O México registrou a primeira morte de uma pessoa causada pela variante H5N2 da gripe aviária. O caso foi confirmado na quarta-feira (5) pela Organização Mundial da Saúde, após exames em laboratório. Há duas semanas, o governo mexicano notificou à OMS sobre esse caso em um homem de 59 anos, hospitalizado na Cidade do México, sem histórico de exposição a aves ou outros animais. No Brasil, não há casos regisrtados em humanos, mas o Governo Federal intensificou os alertas e recomendações para prevenir o contato com animais infectados e o consumo de produtos de origem animal, como o leite, sem os devidos cuidados sanitários, como a pasteurização.
Parentes disseram que o paciente já estava debilitado por outros motivos, antes de apresentar sintomas mais fortes e morrer no final de abril. Em março, houve surtos de gripe aviária (H5N2) em algumas regiões do país.
Nenhum outro caso em humanos foi relatado. A Organização Mundial da Saúde ainda monitora cerca de 30 pessoas que tiveram contato com o paciente.
As infecções em humanos ocorrem pelo contato direto com animais contaminados. A doença não é transmitida nem pela carne, nem pelos ovos das aves.
Hoje, a OMS considera o H5N2 de "baixo risco" para a população em geral. O infectologista Marcelo Daher lembra que há outras variantes do vírus precisam de mais atenção.
"Os orgãos epidemiológicos tem que ter atenção para esses novos tipos, como é o [caso] do H5N2. mas o H1N1 que é o que circula mais entre as pessoas, continua circulando, continua causando doença, nós temos vacinas e a gente tem que ter motivo de preocupação muito mais com esse vírus."
Entre os animais, desde 20020, o número de espécies de mamíferos infectados pelas variantes do influenza aumentou quase cinco vezes no mundo.
De acordo com o Ministério da Agricultura, o Brasil não tem nenhum caso registrado em granjas comerciais. O primeiro caso da gripe aviária no país ocorreu há pouco mais de um ano em aves silvestres. De lá para cá, foram identificados 164 focos. Apenas três, em aves usadas para alimentação de subsistência, no Espírito Santo, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.
Servidores públicos do Estado de São Paulo passaram por um treinamento, na semana passada, para agir em situações de ocorrência da gripe aviária. O Ibama tem realizado uma série de ações preventivas, por exemplo, em Alagoas, após identificar a infecção em aves silvestres por outra variante, a H5N1.
Ouça no Podcast do Eu, Rio! as dicas da infectologista Luís Chebabo, do Laboratório Sergio Franco, para limitar ainda mais os riscos de transmissão da gripe aviária para seres humanos.
A Influenza Aviária (IA) é uma doença infecciosa que pode infectar aves e mamíferos, incluindo humanos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), desde o ano de 2022 observa-se surtos de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) em aves domésticas, aves e mamíferos silvestres em diversos países da região das Américas como Argentina, Bolívia, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, Estados Unidos, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Peru, Uruguai, Venezuela e, mais recentemente, no Brasil. O vírus influenza subtipo A(H5N1) é predominante nesses surtos e é a primeira vez que se nota uma persistência na ocorrência dos casos nas aves, e de forma prolongada.
Sempre que os vírus da influenza aviária circulam entre aves, existe o risco de ocorrência esporádica de casos humanos pela exposição a aves infectadas ou ambientes contaminados. Assim, o controle da doença em animais é uma medida essencial para reduzir o risco ao ser humano e ao ambiente, sendo fundamental que as vigilâncias animal e humana atuem em constante comunicação, trabalhando de forma coordenada e se fortalecendo mutuamente. Até o momento, dentro do que foi observado no mundo, o vírus da influenza aviária não infecta humanos com facilidade e, quando ocorre, geralmente a transmissão de pessoa a pessoa não é sustentada.
Globalmente, desde 2003, foram notificados à Organização Mundial da Saúde (OMS) um total de 874 infecções humanas, incluindo 458 óbitos, caracterizando alta letalidade. Na região das Américas, três casos de influenza aviária A(H5N1) em humanos foram identificados: um nos Estados Unidos (abril de 2022), um no Equador (janeiro de 2023) e um no Chile (março de 2023). No Brasil, em 15 de maio de 2023, o Departamento de Saúde Animal da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária (DSA/SDA/Mapa) notificou à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) as primeiras detecções de influenza aviária em aves silvestres.
Período de incubação
O período de incubação, no caso de IA, normalmente varia de 1 (um) a 10 (dez) dias, e para fins de saúde pública esse é o período que deve ser considerado para vigilância e manejo de casos e contatos.
Podem ocorrer desde um quadro de infecção respiratória leve até a progressão rápida para desconforto respiratório, pneumonia grave e óbito. Sintomas gastrointestinais como náusea, vômito e diarreia têm sido relatados com mais frequência na infecção por influenza A (H5N1). Os sintomas iniciais comuns são febre alta (maior ou igual a 38°C) e tosse seguida de dispneia ou desconforto respiratório. Dor de garganta ou coriza, são menos comuns.
