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Imbróglio entre Vasco e 777 Partners segue bagunçando o clube

Clube Social e empresa que comanda a SAF vascaína escancaram má relação com briga judicial

Por Pedro Brandino em 20/05/2024 às 13:02:16

Pedrinho, atual presidente do Vasco. Foto: Divulgação

Com a tensão cada vez maior entre Clube Social e 777 Partners, que culminou numa liminar emitida pela 4ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro acatou o pedido do Vasco e tirou o controle da SAF das mãos da empresa norte-americana, uma dúvida paira sobre o universo vascaíno: o que será do ano de 2024 no que se diz respeito ao futebol? Desde o afastamento da 777, a diretoria do clube social, comandada por Pedrinho, está em contato direto com Lúcio Barbosa, CEO da SAF, o contato visa o traçar dos rumos do futebol, que seguirá sob gestão da SAF.

Como está a rotina no departamento de futebol?

A rotina do futebol e as recentes decisões tomadas não vem sofrendo alterações. Um bom exemplo é a negociação com o técnico Álvaro Pacheco, que rescindiu com o Vitória de Guimarães e já chegou no Rio de Janeiro para assumir o comando técnico do Vasco.

Quem esteve de frente nas conversas com o estafe do treinador é o executivo de futebol Pedro Martins, que não tem nenhuma das suas atribuições influenciadas pela decisão judicial. Ou seja, ele segue respondendo e tomando decisões em nome do futebol do clube. A diferença é que, a partir de agora, ele tem como chefe Pedrinho, presidente do Vasco associativo.

Já o caso do atual CEO da SAF vascaína, Lúcio Barbosa, é um pouco diferente. Nome de confiança dos executivos da 777, Lúcio tem tido uma relação estremecida com Pedrinho.

Desde sua campanha à presidência, Pedrinho adota um discurso de combate à forma como o futebol do Vasco estava sendo administrado. Ao assumir o clube, ele ressaltou o desejo de ter voz ativa nas decisões do futebol e sempre se queixou por não ser ouvido pela gestão de Lúcio Barbosa. Agora, na posição de sócio majoritário da SAF, o Vasco de Pedrinho tem o poder de trocar o CEO. Portanto, a situação de Lúcio é uma verdadeira incógnita.

Como ficam as negociações com a Liga Forte Futebol?

O Vasco é um dos grandes clubes do futebol brasileiros que estão fechados com a Liga Forte União (LFU), Associação Futebolística que visa a criação de uma liga. Outrora apalavrado com a LIBRA, o Vascou pulou o muro e assinou um contrato de vendas de direitos comerciais no valor de R$212 milhões com LFU. O problema agora é que o imbróglio entre clube social e SAF preocupa os cartolas da Liga Forte União. Inclusive, a associação soltou uma nota oficial condenando a ação movida por Pedrinho e dizendo que atual situação do Vasco é “preocupante” e que gera uma insegurança jurídica “capaz de obstar o desenvolvimento da indústria do futebol brasileiro”. Todavia, as chances de rompimento do contrato entre Vasco e LFU, neste momento, são remotas.

A SAF vascaína pode ser revendida?

Em meio a “guerra” nos bastidores, mais um rumor vem percorrendo os corredores da Colina Histórica. Segundo o portal de notícias UOL, um fundo árabe e outros dois grupos procuraram Pedrinho no intuito de sondar uma possível revenda das ações da SAF. O fundo árabe, inclusive, já havia conversado com o presidente vascaíno anteriormente, mas, naquela ocasião, a decisão de acionar a justiça contra a 777 Partners ainda não estava tomada.

Outro rumor bastante falado nos últimos dias é que a Crefisa pode entrar no jogo e que José Roberto Lamacchia, presidente da empresa e que declarou apoio a Pedrinho na eleição, estava disposto a investir no naming rights de São Januário e que a conversa para adquirir a SAF vascaína evoluiu recentemente. Segundo o colunista do UOL, Danilo Lavieri, Lamacchia está nos Estados Unidos para negociar a compra da SAF.

Embora todas estas negociações ainda estejam longe de um desfecho, Pedrinho rechaçou a hipótese do Vasco voltar a ser um Clube Associativo.

Entenda o imbróglio

O imbróglio entre o Clube de Regatas Vasco da Gama e empresa 777 Partners segue a todo vapor. Na noite de ontem, 15/05/24, a 4ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro acatou o pedido do Vasco e tirou o controle da SAF das mãos da empresa norte-americana. Assim, o comando do futebol do Vasco passa aos dirigentes da associação, que é presidida pelo ex-jogador Pedrinho. A decisão é de caráter liminar e é assinada pelo juiz Paulo Assed Estefan. Além da suspensão do efeito do contrato, o juiz também nomeou uma empresa independente para elaborar laudo econômico-financeiro e investigar as operações contábeis denunciadas pelo clube na ação.

Nos bastidores, a 777 Partners já se movimenta para retomar o controle da SAF e contratou o mesmo escritório que defendeu Eurico Miranda no caso da “Urna 7”. Outra movimentação dentro da empresa foi a renúncia de Josh Wander e de Steve Pasko de seus respectivos cargos. O conflito entre o Vasco associativo e a empresa norte-americana começou ainda na campanha de Pedrinho à presidência e teve sua tensão aumentada com as seguidas notificações extrajudiciais sem retorno dos americanos. O pedido do Vasco na ação, que corre em segredo de Justiça, levou em consideração as recentes notícias relacionadas à situação financeira da 777, que está sendo processada por fraude nos Estados Unidos.

