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Grupo de empreiteiras que negociou com Eike Batista comete crime ambiental em Mangaratiba

Empresas ameaçam quilombolas e mancham a natureza e história do Rio

Por Cláudia Freitas em 15/04/2019 às 10:08:52

Foto: Reprodução da TV Eu, Rio!

Denúncia. A comunidade quilombola que ocupa uma área certificada pela Fundação Palmares, em Mangaratiba, na Costa Verde do Rio de Janeiro, vive em regime de escravidão. Os algozes são os donos de empreiteiras que ocuparam as terras de forma irregular e arbitrária, implantando a lei do medo, através de ameaças. A população afirma que um massacre do meio ambiente e das suas tradições vem acontecendo na região, considerada uma das mais importantes para o equilíbrio do ecossistema no estado.

A área faz divisa com o Condomínio Portobello, onde o ex-governador Sérgio Cabral tinha mansão, assim como outros políticos investigados pela operação Lava Jato. A empresa que comprou as terras da União, a Ecoinvest Desenvolvimento Empresarial, instalou porteiras que prejudica o ir e vir dos moradores e seus visitantes. Entre os seguranças contratados têm ex-policiais militares. Um processo da Polícia Civil investiga a relação do caso com milícias privadas.

A TV Eu, Rio! produziu uma reportagem especial nas terras quilombolas. Acompanhamos a visita da Comissão de Direitos Sociais e Interlocução Sócio Popular da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RJ) e conseguimos registrar os estragos que as escavações e outras ações das empreiteiras vêm causando ao meio ambiente regional. A Ecoinvest Desenvolvimento, com sede na Avenida Rio Branco, no Centro do Rio, tem como sócios Pedro Paulo Meyers, Klaus Helmut Schweizer e Jessica Schweizer. No mesmo endereço funciona a Consultoria de Mineração Internacional, com o mesmo quadro societário, incluindo dois nomes: Gesine Franziska Lemke e Maria Luiza John Moller.

Os empreiteiros têm outro CNPJ em Mina Gerais, da Minerinvest Mineração, com sede no município de Belo Vale. Em 2011, a Minerinvest teve envolvida em uma negociação com a MMX Mineiração, do "Império X" de Eike Batista, investigado pela Lava Jato. O contrato de 10 anos entre as marcas mirava no Superporto Sudeste, em Itaguaí, localizado cerca de 34 km das terras quilombolas. A MMX tinha previsão de embarcar, aproximadamente, cinco milhões de toneladas de minério de ferro da Minerinvest, anualmente. Nessa época, foi anunciada a compra da Mineinvest pela multinacional Trafigura, que tem entre os ex-executivos investigados pela Lava Jato, em operações ilícitas envolvendo a Petrobras. A multinacional é responsável pelas atividades do
Superporto, atualmente.

Na reportagem, os quilombolas detalham as violações de que são vítimas e nos levam aos locais onde a natureza está sendo depredada, com a extinção de rios, nascentes e espécies raras de aves, peixes e répteis. Os especialistas que também acompanharam a excursão avaliam a gravidade do cenário que encontramos nas terras dos quilombos Santa Justina e Santa Izabel. A TV Eu, Rio! mergulhou na cultura e nas tradições da comunidade para dimensionar o risco de se perder uma parte preciosa da história do Rio, inclusive sítios arqueológicos inexplorados. Uma joia rara no "pulmão" do Rio e nas mãos ambiciosas de empreiteiras.

Veja no vídeo documentário os nomes dos envolvidos nessa denuncia da comunidade.


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