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Contato com água contaminada pode causar doenças dermatológicas

Riscos de doenças aumentam após fortes tempestades do Rio

Por Jonas Feliciano em 11/04/2019 às 10:45:49

Foto: Jorge Hely

As chuvas fortes que devastaram o Rio de Janeiro na última segunda-feira (8) deixaram diversos bairros alagados. Aos poucos,  depois da tragédia, a cidade começa a retomar a normalidade. Contudo, com o risco de outras enchentes, é preciso alertar a população sobre cuidados importantes como, por exemplo, o risco de doenças devido o contato com a água contaminada.

Neste contexto, vale ressaltar que a pele é a principal proteção do corpo humano contra as bactérias e outros agentes que podem causar comorbidades. Por isso, quando enfrentamos inundações, é exatamente ela que entra em contato direto com a água misturada ao esgoto e outros tipos de dejetos.

A Sociedade Brasileira de Dermatologia do Rio de Janeiro (SBD-RJ) faz um alerta sobre as lesões que podem surgir, após uma possível contaminação. Além disso, a entidade chama a atenção para os sinais que as pessoas precisam ficar atentas e como perceber precocemente vermelhidões e lesões resultantes de alguma infecção pós-exposição a água contaminada.

A médica dermatologista Regina Casz Schechtman,  membro da SBD-RJ, reforça sobre quais as lesões na pele que podem surgir diante dessas situações. Ela orienta que há a possibilidade das alteracões dermatológicas indicarem uma infecção local, como também uma doença infecto-contagiosa mais grave, que apresenta manifestações na pele ou repercussões sistêmicas.

Este é o caso da leptospirose que tem entre seus sinais, o surgimento de manchas vermelhas na pele, em média de sete a 15 dias, depois do contato com a água contaminada. Trata-se de uma infecção aguda causada por bactérias presentes na urina de ratos. É potencialmente grave e pode até levar à morte. 

Além de exantemas, que são as manchas vermelhas, a doença apresenta outros sintomas como febre alta, mal-estar, dor muscular, dor de cabeça e no peito, vermelhidão nos olhos, tosse, cansaço, calafrios, diarreia e desidratação.

Já entre as patologias essencialmente dermatológicas decorrentes do contato com a água contaminada das enchentes estão algumas micoses superficiais como as dermatofitoses e as piodermes e, principalmente, o impetigo. Com as inundações, os micróbios são carregados pela água afetando todas as pessoas que entram em contato com esses agentes patológicos. 

“Todas as partes do corpo expostas estão sujeitas a apresentarem essas infecções, ainda mais quando há alguma lesão pré-existente que agride a barreira de proteção da pele. Não precisa ser uma lesão profunda, pode ser um simples arranhão ou uma pequena crosta. É o suficiente para a bactéria ou o fungo  contaminar a pele”, explica a dermatologista Regina Schechtman.

As lesões podem ocorrer em qualquer parte. Especialmente, nas áreas sujeitas a manter mais umidade, como as dobras do corpo, entre os dedos e nas unhas dos pés que costumam sofrer pequenos traumas devido ao uso dos sapatos. Isso acaba deixando a porta aberta para a contaminação.  

“As dermatofitoses são as infecções mais comuns nessas situações. São causadas por fungos filamentosos dermatófitos e encontram as condições ideais com aumento da umidade. Mas o impetigo, causado nesses casos pela bactéria Staphylococcus sp, também é preocupante. Pode surgir como pústulas ou bolinhas de pus e, se não for tratada, a infecção pode evoluir para uma celulite como a erisipela", explica a especialista

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