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Protagonista em cena, Dedé Santana mistura comédia e drama em "Palhaços"

Trapalhão relembra dificuldades que passou quando trabalhou em circo

Por Gabriel Gontijo em 01/04/2019 às 14:26:41

Foto: Divulgação

Um encontro casual entre um palhaço bem experiente, conhecido como Careta, e um vendedor de loja de sapatos chamado Bemvindo mostra como a vida, drama e comédia se cruzam de forma tão natural quanto surpreendente. Esse é um resumo do que o espectador encontra na peça "Palhaços", que está em cartaz até o dia 14 no Teatro Clara Nunes, no Shopping da Gávea, na Zona Sul do Rio.

Produzida por Fioravante Almeida - que também atua no espetáculo - e dirigida por Alexandre Borges, a peça mostra algo não muito comum na carreira do eterno trapalhão Dedé Santana, que é o papel de  protagonista. Prestes a completar 83 anos de vida, o ator mostra um fôlego de menino no palco e relembra algumas das suas dificuldades quando foi artista de circo.

Apesar de ter nascido em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, Dedé morou em vários lugares do Brasil, pois seus pais faziam apresentações em inúmeras cidades. Em conversa com o "Portal Eu, Rio!", o trapalhão lembrou o dia que precisou fazer o público rir enquanto o pai era velado.

"Foi um tempo muito difícil, onde minha mãe segurou uma barra pesada. No dia que meu pai morreu, os ingressos foram todos vendidos e era a estreia do espetáculo. Minha mãe chegou e disse que tínhamos que fazer o melhor show das nossas vidas para darmos um enterro digno ao meu pai. Minha mãe era muito guerreira, aguentou firme muita coisa. Pena que no final da vida foi entregando os pontos", recordou Dedé.

Outras dificuldades são lembradas com risadas pelo Cigano de Niterói. Ele contou que certa vez sua família recebia todo o tipo de ajuda de uma família rica em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Até o dia que o pai de Dedé (ainda vivo) recebeu uma alta quantia para se mudarem. 

"Meu pai não queria receber o dinheiro, pois achava que precisava fazer algo por isso. Mas a família insistiu muito e o meu quis saber o motivo da ajuda. Eles responderam que era mais barato pagarem toda a nossa mudança do que ajudar com o sustento", lembra às gargalhadas. Ele também revelou que a família que deu essa assistência foi de um então jovem Sérgio Murad, que depois se tornou um empresário de sucesso com o nome de Beto Carrero, falecido em 2008.

Prazer e emoção

Atuando ao lado de Dedé, Fioravante Almeida fala da emoção de estar em cena com alguém que acompanhava desde a infância. Ele também falou da leveza que é trabalhar com o trapalhão.

"Trabalhar ao lado do Dedé é um prazer muito grande. O engraçado é que eu lembro de muitas coisas do auge dos Trapalhões e nunca imaginei que um dia trabalharia com um deles. O bacana é que o Dedé não é nada vaidoso. Mesmo ele tendo o nome que tem, sempre procura aprender técnicas de teatro e em todas as horas está disposto a ouvir", detalha Fioravante.

Convite e roteiro

Ao falar com o "Portal Eu, Rio!", Alexandre Borges disse que o nome de Dedé Santana surgiu em uma conversa com Fioravante Almeida, mas ambos esperavam que não houvesse sucesso quando o convite foi feito.

"Quando eu e o Fioravante fomos conversar, o primeiro nome que surgiu foi do Dedé por todo a ligação que ele tem com o circo. Inicialmente, pensamos que ele ia recusar pela agenda dele que é bem apertada. Nem acreditamos quando ele aceitou de primeira", admitiu o diretor.

Borges também fala que sempre conversa com Dedé para ele seguir o roteiro, mas reconhece que libera alguns "cacos" de vez em quando para deixar o artista mais à vontade em cena, já que o trapalhão está bem acostumado com esse tipo de situação

Investimento no circo

Apesar da alegria durante a entrevista, Dedé revela se sentir triste com o atual estado de abandono da arte circense no país. Ele não se conforma com o Circo de Soleil cobrar um ingresso caro e ter uma série de anunciantes enquanto muitos circos estão fechando.

"Vem o Circo de Soleil aqui no Brasil e conta com uma quantidade enorme de patrocinadores. E ainda cobram um valor caríssimo pelo ingresso. Mas você vê pelo Brasil diversos circos sem nenhum tipo de apoio. Se o governo ou o Ministério da Cultura fizessem um plano pra ajudar com apenas 100 mil reais cada circo, o cenário seria bem melhor. Mas infelizmente não há interesse", desabafou Dedé.

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