A Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria de Ação Comunitária, proporcionou um dia de turismo no Rio para moradores da comunidade Jorge Turco, em Coelho Neto, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
Crianças com idade média de sete anos, acompanhadas pelos responsáveis, participaram de uma visita promovida pelo projeto Turistando com a Comunidade ao Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB), na Praça Tiradentes, no centro da cidade.
- O Turistando promove dignidade, inclusão, conhecimento e melhoria da autoestima, além de garantir oportunidades iguais para os menos favorecidos - disse a secretária de Ação Comunitária, Marlí Peçanha.
Inaugurado em 2016, o CRAB foi criado para ser o principal centro de excelência e referência do artesanato brasileiro. Seu conjunto arquitetônico, composto por três edifícios históricos com fachadas independentes e unificados internamente, homenageia artesãos brasileiros, promovendo a arte popular e o fortalecimento do artesanato por meio de mostras, exposições e eventos.
No local, os participantes conheceram a exposição em cartaz Artesania Ancestral nos 95 anos de Mangueira, que encantou o público com o artesanato produzido na comunidade. As peças exibidas mostram desde o rico trabalho manual das fantasias e adereços confeccionados nas décadas de 20 e 30 à montagem de grandes peças de alegorias para os atuais desfiles das escolas de samba no Sambódromo.
A mostra ainda traz um pouco da música de Cartola, gênio do samba e figura lendária da Estação Primeira de Mangueira. A exposição ocupa oito ambientes do CRAB. No primeiro, um conjunto de informações sobre o universo mangueirense: a famosa birosca do morro, com a lembrança das rodas de samba, que remetem à época do Bloco Arengueiros (que deu origem à Mangueira), e as imagens dos compositores e fundadores da escola. A partir daí, os espaços relembram a construção da história da Mangueira, que se mistura com a própria origem do carnaval de rua.
A pequena Sara Novelli, de sete anos, esteve pela primeira vez em um museu no Rio e se encantou pelos chapéus e vestidos, confeccionados com riqueza de detalhes e tecidos variados.
- Estou achando tudo muito legal. Os vestidos são lindos e bem decorados - disse.
Em meio a visita, Sara pôde se caracterizar com um manto do Cartola e também comentou sobre a profissão que pretende ter quando for adulta.
- Quero ser costureira. Acho muito bom costurar porque podemos trabalhar com as nossas mãos e não gastar dinheiro comprando roupas. Assim, eu poderei vender roupas e fazer vestidos, shorts e também roupas de samba - contou a menina.
Real Gabinete Português de Leitura
Após a visita ao CRAB, os moradores seguiram para um dos mais icônicos espaços culturais e turísticos da cidade: o tradicional Real Gabinete Português de Leitura, no Centro do Rio, considerada uma das mais bonitas bibliotecas do mundo, que reúne um acervo de 350 mil livros, entre raridades, manuscritos e periódicos digitalizados.
O prédio, único representante do estilo neomanuelino na cidade do Rio de Janeiro, impressiona por fora e mais ainda por dentro. Construído em 1837 por um grupo de imigrantes portugueses para estreitar os laços culturais com o Brasil, foi aberto ao público em 1900. Hoje, tem a maior e mais valiosa coleção de obras portuguesas fora de Portugal, com o acervo inteiramente informatizado.
Entre as obras mais raras da biblioteca estão um exemplar da primeira edição de "Os Lusíadas", de 1572, que pertenceu à Companhia de Jesus. Além dos livros, outras obras ornamentam os armários de madeira trabalhada, como uma maquete do monumento a Pedro Álvares Cabral, doada pelo autor, Mestre Rodolpho Bernardelli.
A socorrista Victória Cavalcante, de 20 anos, contou que não conhecia o Real Gabinete Português e que para ela foi um privilégio. “O Turistando com a Comunidade teve um papel fundamental em minha vida e também na vida de diversas crianças. Se não fosse o projeto, nós não teríamos a oportunidade de conhecer o Real Gabinete. Eu sou muito grata à Prefeitura por tudo que estão fazendo pelas comunidades”, afirmou a jovem.
A iniciativa tem o objetivo de garantir a moradores de favelas e comunidades a oportunidade de conhecer locais que simbolizam a história, a arte e a cultura. Lançado em dezembro de 2021, o projeto já beneficiou 5,9 mil moradores com mais de 220 visitas guiadas.