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Confirmada morte de bebê com sarampo em Manaus

Vítima não foi imunizada e apresentava sintomas como febre, manchas na pele, tosse e coriza

Por Cristina Ramos em 06/07/2018 às 15:08:27

Confirmada pela Secretaria de Saúde de Manaus a primeira morte por sarampo no Amazonas. (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Confirmada pela Secretaria de Saúde de Manaus a primeira morte por sarampo no Amazonas. O bebê de sete meses que não tinha tomado a vacina e apresentava sintomas como febre, manchas na pele, tosse e coriza, morreu no último dia 28. O menino morava no limite entre as zonas Norte e Leste, local de concentração da maior parte dos casos notificados e confirmados no estado.

Uma outra morte em Manaus ainda está sob investigação. Trata-se de uma menina de 9 meses que também não havia sido imunizada pelo sarampo. A confirmação deve demorar um pouco mais, porque não foi feita coleta de sangue para sorologia. A investigação da causa da morte será por meio de levantamento de informações junto a familiares. A criança morava na área de abrangência do Distrito de Saúde Oeste.

Emergência

Em razão do surto de sarampo, a prefeitura de Manaus decretou, na última terça-feira (3), situação de emergência. O decreto tem validade de 180 dias e possibilita a aquisição imediata de bens e serviços necessários em situações de anormalidade.

A Secretaria de Saúde antecipou a campanha de vacinação, inicialmente prevista para agosto, diante do aumento de casos. Devem receber a dose da vacina crianças com idade entre 6 meses e 5 anos.

Desde o início de março, o estado do Amazonas registra 2.231 notificações de casos, com 271 confirmados até o momento, na capital. Outros 1.841 seguem em investigação.

Manaus não registrava casos de sarampo há 18 anos.

Vacinação contra o sarampo

A faixa etária de rotina, preconizada pelo Ministério da Saúde, é de 12 meses a 49 anos. Mas devido ao caráter emergencial, a prefeitura de Manaus ampliou o público-alvo com o objetivo de combater o avanço da doença. A decisão foi tomada durante reunião da Sala de Situação, da qual também participaram representantes da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Dourado (FMT), Ministério da Saúde e Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS).

Público-alvo:

- Crianças a partir de seis meses, que possam ter tido contato com pessoas com suspeita da doença;

- Crianças de até 5 anos devem ter reforço na imunização;

- Adultos acima de 50 anos;

- Quem não teve contato com casos suspeitos da doença, será mantida a faixa etária da vacinação de rotina, disponível em toda a rede básica de saúde: primeira dose aos 12 meses, com vacina tríplice viral (Sarampo, Caxumba e Rubéola), e segunda aos 15, com vacina tetra-viral (Sarampo, Caxumba e Rubéola e Varicela);

- As crianças menores de cinco anos com atraso vacinal e pessoas com até 29 anos, não imunizadas, deverão receber a primeira e a segunda dose da vacina com um intervalo de 30 dias entre elas; e

- Pessoas na faixa de 30 - 49 anos que não têm comprovação de vacina recomenda-se dose única da Tríplice Viral.

Doença antiga vem ressurgindo.

Por que não conseguimos vacinar todo mundo?

O patamar alcançado de vacinação, considerado minimamente adequado pela Sociedade Brasileira de Imunização, é de uma cobertura de 95% na média do País.

De acordo com o infectologista Alberto Chebabo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ), em entrevista cedida à Revista Brasil, " a diminuição da procura pelas vacinas se deve a vários fatores: como diminuição das campanhas; desinformação das pessoas, vários pais que não viram essas doenças, porque elas já haviam sido erradicadas e, por isso, não dão a importância necessária ao combate; além disso, existem alguns movimentos antivacinas, que estão crescendo no mundo inteiro, e que não levam em conta, que as doenças são muito mais graves do que qualquer efeito adverso".

Epidemiologia / Dados do Ministério da Saúde

O sarampo é uma das principais causas de morbimortalidade, principalmente quando acomete crianças subnutridas, aquelas com menos de um ano de idade e as que vivem em países em desenvolvimento.

Nos locais onde as coberturas vacinais não são homogêneas, e estão abaixo de 95%, a doença tende a comportar-se de forma endêmica. A incidência, a evolução clínica e a letalidade do sarampo são influenciadas pelas condições socioeconômicas, nutricionais, imunitárias e àquelas que favorecem a aglomeração em lugares públicos e em pequenas residências.

Atualmente, nos países que conseguem manter altos níveis de cobertura vacinal, a incidência da doença é reduzida, ocorrendo em períodos cíclicos, que variam entre cinco a sete anos. No entanto, surtos explosivos podem ocorrer quando os suscetíveis vão se acumulando e chegam a um quantitativo suficiente para sustentar uma transmissão ampla, que afetam todas as faixas etárias.

Antes da vacinação em massa, a faixa etária mais vulnerável era a de cinco a 10 anos. Atualmente, a doença vem acometendo mais os adolescentes e adultos jovens, porque um percentual importante dessa população não teve contato com o vírus selvagem do sarampo. Há também os que não receberam uma segunda dose da vacina antissarampo após um ano de idade.

Índices do Ministério da Saúde atestam que até 1991, o Brasil enfrentou nove epidemias, sendo uma a cada dois anos, em média. Até o início da década de 1990, a faixa etária mais atingida era a de menores de 15 anos.

Até o final dos anos 70, o sarampo era uma das principais causas de óbito, dentre as doenças infectocontagiosas, especialmente, em menores de cinco anos, em decorrência de complicações, sobretudo, a pneumonia.

Na década de 1980, houve um declínio gradativo no número de óbitos. Essa redução foi atribuída ao aumento da cobertura vacinal e à melhoria da assistência médica ofertada às crianças com complicações pós - sarampo.

Em 2000, o Brasil implementou o Plano Nacional de Eliminação do Sarampo, cujo marco inicial foi a realização da primeira campanha nacional de vacinação contra a doença.

Em 2016, o Brasil recebeu o certificado de eliminação da circulação do vírus do sarampo pela OMS, declarando a região das Américas livre do sarampo.

Nos últimos anos, casos de sarampo têm sido reportados em várias partes do mundo. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2017, quatro países da região das Américas notificaram casos confirmados de sarampo: Argentina (3 casos), Canadá (45 casos), Estados Unidos da América (120 casos) e Venezuela (727 casos).

Desde julho de 2017, a Venezuela enfrenta um surto de sarampo, sendo a maioria dos casos provenientes do estado de Bolívar. A situação sociopolítico econômica atual enfrentada pelo país ocasiona um intenso movimento migratório, que contribuiu para a propagação do vírus para outras áreas geográficas.

A meta de 95% da cobertura vacinal de forma homogênea em todos os municípios faz parte do Programa Nacional de Imunizações.

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