Outros sintomas como diarreia, vômito, dor abdominal, sangramento do nariz ou gengivas, encefalite e dor no peito também foram relatados no curso clínico de alguns pacientes. As complicações da infecção incluem pneumonia grave, insuficiência respiratória, falência de múltiplos órgãos, choque séptico e infecções bacterianas e fúngicas secundárias.
As aves, quando infectadas, podem disseminar vírus através da saliva, secreções de mucosas e fezes. A infecção se dá tanto pelo contato direto (respirar o vírus contido em gotículas ou partículas transportadas pelo ar) ou pelo contato com superfícies contaminadas por ave infectada e depois tocando seus próprios olhos, boca ou nariz. As pessoas raramente contraem a influenza aviária, mas quando isso ocorre, geralmente é devido ao contato direto desprotegido (sem uso de equipamentos de proteção individual como luvas, roupas de proteção, máscaras, respiradores ou proteção dos olhos) com aves infectadas.
Todos os casos suspeitos devem ser submetidos à coleta de amostra de secreção nasofaríngea (SNF) o mais rápido possível, seguindo a mesma forma da coleta para diagnóstico dos demais vírus influenza. Deve-se efetuar, preferencialmente, o aspirado de secreção nasofaríngea (ASN), não sendo possível efetuar a coleta da secreção nasofaríngea (SNF) por meio de swab. As amostras devem ser conservadas e acondicionadas em temperatura de 4ºC, sem congelamento, e enviadas ao Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), que, por sua vez, deve encaminhá-las aos Laboratórios de Referência para Diagnóstico de Vírus Respiratórios, conforme a área de abrangência.
Seguindo fluxo estabelecido pela OMS para o Sistema Global de Vigilância e Resposta à Influenza, somente os NIC devem manipular amostras de casos suspeitos de influenza A(H5N1) (OPAS, 2023). No Brasil, os laboratórios que devem manipular amostras são: o Laboratório de Referência Nacional Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), localizado no Rio de Janeiro/RJ, e dois Laboratórios de Referência Regional, localizados no Instituto Adolfo Lutz (IAL) em São Paulo/SP, e no Instituto Evandro Chagas (IEC) em Ananindeua/PA.
Esses três laboratórios são credenciados na OMS como centros de referência para influenza (NIC – do inglês, Nacional Influenza Center), os quais fazem parte da Rede Global de Vigilância da Influenza. As recomendações sobre coleta, armazenamento e biossegurança das amostras de casos suspeitos para influenza encontram-se descritas no Guia Laboratorial da Influenza e no Guia para Diagnóstico Laboratorial em Saúde Pública.
Em casos suspeitos, prováveis ou confirmados, é indicada a prescrição do medicamento antiviral, fosfato de oseltamivir, o mais rápido possível, preferencialmente nas primeiras 48 horas após o início dos sintomas. Entretanto, alguns estudos sugerem que o fosfato de oseltamivir pode ainda ser benéfico para pacientes hospitalizados se iniciado de quatro a cinco dias após o início do quadro clínico. O tratamento oportuno com antiviral pode reduzir a duração dos sintomas e, principalmente, agravamento da doença. Ainda, estudos observacionais demonstram benefício em pacientes hospitalizados, mesmo se ultrapassadas 48h do início de sintomas, com redução na necessidade de ventilação mecânica e tempo de hospitalização.
O tratamento é recomendado por um período mínimo de cinco dias, mas pode ser prolongado até que haja melhora clínica; o tratamento deve ser recomendado independentemente da situação vacinal, mesmo em atendimento ambulatorial. O Ministério da Saúde disponibiliza o medicamento nas apresentações de 30mg, 45mg e 75mg. Maiores detalhes sobre a prescrição do medicamento fosfato de oseltamivir podem ser consultadas no Guia de Manejo e Tratamento de influenza 2023.
Considerando que a forma de transmissão primária da IA para humanos se dá pelo contato direto ou indireto com aves infectadas (doentes ou mortas) ou suas excretas e secreções, as principais medidas de prevenção ao contágio dizem respeito à restrição desse contato.
Dada a extensão e frequência observadas de casos de influenza aviária em aves silvestres, o público em geral deve evitar estritamente o contato com aves doentes ou mortas, incluindo aves silvestres, e deve relatar a existência de aves mortas entrando em contato com as autoridades locais de meio ambiente, saúde ou agricultura.
Para pessoas com exposição laboral ou recreativo a aves são recomendadas medidas de precaução e utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Além de evitarem tocar em boca, olhos e nariz após contato com animais ou superfícies contaminadas, lavar as mãos com sabão e trocar de roupas após contato com animais.
Fonte: Agência Brasil, Ministério da Agricultura, Ministério da Saúde e RadioAgência Nacional