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Ar condicionado: vilão de incêndios ou (in) consequência da falta de manutenção?

Recentes acidentes e tragédias reforçam o perigo de não realizar vistoria nos aparelhos

Por Jonas Feliciano em 03/04/2019 às 10:09:00

Foto: Pixabay

No último sábado (30), um incêndio atingiu a prefeitura de Niterói. De acordo com informações do próprio governo do município, o acidente teria iniciado no sistema de ar-condicionado do imóvel. Da mesma forma, exatamente uma semana antes, dois apartamentos em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro, também sofreram o mesmo problema. Na ocorrência, uma pessoa ficou ferida e, segundo algumas testemunhas, o evento começou após a explosão do aparelho de refrigeração. 

A princípio, tais notícias parecem até corriqueiras, já que episódios como estes acontecem com certa frequência. Contudo, elas chamam à atenção para um cuidado: a manutenção dos aparelhos de ar-condicionado. Isso porque, somente na cidade maravilhosa, duas grandes tragédias foram causadas por problemas nestes objetos. 

Em setembro de 2018,  o Museu Nacional foi destruído pelo fogo. Não houve vítimas fatais, porém um acervo histórico com aproximadamente 20 milhões de peças foi completamente devastado. Um relatório da Polícia Federal, publicado pelo Estado de São Paulo, revelou que o evento também teria iniciado por um curto circuito em um ar-condicionado.

Em janeiro de 2019, mais uma grande tragédia abalou os cariocas. Um incêndio de grandes proporções devastou o campo de treinamento do Flamengo, conhecido como Ninho do Urubu. Naquela ocasião, dez jovens atletas do time de base do clube morreram. Outra vez, relatos de sobreviventes apontaram para uma explosão em um dos aparelhos de refrigeração do alojamento. Apesar da sucessão de erros, a pane elétrica de um dos equipamentos foi a principal causa do fogo.

Para o engenheiro elétrico Matheus Celestino, os motivos de um incêndio envolvendo os aparelhos de ar-condicionado devem ser analisados caso a caso. Afinal, diversos fatores podem influenciar para que eles aconteçam. De qualquer forma, Matheus alerta para determinados cuidados.

"Uma instalação elétrica realizada por um profissional não habilitado pode ser considerado o primeiro de uma série de equívocos, por exemplo. Outra falha é a ausência de um disjuntor. Assim como, ligar o aparelho na tomada utilizando um benjamim. Isso é bem errado e pode provocar o aquecimento daquele ponto de ligação. Além é claro, de problemas em componentes internos como o compressor. Nestes casos, é necessário uma perícia mais detalhada, o que leva algum tempo", explicou.

O engenheiro destacou os chamados "picos de luz". Para ele, a "subtensão" ocasiona o aquecimento do equipamento. Sendo assim, quando a tensão diminui, ele mantém a potência e tende a apresentar um aumento da corrente elétrica. Por isso, se os fios ou os disjuntores estiverem mal dimensionados, existe uma maior probabilidade de desencadear algum tipo de incêndio. Principalmente, em máquinas mais antigas.  

Manutenção e Prevenção 

A manutenção também é primordial. Segundo Matheus, o que se pode fazer quando não se trata de um profissional especialista, é a limpeza do objeto. A identificação de barulhos anormais ou qualquer falha de funcionamento são sinais que precisam ser levados em consideração para alguma necessidade de avaliação. 

"Como engenheiro e brigadista voluntário, também recomendo que ao identificar um princípio de incêndio no ar condicionado, o primeiro passo é orientar a todos para saírem do local, além de desligar a chave geral da instalação. Se o Plano Neutro ou a camada de fumaça no teto, já não der mais para ver o ar condicionado, é necessário sair antes que ela fique mais forte. Nunca jogue água sem antes desligar o equipamento, pois há um elevado risco de ser eletrocutado", relembrou o engenheiro.

"O jeitinho brasileiro" e a verdadeira segurança 

De acordo com Wesley Pinheiro, especialista em prevenção de incêndios, existe uma falta de cultura, educação e investimento em segurança. Ele afirma que, no Brasil, há sempre o "jeitinho" de se fazer as coisas. Por isso, muitas vezes, questões como o preço e a falta de ações preventivas acabam influenciando em decisões equivocadas.

"Eu acredito que em relação às devidas mudanças, precisamos alterar a legislação. Necessitamos, por exemplo, investir nas nossas crianças para que mais na frente consigamos criar ambientes mais seguros. De um modo geral, tratando-se de sistemas elétricos, é essencial o planejamento do que vai ser instalado. Quase sempre, problemas como estes são resultados de soluções amadoras, clandestinas ou mais baratas. Além disso, determinados índices ainda não incomodam as autoridades responsáveis", destacou Weslley.

O especialista ressaltou sobre os cuidados com o excesso do uso de aparelhos que estão além da carga suportável do planejamento inicial de um imóvel. Para tanto, Weslley reforçou a atenção para o uso dos aparelhos de ar-condicionado.

"Vale a pena utilizar uma rede exclusiva no equipamento. Inclusive, embora não seja usual, aconselho que cada ar tenha seu próprio disjuntor, além da chave geral porque isso pode evitar maiores acidentes. Sem esquecer da manutenção realizada por locais autorizados evitando o serviço de curiosos. Até porque, a utilização do serviço qualificado vai respaldar o consumidor em situações que exijam a comprovação junto às seguradoras, por exemplo", relembrou Weslley.

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