Durante o mês de março, quem vem ao Hospital Getúlio Vargas Filho, o Getulinho, em Niterói, vai se deparar com uma bela exposição em seus corredores: “Mulheres que Fazem História”. Em um grande mural, o brilho das luzes que iluminam fisicamente as trajetórias das mulheres remetem ao brilho dos próprios relatos, carregados de resistência pelos desafios superados.
“Esta homenagem às mulheres foi fruto de um trabalho coletivo. O ponto alto é essa exposição que trata do exemplo de mulheres pioneiras em suas áreas de atuação, os relatos das trabalhadoras do Getulinho, que são as mulheres que constroem a história no cotidiano, em ato. Além da esperança de novas conquistas a partir das mulheres do futuro: as meninas atendidas aqui no Hospital”, afirmou Elaine López, diretora do Getulinho.
Elaine conclui afirmando que “são momentos assim que nos permitem conectar com nossa humanidade e nossa vocação. Gostaria muito que essa experiência se transformasse em um momento de reflexão sobre a condição da mulher na sociedade e nos fortalecesse para os desafios diários”.
Segundo o texto introdutório da mostra: “o Dia Internacional da Mulher é um marco histórico na luta por igualdade de gênero (...) Nossos passos vêm de longe e nossos papéis sociais e possibilidades são infinitas, embora a sociedade ainda nos imponha limitações”. A introdução ressalta também que é feminina 75% da força de trabalho dessa unidade pediátrica referência no estado do Rio de Janeiro.
Na mesma exposição, um poema construído a 6 mãos por profissionais da unidade está sendo exibido. Em dinâmica realizada pela Pedagogia Hospitalar da unidade, mulheres negras relataram o orgulho e as batalhas que perpassam a questão racial e de gênero. Com inspiração das músicas da Dona Ivone Lara e os escritos de Conceição Evaristo e Carolina Maria de Jesus, a poesia foi desenvolvida pela auxiliar de serviços gerais Adriana Gomes, a técnica de enfermagem Valdinete de Matos e as trabalhadoras da administração Andrea Cristina, Karoline Marinho, Leilane Correa e Ilmara Pedro.
Sobre a relação da mostra com o trabalho no Hospital, Ilmara afirmou que “a mulher querendo ou não está muito ligada ao espaço de cuidado então é importante dialogar sobre isso. Afinal, estamos aqui para ajudar as crianças e os profissionais”. Ela foi uma das vencedoras do Bingo Temático que além da exposição fez parte da programação dessa celebração às mulheres. Na brincadeira, as profissionais deveriam marcar frases que fazem referência à condição de ser mulher, como “sou mãe solo”, “entendo de mecânica” e “assumi meu black”. “É um bingo reflexivo que reflete a diversidade das mulheres”, explicou a assistente social Denise Melo.
As mulheres também puderam, entre os dias 6 a 8, receber cuidados de beleza. Elas tiveram direito à hidratação de pele, aplicação de tranças nagô e design de sobrancelha. Tudo para deixar a autoestima lá em cima, o que acaba também favorecendo no bem-estar necessário para que a mulher se fortaleça na luta para a construção de uma sociedade mais justa e solidária. A oficina de beleza derivou de uma parceria com o Sindicato dos Trabalhadores em Asseio, Conservação e Limpeza Urbana de Niterói (Sintacluns), presidido por Romério Duarte. O Sindicato organiza o Salão Escola que fornece diversos cursos na área da beleza e já formou mais de 6 mil pessoas - tendo realizado ações também com pessoas em situação de rua e usuários de drogas.
Enquanto se embelezava com as tranças nagô em seus cabelos, a farmacêutica Claudia Soares comentou: “Esse momento de descontração para o funcionário é bem bacana. A gente aqui está se sentindo viva, saindo da rotina. A gente se sente valorizada e importante”.
As dinâmicas se encerraram no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, porém a exposição permanecerá disposta durante o mês de março. Todos e todas estão convidados para conhecer esses emocionantes relatos. (Endereço do Getulinho: Rua Teixeira de Freitas, sem número, Fonseca, Niterói/RJ).