A capital do Rio de Janeiro enfrenta uma epidemia de dengue e, desde o início do ano, já foram registrados mais de 50 mil casos da doença, mais do dobro de todo o ano passado (22.959 ocorrências). Toda a população carioca precisa tomar medidas de proteção, mas especialistas alertam que o cuidado necessita ser ainda maior entre pessoas imunossuprimidas, como pacientes com câncer, já que elas não podem ser vacinadas.
A infectologista Isabella Cleinman, coordenadora médica do serviço de controle de infecção hospitalar do Hospital Marcos Moraes, explica que, embora seja uma esperança para a população, a vacina contra a dengue, liberada pela Anvisa e recomendada para quem tem entre 4 e 60 anos, não deve ser ministrada a pacientes oncológicos, pois é composta por vírus vivo atenuado.
“A recomendação é que pacientes que estejam em tratamento não sejam imunizados. Já os que encerraram a terapia devem esperar seis meses após o término”.
Mais chances de agravamento
A especialista também alerta que pacientes em tratamento oncológico podem ter mais chances de desenvolver a forma mais grave da dengue, a hemorrágica. Isso ocorre porque a quimioterapia, uma das terapias mais empregadas no combate a neoplasias, leva, muitas vezes, à queda de plaquetas, que têm justamente a função de interromper o fluxo sanguíneo quando um vaso é rompido, além de impedir sangramentos.
Pacientes com câncer hepático ou hematológicos, como leucemias e linfomas, também devem ser acompanhados de perto caso contraiam dengue, diz a infectologista:
“Como a dengue pode acometer as células do fígado e provocar lesões hepáticas, os pacientes com câncer hematológico ou hepático, que costumam já ter baixa de plaquetas ou anemia, por conta da doença crônica, podem ter também o quadro agravado, já que as formas hemorrágicas da dengue provocam o consumo dos fatores de coagulação”.
Cuidados que devem ser tomados no cotidiano
Os pacientes oncológicos devem, como todos, evitar locais com água parada, não deixando caixas d’água destampadas e vasos de planta com pratinhos para evitar o surgimento de criadouros de mosquito. Outro cuidado fundamental é a aplicação correta de repelente, que deve ser passado em toda a área exposta. “Só não é indicado usar o repelente em áreas com corte ou inflamadas”, diz Isabella, que recomenda ainda que, sempre que possível, os pacientes fiquem em áreas com ar-condicionado, já que, no frio, o Aedes aegypti fica mais inativo.
Sintomas da dengue
Os sintomas mais comuns são febre alta, geralmente 39° a 40°, dor de cabeça, prostração, dor no corpo e atrás dos olhos. Manchas vermelhas na pele também podem ocorrer. Perda do apetite, náuseas, vômitos e diarreia são outros sinais.
A fase mais crítica da dengue costuma ocorrer quando a febre cessa. Se houver dor abdominal, vômitos persistentes, sangramento de mucosas ou desmaios, é preciso procurar atendimento médico imediato, pois o quadro pode ter evoluído para dengue hemorrágica.