Outro grande escândalo envolvendo a 777 Partners está acontecendo na Bélgica, onde a empresa é sócia majoritária das ações do tradicional Standart de Liège. Recentemente, a justiça belga bloqueou os bens da empresa por conta de atrasos no pagamento pelo estádio da equipe. Vale lembrar que, apesar da crise fora do país, a 777 está em dia com suas obrigações no Vasco.

Mas e os torcedores, o que pensam sobre o assunto?

A reportagem ouviu três vascaínos, Lucas Vinícius, Fabrício Amaral e João Paulo. Confira abaixo como cada um deles abordou o tema.

Lucas Vinícius – “Essa questão da 777 é complexa, pois na cabeça da maioria dos vascaínos o grupo viria para realmente investir e tentar montar um time competitivo, assim gerando alegria para a torcida e lucro para a empresa, como outras SAFs fizeram. Só que realmente não foi de acordo com as nossas expectativas. Espero que, neste momento, o Pedrinho (Presidente do Vasco) tenha algo em mente, algum outro investidor ou pelo menos algum valor em caixa pois, se não houver um planejamento, ficará difícil segurar os gastos do clube. Enfim, acredito que esse afastamento da 777 seja bom para eles notarem a insatisfação do torcedor, porém esse desligamento é algo muito arriscado se não houver um planejamento, podendo deixar o clube em uma situação pior do que já estava.”

João Paulo – “Eu sou a favor da empresa sair, porém, tenho um receio do associativo não conseguir gerir financeiramente o clube. Quando o Vasco virou SAF achei que os problemas seriam resolvidos, porém, a única coisa positiva foi o salário em dia. Tenho muitas críticas em relação a logística na montagem do elenco, na demora em contratação de jogadores e outras coisas mais. Espero que o que vai acontecer pela frente seja uma mudança para a melhor, com mais organização e transparência. precisam entender que aqui no Brasil o futebol é quase uma religião e que o clube merece ser respeitado.”

Fabrício Amaral – “O Vasco precisa ter o controle acionário das ações da SAF. Precisamos entender quem realmente está aportando dinheiro na Vasco SAF. Até então, parece que o clube associativo injetou mais dinheiro que a 777. Se pegarmos, em pouco tempo a 777 realizou a venda de quatro atletas da base, Andrey, Eguinaldo, Marlon Gomes e Gabriel Pec. Do mesmo modo, o Vasco assinou um contrato com a LLF (Liga Forte do Futebol), algo que poderia ter sido assinado pela própria associação. E nesse contrato a empresa decidiu por antecipar mais de 127 milhões de reais. Isso tudo prova o quão viável o Vasco é. Nenhum gigante do futebol, considerando aqui os que possuem as cinco maiores torcidas, realizou a venda do seu futebol.

O torcedor precisa entender que o Vasco precisa ser dono do seu próprio nariz, e que no caso de uma má gestão é possível a troca após três anos de mandato. Isso já não é possível como uma empresa, ou alguém cogita entrar no looping de revenda de ações? O Vasco é dos vascaínos, e o Pedrinho, apesar de não ter sido o meu voto para presidente, terá meu apoio para exercer o direito de gerir o futebol do clube.”

O que diz o Vasco?

“O Club de Regatas Vasco da Gama, em respeito aos seus sócios, torcedores e ao mercado do futebol em geral, considerando as matérias recentemente divulgadas e a fim de evitar a disseminação de informações distanciadas da realidade, presta os seguintes esclarecimentos:

O Vasco ajuizou ação cautelar no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, visando, exclusivamente, preservar o patrimônio da Vasco da Gama Sociedade Anônima de Futebol (VascoSAF). A ação foi necessária e motivada por preocupações sobre a capacidade financeira da sócia majoritária, a empresa 777, em cumprir com suas obrigações contratuais. Essas preocupações foram intensificadas por relatos na mídia internacional, que questionaram a solvência da 777, levantando o risco de penhora ou uso das ações da VascoSAF como garantia em potenciais cenários de falência ou insolvência da 777.

A medida judicial busca, assim, prevenir uma mudança indesejada no controle acionário da VascoSAF, impedindo que entidades externas ao contrato assumam controle. Permanecem, porém, com a 777 os 30% já integralizados pela mesma.

Frise-se que a decisão judicial suspendeu APENAS os efeitos do Contrato de Investimentos e do Acordo de Acionistas relativos à transferência de controle da SAF para a 777. Essa decisão somente restringiu os direitos societários da 777. NÃO HOUVE qualquer alteração em relação às suas obrigações contratuais. Todas as obrigações da 777 estão mantidas. Apenas se devolveu o controle da empresa ao Vasco, o seu sócio fundador, e afastou os conselheiros nomeados pela 777.

Importante esclarecer, por fim, que a justiça não ordenou o retorno do futebol do clube ao seu modelo associativo anterior. Ao contrário, é mantido o modelo de Sociedade Anônima de Futebol (SAF). O Vasco segue firme no propósito de garantir o funcionamento eficaz da VascoSAF, evitando as incertezas jurídicas causadas pela crise financeira da 777, que ameaça e expõe a grave risco a estabilidade da operação.”

Procurada pelo Portal Eu, Rio!, a empresa 777 Partnes não respondeu o contato até a publicação desta reportagem.

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