposta pedagógica às necessidades do mercado de trabalho e às exigências das novas leis educacionais, mormente ao longo do século XX”, finaliza Waldeck.