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Audiência Pública discutirá destino do prédio da Universidade Gama Filho

Moradores, ex-alunos, ex-professores e comerciantes são chamados a opinar

Por Portal Eu, Rio! em 11/04/2019 às 11:58:04

Foto: Divulgação

O mandato do deputado estadual Waldeck Carneiro, presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da ALERJ e membro da Comissão de Educação da Casa Legislativa, fará hoje (11/04), às 19h, no River Futebol Clube (Rua João Pinheiro, 426, Piedade), a Audiência Pública "Perspectivas para a reativação do Campus Gama Filho". O objetivo é discutir com a sociedade, principalmente moradores, estudantes, profissionais de ensino e comerciantes dos bairros adjacentes, a destinação do prédio que pertencia à universidade. A Lei Nº 7353/2016, de autoria de Waldeck e do ex-deputado estadual Paulo Ramos, atualmente na Câmara Federal, autoriza o Poder Executivo a declarar de utilidade pública, para fins de desapropriação, o imóvel do antigo campus da Universidade Gama Filho, em Piedade.

Ensino Superior Público

Waldeck pretende dialogar com o governador Wilson Witzel para a publicação dos decretos de desapropriação. "Após o ato, o governo terá cinco anos para efetivá-los. Ainda vamos conversar para verificar como o governo procederá com relação àquele local, para revitalizar o bairro e abrir uma nova perspectiva de ensino superior na Zona Norte do Rio. Porém, primeiramente queremos ouvir os mais interessados: a população local", afirma o deputado. Já Paulo Ramos, co-autor da proposição, crê que o acontecido com a UGF tenha sido uma lástima. "O prédio pode ser completamente recuperado com a mesma destinação. É uma grande luta de dois mandatos, um estadual - do Waldeck - e outro federal - o meu - para fazer com que a população do entorno seja contemplada e que a educação superior possa prevalecer". Piedade cresceu ao redor da Gama Filho, com a oferta de serviços voltada para o campus. O bairro carioca viu sua economia entrar em colapso com o descredenciamento da UGF. Ao longo da Rua Manoel Vitorino, onde ficava o prédio da universidade, não há mais qualquer ponto de comércio ativo. Todas as lojas estão com as portas cerradas. O destino dos terrenos que abrigavam a UGF, que completaria 80 anos em 2019, segue indefinido.

Descredenciamento

Há cinco anos, uma decisão do Ministério da Educação (MEC) descredenciava duas das principais instituições privadas de ensino superior do Rio de Janeiro: a Universidade Gama Filho (UGF) e o Centro Universitário da Cidade (UniverCidade). A medida, recomendada pelo Colegiado Superior da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres) do MEC, era justificada pelo comprometimento financeiro da mantenedora, o Grupo Galileo, à baixa qualidade acadêmica, à ausência de um plano viável para resolver o problema e à crescente precarização do ensino. A partir daquele janeiro de 2014, as instituições, que já estavam impedidas de receber novos alunos desde dezembro de 2013 e enfrentavam greve de funcionários por atrasos de salários, não podiam mais oferecer aulas aos quase 10 mil alunos ainda matriculados e tiveram que suspender as atividades. Antes do agravamento da crise, em 2012, eram 27 mil estudantes. Apesar de ter comprado a mantença da Gama Filho e da UniverCidade, o Grupo Galileo não é dono dos imóveis do campus Piedade, que pertencem à família Gama. Juridicamente, o grupo reivindica a posse dos mesmos, para quitar as dívidas trabalhistas. Ainda há processos em andamento, e o montante ainda não é conhecido.

Segurança precária

Com vigilância precária, o campus Piedade tem sido alvo frequente de invasões e saques. Na fachada, é possível observar janelas quebradas, buracos abertos nas paredes e esquadrias de alumínio removidas. O acervo acadêmico, com mais de 30 mil obras, está protegido no Real Gabinete Português de Leitura, no Centro do Rio. O fechamento da Gama Filho foi apenas o início da decadência de Piedade. Adiante, o bairro perderia também colégios, como o Nossa Senhora da Piedade, que fechou as portas, e suas duas principais indústrias: o Açúcar União e o Amendoim Agtal. No mesmo período, o Colégio ATG foi fechado por oferecer cursos sem autorização. Piedade tinha 43 mil habitantes, de acordo com o Censo de 2010. Não há dados mais atualizados, embora o esvaziamento econômico e populacional seja visível. Isto acontece em um momento em que a Área de Planejamento 3, que envolve bairros da Zona Norte, é área de ocupação incentivada, de acordo com o Plano Diretor do Município, em vigor até 2021.

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