Desde muito nova, a empresária Manu Farias já tinha contato com vendas. Com o pai ambulante, ela, aos sete anos, o acompanhava na feira aos domingos. Aos onze, ajudava a vender o café da manhã para quem fazia aula em um clube em que o pai trabalhava. Hoje, Manu é dona do Brechó Fashion Carioca, que fatura mais R$ 1 milhão por ano. Mas foi com muita luta que as coisas começaram a dar certo.
“Eu tive uma infância bem humilde. Meus pais não tinham condições financeiras. Eu estava sempre em busca de uma forma de ajudar, até porque tinha que comprar material escolar. E não era barato uniforme, essas coisas, sabe?”, conta Manu. A empresária destaca que sempre teve essa ânsia de crescimento e querer mudar as coisas.
Aos 16 anos, ela se formou no Ensino Médio e conseguiu o primeiro emprego de carteira assinada, em uma famosa rede de fast food. “Fiquei seis meses na empresa. No sexto mês já era funcionária-destaque do mês. Tenho essa foto até hoje. Pedi para sair porque tive uma oportunidade, no shopping, para trabalhar numa loja de calçados infantiis", explica a empresária, que mais uma vez teve as vendas como parte de sua vida.
Depois da loja de calçados infantil, ela passou por outra loja, dessa vez de roupas masculinas, onde ficou por quatro anos e chegou a se tornar gerente de vendas. Aos 21, logo após deixar o estabelecimento, Manu engravidou de sua filha Ana Carolline, que hoje tem 19 anos e ficou o período gestacional desempregada. Foi quando a filha tinha seis meses que a empresária conseguiu um emprego em um Call Center. “Voltei para o mercado neste setor e não me identifiquei. Fiquei nessa busca durante uns quatro anos, porque quando a gente está com um filho pequeno fica difícil coordenar o seu trabalho e também prestar atenção devido ao seu filho. Então, foi um período conturbado”, desabafa.
Foi quando surgiu a oportunidade de ser vendedora no Brechó Fashion Carioca, inaugurado em agosto de 2009. Manu teve a oportunidade de participar de todo o processo antes mesmo da abertura da loja, localizada em um shopping na Barra da Tijuca. “Participei de todo o processo de curadoria das peças até a inauguração da loja. Eu fui a primeira funcionária e nela estou até hoje como proprietária. Fui me apaixonando por cada detalhe, desde o atendimento aos clientes, curadoria das peças, conhecimento das marcas, porque na época eu não conhecia todas. O dia-a-dia me trouxe esse conhecimento, mas era um universo totalmente novo para mim”, conta a empresária.
Naquela época, ainda existia uma grande resistência em comprar peças de segunda mão. Porém, com muito esforço, o brechó foi conquistando espaço no mercado. Foi ali que Manu começou a entender o potencial do negócio, sendo a única funcionária que cuidava de todos os segmentos da empresa. A antiga dona era uma socialite da Barra da Tijuca, que viajava bastante e confiava em Manu para cuidar de tudo.
Em 2013, a antiga patroa precisou se mudar do Rio de Janeiro e optou pela venda do Brechó. “Como tínhamos uma ótima relação, ela me perguntou se eu não queria assumir a loja, comprando o ponto. Na época, eu não tinha capital, pois meu salário só dava para pagar as contas. Mas, ao mesmo tempo, vi a oportunidade de mudar minha história de vida: sabia do potencial da loja, que eu poderia trabalhar de forma diferente e alcançar mais pessoas”, diz.
Em uma conversa com o marido Alan, Manu decidiu usar a rescisão contratual para pagar os custos de aluguel, contas da loja e contadora, além de pegar um empréstimo no banco a fim de pagar o ponto para a antiga dona. “Foi o que fiz: peguei o empréstimo parcelado. Mas eu não podia errar, tinha de ser um tiro certeiro. Trabalhei sozinha nos primeiros meses para não ter tantos custos e fazer um capital”, finaliza a empresária. Com dedicação, o negócio foi crescendo aos poucos e hoje, com dez anos de gestão, Manu fatura mais de R$ 1 milhão por ano e está focada na reforma da loja antes de pensar em outros espaços, pretendendo, inclusive, aumentar o lucro em 2024.